Pais de vítimas do câncer pedem Centro de Transplante de Medula
“Eu sinto muita saudade do meu filho, todos os dias. Eu sei que se ele tivesse feito o transplante estaria vivo”. A frase é de Gláucia Figueiredo, que perdeu o filho há menos de um ano, vítima de um câncer. A declaração foi feita, com lágrimas nos olhos, durante a audiência pública, na Assembleia Legislativa, […]
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“Eu sinto muita saudade do meu filho, todos os dias. Eu sei que se ele tivesse feito o transplante estaria vivo”. A frase é de Gláucia Figueiredo, que perdeu o filho há menos de um ano, vítima de um câncer. A declaração foi feita, com lágrimas nos olhos, durante a audiência pública, na Assembleia Legislativa, para implantação do CTMO (Centro de Transplante de Medula Óssea) e Laboratório de Células Tronco-Hematopoiéticas no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.
Foram cinco anos de luta. O filho Dione Lucas Figueiredo foi diagnosticado com leucemia aos 12 anos e faleceu aos 17, no dia 28 de maio de 2013. “Hoje foi o Timóteo. Há um ano foi o meu filho. Amanhã pode ser o seu”, disse. Gláucia falou sobre a dor e o sentimento de frustração e revolta de perder um filho e pediu sensibilidade para os governantes. “Não podem parar aqui, nas estatísticas, por falta de recursos”, acrescentou.
O pastor Diego Recena perdeu dois filhos que precisavam de transplante de medula. O caso mais recente foi o do bebê Timóteo, que comoveu Mato Grosso do Sul. Para Recena, pouca coisa mudou no sistema de saúde desde a morte do primeiro filho, há cinco anos. “A maior dor que um homem pode sentir é a perda de um filho”, disse.
Autor do projeto de lei que autoriza implantar o serviço de transplante de medula (PL 082/2014) em Mato Grosso do Sul, o deputado Lauro Davi (Pros) explicou que a audiência pública reforça a importância da criação do CTMO. “Vidas podem ser salvas”, argumentou.
Médico chefe do Centro de Tratamento Onco Hematológico Infantil do Hospital Regional, Marcelo dos Santos Souza explicou que a chance de encontrar um doador compatível no Brasil é de 1 para 100 mil.
Final feliz – Também diagnosticado com leucemia, o promotor Judson Pedro Pereira Neves, de 23 anos, teve a oportunidade de receber um transplante em São Paulo. “O mais complicado é ficar longe da família. Até hoje tenho que ir uma vez por ano para lá fazer o acompanhamento. A minha sorte é que tenho parente em São Paulo”, conta.
Mato Grosso do Sul não possui nenhum Centro de Transplante de Medula Óssea, obrigando os pacientes com câncer a viajar para outros estados. Com a instalação do CTMO, os pacientes terão a oportunidade de ter todo o tratamento e o transplante no mesmo local.
Já o secretário de Estado de Saúde, Antonio Lastória, ponderou que o projeto do Centro de Transplante é de altíssima complexidade e que a saúde enfrenta diversas dificuldades, inclusive na atenção básica.
Entenda – O transplante é a substituição de células doentes de medula óssea por células saudáveis. Para se tornar doador é preciso ter entre 18 e 55 anos, estar em bom estado geral de saúde e não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue.
O primeiro passo é fazer um cadastro onde são informados os dados pessoais e serão colhidos 5 ml do sangue. O sangue será examinado por meio de testes de laboratório para identificar as características genéticas.
Resultado do exame será incluído no Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) e as informações genéticas vão ser cruzadas com os dados dos pacientes.
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