No interior de MS, puxar a 1ª Parada da Diversidade ainda é ato de coragem

O evento acontece em Aquidauana nesta sexta-feira (4) 

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O evento acontece em Aquidauana nesta sexta-feira (4) 

Para quem se assumiu gay aos 18 anos, foi expulso de casa e malfalado pelas ruas de Aquidauana durante toda a década de 1990, organizar a 1º Parada da Diversidade na cidade é ainda hoje, por mais absurdo que pareça, um teste de coragem. Com muita gente contra e pouquíssimos apoiadores, o evento vai acontecer, sim! E se reclamar, serão dois – a última afirmação é por minha conta, mas caberia perfeitamente a Ademar Pinheiro, 40 anos, organizador do evento.

Aquidauana, a cerca de 120 quilômetros de Campo Grande e com pouco mais de 45 mil habitantes, preserva com orgulho seu clima interiorano. Por lá, a proposta de uma passeata em favor da diversidade sexual não é exatamente bem-vinda. Nada que desanimasse, Ademar. “Nós sofremos algumas resistências, sim. Muitos representantes do poder público não querem o nome vinculado ao nosso ato. Mas tudo bem, para a gente não tem problema não. Vai acontecer do mesmo jeito”, explica Ademar.

Para quem sofreu muita discriminação e preconceito durante a vida toda, é até inocência esperar colaboração, nos conta. Mesmo assim, a expectativa é reunir pelo menos 150 pessoas. Haverá carro de som e instruções úteis para os participantes. Muitos ativistas de outras cidades do Estado já confirmaram presença e devem reforçar a Parada em Aquidauana.

“Não consigo descrever a emoção que sinto por esse momento. Não imaginei que isso fosse acontecer aqui em Aquidauana um dia. Estou muito feliz”, conta o coordenador do projeto “Sem Preconceito” que atua no auxílio a pessoas em situação de exclusão e vulnerabilidade social e econômica.

De acordo com a assessoria da prefeitura da cidade, pelo menos dois vereadores se negaram a ter o nome envolvido no apoio ao evento. Segundo Ademar, alguns líderes religiosos também não aprovaram a ideia e um deles teria, inclusive, ameaçado atirar pedras contra os participantes. Nada diferente do que Ademar já esperava. “Na verdade, achava que seria bem pior, mas recebi muito apoio, também. Sou muito grato por isso”.

O evento será nesta sexta-feira, a partir das 14 horas. Às 16 horas acontece a passeata pela cidade e o evento se encerra na Praça dos Estudantes, no Centro de Aquidauana.   

Conteúdos relacionados