Bois e cavalos pastam em presídio inacabado no Maranhão

Projetado para amenizar a falta de vagas no sistema carcerário maranhense, o novo presídio de Imperatriz, no interior do Estado, tem servido a outros fins: atraídos pelo mato que cresce em meio às obras, abandonadas desde setembro, bois e cavalos pastam nas instalações e defecam nos corredores da prisão. A BBC Brasil flagrou um cavalo […]

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Projetado para amenizar a falta de vagas no sistema carcerário maranhense, o novo presídio de Imperatriz, no interior do Estado, tem servido a outros fins: atraídos pelo mato que cresce em meio às obras, abandonadas desde setembro, bois e cavalos pastam nas instalações e defecam nos corredores da prisão.

A BBC Brasil flagrou um cavalo dentro do edifício na última sexta. Assustado, o equino fugiu pela entrada principal da prisão, guardada por galhos e uma frágil cerca de arame.

Um vigia que mora ao lado da obra diz que bois de sítios vizinhos também costumam transitar pelo presídio. Pilhas de esterco atestam as visitas frequentes do rebanho.

Segundo o governo maranhense, mais de 70% dos trabalhos no presídio já foram concluídos. Iniciada em 2009, a obra deveria ter sido entregue em 2011. No entanto, falhas no projeto provocaram alterações no prazo, prorrogado para o fim de 2013. O governo culpa a construtora JMP pela paralisação. A empresa, que entrou em falência, não foi localizada pela BBC Brasil. O telefone da companhia, com sede na cidade maranhense de Caxias, está desativado.

O governo diz que contratará uma nova empresa para terminar a obra e que a construção se encerrará no primeiro semestre de 2014. Afirma ainda que aguarda a liberação de cerca de R$ 2 milhões pela Caixa para financiar a conclusão dos trabalhos.

OBRA FUNDAMENTAL

Com capacidade para 210 presos, a nova prisão de Imperatriz, segunda maior cidade maranhense, é considerada fundamental para desafogar o sistema carcerário da região.

Hoje, o único presídio da cidade abriga 345 presos em espaço planejado para 280.

Na sexta, a BBC Brasil visitou uma parte já reformada da prisão, ocupada por detentos condenados por crimes sexuais ou ameaçados de morte.

Isolados dos demais presos para não sofrerem agressões, eles dividem celas arejadas em grupos de dois ou três. Nas outras partes do presídio, porém, as celas estão superlotadas e têm instalações precárias.

O diretor do presídio, Francisco Firmino de Brito Silva, espera que a nova prisão de Imperatriz fique pronta para transferir parte dos detentos e, com isso, reformar o resto do edifício.

O governo maranhense está sob pressão para concluir a obra. Há uma semana, um juiz deu prazo de 60 dias para que a gestão amplie o número de vagas em seus presídios.

O governo diz que “tem cumprido com os prazos determinados por lei para a licitação de obras de construção e ampliação de unidades prisionais no Estado”. Em nota, a gestão afirma que, além de Imperatriz, outros oito municípios do interior ganharão novos presídios, e quatro terão suas unidades reformadas.

Segundo o governo, recentemente foram entregues cinco Unidades Prisionais de Ressocialização (UPR) no interior maranhense.

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