O MPE/MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), após instaurar procedimento que vai investigar como são aplicadas as verbas públicas destinadas à quimioterapia, aguarda resposta da Santa Casa.

A promotora da 49° Promotoria de Justiça, Paula Volpe, responsável pela apuração, recebeu denúncia de um médico, na última sexta-feira (18), a respeito da aplicação de verbas públicas por parte da Santa Casa e Hospital Regional. “Ele entende que como os hospitais recebem verba pública eles mesmos deveriam realizar o serviço”, ressalta.

Segundo a promotora, o procedimento foi instaurado nesta segunda-feira (21) e deve investigar como o dinheiro público que gere o setor de oncologia é aplicado na Santa Casa, além de saber o motivo da terceirização. “Deve justificar o porquê terceiriza, se não tem condição de oferecer na própria instituição”.

Volpe ressaltou, ainda, que apesar de se tratar de uma associação, a Santa Casa é mantida pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “As regras do SUS são aplicadas no hospital”. À instituição, foram solicitados documentos e contratos com o Centro de Oncologia e Hematologia, terceirizada que presta serviço de oncologia na Santa Casa.

A empresa tem entre os sócios o ex-presidente do Hospital do Câncer, Adalberto Siufi, denunciado na Operação Sangue Frio, que apura a máfia do câncer, na Capital, Eva Siufi e José Maria.

Ainda segundo a promotora, a denúncia feita pelo médico abrange o Hospital Regional, mas como não faz parte de sua promotoria, foi encaminhada para a de Patrimônio Público, assim como as três mortes, após sessões de quimioterapia – duas outras são investigadas – foram levadas para pasta de saúde do Ministério Público.

O Midiamax entrou em contato com a assessoria de comunicação da Santa Casa, que informou que até o momento não recebeu o ofício do MPE. Depois do recebimento, a instituição tem 10 dias para entregar as informações e documentos solicitados pela Promotoria.

Investigação

A Santa Casa criou uma comissão na última sexta-feira (18) para investigar as mortes das pacientes Maria Glória Guimarães, 61 anos, Carmem Insfran Bernard, 42 anos, e Norotilde Araújo Greco, de 72, que foram submetidas a sessões de quimioterapia à base de Leucovorin – ácido folínico – e ácido solínico entre 24 e 28 de junho.

Após alguns dias, as três, em dias alternados, voltaram ao hospital com reações anormais ou exageradas aos medicamentos, segundo informou a direção da Santa Casa. Os quadros pioraram até a morte das três. Uma quarta paciente também teve os mesmos sintomas, mas passa bem.

Anvisa

Desde segunda-feira (21), técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) se reúnem com a direção do hospital. Eles fizeram oitivas com, pelo menos, três funcionários da empresa terceirizada.

Os membros da comissão e Anvisa voltam a se reunir nesta terça-feira (22). Até o fechamento desta matéria não havia atualização e os técnicos continuam fechados em reunião.

*Matéria editada às 10h40 para acréscimo de informação.