Empresário deu golpe de R$ 4 milhões em Bonito e enganou até as três ex-mulheres

Maior estelionatário de Bonito foi preso na marina Maremares, localizada em Puerto la Cruz, na Venezuela, em ação realizada pela Interpol, em parceria com Polícia Civil de Bonito.

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Maior estelionatário de Bonito foi preso na marina Maremares, localizada em Puerto la Cruz, na Venezuela, em ação realizada pela Interpol, em parceria com Polícia Civil de Bonito.

Durante quase sete anos como dono da agência de viagem Agência Ar de Bonito, distante 265 quilômetros de Campo Grande, Alexandre Alex Rodrigues Furtado, de 44 anos, aplicou golpes em 47 vítimas, incluindo as três ex-mulheres. O resultado foi um prejuízo de R$ 4 milhões a turistas, funcionários, bancos, prefeitura, prestadores de serviço e atrativos turísticos do município.

O maior estelionatário da cidade foi preso no dia 4 de setembro, uma quinta-feira, na Marina Maremares, localizada em Puerto la Cruz, na Venezuela, em ação realizada pela Interpol em parceria da Polícia Civil de Bonito.

Alex responderá por estelionato, apropriação indébita, apropriação indébita previdenciária e lavagem de dinheiro.

Golpes

O caso passou a ser investigado após o fechamento da empresa, no dia 9 de janeiro de 2014, quando vários turistas começaram a registrar boletim de ocorrência de passeios turísticos pagos que nunca aconteceram. A partir daí, a agência virou alvo da polícia.

De acordo com o delegado Roberto Gurgel de Oliveira Filho, o primeiro golpe aplicado por Alex foi registrado em 2007, dois anos após a chegada dele em Bonito. Nos primeiros anos a agência era unida a um hotel da cidade e até então, nenhum caso de golpe foi registrado nesta data.

Já como único dono da agência, o desfalque a pagamentos de empréstimos nos três bancos da cidade, o repasse de verbas a atrações turísticas, particulares e da prefeitura, a prestadoras de serviço e imóveis arrendados se multiplicava.

Em muitas situações os 70% do valor pago por turistas em um passeio, que deveriam ser repassados, eram embolsados por Alex. Em outro caso, após pegar empréstimo em um banco deu um de seus veículos como garantia e o vendeu logo em seguida.

Ainda conforme o delegado, a Agência Ar era, na verdade, um aglomerado de empresas e possuía sete CNPJs (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), todos em nome das ex-mulheres de Alex.

“As esposas entravam como fiadoras da empresa e muitas vezes não sabiam nem o que estava acontecendo. Elas eram funcionárias e apenas seguiam ordem, não tinham nenhum poder de comando na agência”, lembra o delegado “Uma delas o pai morreu e tudo que ela herdou foi para o Alex, cerca de 40 mil e duas propriedades que somam aproximadamente 150 mil”.

Fuga

Em junho de 2013, com a desculpa de ir embora para escrever um livro, o empresário se mudou para Parati (RJ), onde comprou um veleiro, de R$ 200 mil, e passou a fazer passeios turísticos de barco pela região. O livro “Velejando na Gestão” chegou a ser publicado em 2013 e revelou a maior mentira contada pelo empresário: a visita de Brad Pitt a Bonito.

Com a prisão preventiva encaminhada, a polícia de Bonito passou a investigar e monitorar a vida de Alex em Parati, quando no início de junho receberam a informação de que o estelionatário não estava mais no local. Do Rio de Janeiro, o criminoso foi para Viamão (RS), onde mora a família.

Com tudo certo para a prisão, Alex embarcou para Caracas, capital da Venezuela, na primeira quinzena de agosto. O delegado disse que, ao descobrir sobre a fuga, entrou em contado com a Polícia Federal, que orientou a acionar a Interpol. “Precisamos fazer uma difusão vermelha, que coloca o nome do Alex na lista de procurados da Interpol”, relata.

Já em Puerto La Cruz, e com dois mandados de prisão em aberto, o estelionatário comprou outro veleiro, no valor de R$ 400 mil. O barco ficava ancorado na Marina Maremares e era ali que Alex morava. Após conseguir fotos do local, o delegado Gurgel acionou a Interpol, que fez a prisão no fim da tarde do dia 4.

O delegado afirma que toda a documentação necessária para a extradição do empresário já está sendo providenciada. ”Nós temos um receio muito grande de quando ele for extraditado conseguir ficar em liberdade, se isso acontecer nunca mais ele volta ao Brasil”, conclui.

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