IBGE descarta recuperação no varejo e sinaliza Natal menos intenso

O varejo conseguiu reverter uma tendência negativa de dois meses consecutivos de perdas e alcançou, em agosto, a primeira alta das vendas de forma consistente no ano, acima de um 1%, informou nesta quarta-feira (15) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nem o mais otimista dos analistas esperava um desempenho tão forte. Após […]

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O varejo conseguiu reverter uma tendência negativa de dois meses consecutivos de perdas e alcançou, em agosto, a primeira alta das vendas de forma consistente no ano, acima de um 1%, informou nesta quarta-feira (15) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nem o mais otimista dos analistas esperava um desempenho tão forte. Após caírem 1% em julho, as vendas avançaram 1,1%, no mês seguinte. As previsões, porém, eram de uma elevação de 0,8%. O Itaú, por exemplo, apostava em desempenho ainda menor, de 0,6%.

Melhor do que o número em si é o comportamento disseminado de melhora do setor. Em agosto, oito de 10 atividades pesquisadas pelo IBGE avançaram. Fatores sazonais e uma perda forte em junho e julho ajudaram a explicar a retomada do mês, disse a gerente de análise da Pesquisa Mensal do Comércio, Juliana Paiva. “Depois de dois meses de queda, você teve em agosto a volta de algumas altas”. Ela cita, como exemplo, o período de retorno das aulas, após as férias de julho, que ajudou a incrementar as vendas de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, que subiram 7,5%.

Mas, o que, à primeira vista, poderia sinalizar a tão esperada recuperação do varejo, tornou-se apenas um respiro, após uma tendência de perdas que ganhava força ao longo do ano. Entre fevereiro e julho as vendas só avançaram um único mês, em maio. Mesmo assim, num patamar de apenas 0,2%.

Não por outro motivo, Juliana descartou qualquer possibilidade de que retomada, mesmo após os números positivos de agosto. “É difícil dizer que está tendo recuperação”, afirmou, acrescentando que outros números sugerem uma leitura diferente para o comportamento das vendas. “Se você olhar o indicador contra o mesmo mês de 2013, a gente continua com queda (de 1,1%). Quando a gente olha a média móvel, que é ideal para fazer comparações, ela continua em queda (de 0,2%)”.

Dois setores que receberam a ajuda do governo exemplificam bem a dificuldade de reação do varejo. Mesmo com o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) postergado até dezembro, as vendas de veículos não param de cair. Já são seis meses de queda, na comparação com os resultados registrados em igual período de 2013. No ano, as perdas do setor chegam a 9,8% e, em 12 meses, a 5,5%.

O mesmo ocorre com a venda de móveis e eletrodomésticos, que encolhe há dois meses consecutivos, no comparativo interanual. Em agosto, a queda nessa mesma comparação chegou a 7,5%. No ano, porém, os resultados ainda são positivos em 1,5% e, em 12 meses, em 2,6%. “Até por isso, não há que se falar em retomada”, decretou Mariana Hauer, economista do Banco ABC Brasil. “Não há dúvidas de que 2014 tem sido um ano ruim para os empresários.” O pior, diz Marina, é que não há qualquer sinal de que essa tendência deve mudar até dezembro. “A maioria dos empresários já sabe que as vendas neste ano estão mais fraca. Então a tendência é ele contratar menos, não fazer tanto estoque e tentar vender o tipo de produto que vende na loja, por itens mais baratos”, disse.

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