Uruguaios exibem orgulhosos sua maconha ‘liberada’

Ativistas, consumidores e amigos da causa pela legalização da maconha no Uruguai exibiram neste sábado com orgulho sua primeira maconha ‘liberada’ em um mundo de ‘proibição’, apenas um dia depois que o Governo apresentou a regulação da lei que legalizou sua produção e venda no país. Centenas de pessoas se reuniram em um parque da […]

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Ativistas, consumidores e amigos da causa pela legalização da maconha no Uruguai exibiram neste sábado com orgulho sua primeira maconha ‘liberada’ em um mundo de ‘proibição’, apenas um dia depois que o Governo apresentou a regulação da lei que legalizou sua produção e venda no país.

Centenas de pessoas se reuniram em um parque da capital uruguaia para festejar com música, tortas fritas – a comida predileta dos uruguaios em eventos públicos – e muita maconha esta regulação, assim como o ‘exemplo’ de que seu país pode dar ao mundo quanto a liberdades públicas.

‘Parece-me que humildemente o Uruguai pode ser um exemplo a seguir para o resto do mundo, e mostrar que se pode ter certa liberdade e que a sociedade pode conduzir as coisas bem. E que não tem que haver proibições sobre algo que não é tão nocivo nem prejudicial como querem fazer parecer’, disse à Agência Efe o músico Enzo Broglia, cuja banda Reytoro foi uma das que animou o encontro.

A mobilização aconteceu no marco da ‘Global Marijuana March’, um evento simultâneo em 300 cidades de todo o mundo para pedir a legalização desta droga e que, no Uruguai, se transformou na primeira Marcha Mundial da Maconha Regularizada.

Broglia disse que, como ativista, a regularização do mercado da maconha em seu país ‘é um triunfo’ não só para o Uruguai mas ‘para todo o mundo’, que mostra, além disso, que a ‘sociedade vai mudando’ e aprendendo a ‘desfrutar da liberdade’.

Do mesmo modo se expressou Federico Marín, porta-voz do Movimento pela Liberalização da Cannabis, entidade organizadora do encontro, que ressalt

ou a ‘vitória’ do Uruguai na ‘guerra ao narcotráfico’.
‘Ainda resta muito a fazer, mas aqui hoje a maconha é legal e nos cabe agora fazer com que funcione. Esta gente está vindo aqui com a primeira maconha que cultivaram legalmente. E isso diretamente repercute no narcotráfico. Cada flor que cresce em uma varanda, são dólares menos que repercutem no narcotráfico’, declarou Marín.

Neste sentido, o ativista se referiu à direção assinalada na regulamentação da lei que legalizou a compra e venda da maconha, a qual estabelece um preço de entre 20 e 22 pesos por grama (pouco menos de um dólar) para a venda legal da droga em farmácias.

‘Primeiro, agora podemos produzir pessoalmente nossa própria maconha sem financiar o crime organizado. E segundo, o dinheiro que será pago nas farmácias, que é o mesmo que se paga pela maconha ilegal, irá para o Estado para oferecer serviços e informação aos viciados em qualquer substância’, acrescentou Marín.

A legislação uruguaia, aprovada no mês passado de dezembro pelo parlamento e cuja regulamentação, que entrará em vigor na próxima terça-feira, foi divulgada na sexta-feira pelo Governo, estabelece três formas legais para ter acesso à maconha: a produção doméstica de até seis plantas por casa, se tornar sócio de um clube de cultivo ou comprá-la em farmácias autorizadas.

Para usar essas opções, os usuários deverão escolher uma delas e se inscrever no cartório correspondente.

Tudo será controlado pelo Instituto de Regulação e Controle da Cannabis.

Enquanto os participantes do evento desfrutavam de sua maconha, as autoridades instalaram uma tenda do programa ‘Com o máximo cuidado’, uma iniciativa da Junta Nacional de Drogas (JND), uma ONG e a secretaria da juventude da Intendência Municipal de Montevidéu para alertar sobre os perigos do uso de drogas.

Victoria González, socióloga da JND, explicou à Efe que o tempo todo do desenvolvimento desta inovadora legislação as autoridades uruguaias estão insistindo em que todas as drogas são perigosas e que o objetivo é informar sobre o consumo responsável.

‘O Uruguai está na luta contra a incoerência de quem que no uso de seus direitos decidia consumir, mas por isso deviam se vincular a um mercado sem garantias de saúde pública. E também, de forma paralela, mostrar que o consumo de drogas tem riscos. Todo consumo. Por isso estamos aqui’, concluiu.

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