Adolescente apanha em escola de Campo Grande por dizer não para namoro com colega

Na noite de terça-feira (27), uma mulher foi até a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Bairro Piratininga, relatar agressão que seu filho teria sofrido em um colégio no Bairro Universitário. A vítima, um adolescente de 17 anos, disse que foi agredido por outros sete adolescentes, que estudam na mesma escola. O jovem ainda […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

A vítima, um adolescente de 17 anos, disse que foi agredido por outros sete adolescentes, que estudam na mesma escola. O jovem ainda afirmou conhecer apenas um dos agressores.

Segundo o adolescente, ele apanhou porque se recusou a namorar uma aluna do colégio. Ele teve lesões nas costas, braços, cabeça e tórax.

Outros casos

Este foi o sexto caso registrado de agressões nas mediações de escolas em Campo Grande, desde fevereiro deste ano.

Em fevereiro, duas adolescentes de 14 anos se envolveram em uma briga no final da aula na Escola Estadual José Barbosa Rodrigues, no bairro Universitário. As imagens foram gravadas e se espalharam pela internet.

Em março, dois casos foram registrados. No dia 18, alunos da Escola Estadual Joaquim Murtinho ficaram de tocaia no horário da saída dos estudantes da Escola Estadual Rui Barbosa para bater em um aluno. Uma “pancadaria” ocorreu e foi filmada e compartilhada na internet. A vítima teria apanhado porque estava dando em cima da namorada do agressor.

Dez dias depois, uma adolescente de 16 anos foi agredida quando saía da escola Caic (Centro de Atendimento Integral à Criança) Rafaela Abrão, no bairro Aero Rancho. A vítima contou que a motivação principal seria ciúmes da jovem, que era nova na instituição.

Já em abril, duas meninas se agrediram na frente da Escola Estadual Arlindo de Andrade Gomes. A briga foi filmada e é possível ver que uma das jovens arrasta a outra pelos cabelos. Vários alunos observavam, mas briga só terminou quando dois homens separaram as garotas. A briga teria sido motivada por causa de um garoto.

No mês de maio, um caso diferente de agressão aconteceu em um colégio particular de Campo Grande. Um homem, de 36 anos, pai de um dos alunos, agrediu um colega de seu filho, de apenas 11 anos. A criança teve o braço deslocado. O motivo da briga teria sido um desentendimento entre os dois alunos.

Meios Coercitivos

Toda ação realizada dentro da escola ou no entorno dela é de responsabilidade da instituição, que deve zelar pela integridade física do aluno. Para que isso ocorra, alguns estabelecimentos de ensino buscam ajuda da Polícia Civil. Um dos meios coercitivos são palestras nas escolas, entre alunos, pais, delegados e MPE (Ministério Público Estadual).

Em Campo Grande, por exemplo, diversas escolas buscam ajuda na Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) para realizar este trabalho social. De acordo com o delegado da unidade, Paulo Sérgio Laureto, palestras são realizadas constantemente.

“Somos convidados a conversar com os alunos e os pais sobre este tema. Tentar estimular uma conversa dentro de casa, uma confiança recíproca, além de uma parceria junto à escola. Para que todos se sintam seguros”, revela Laureto.

O delegado conta que este tipo de atitude é vista como preventiva. “Durante estas palestras vamos ter a liberdade de explicar quais as consequências para quem agride, como evitar este tipo de comportamento, qual é o papel da escola, dos demais alunos e dos pais”, explica.

Procedimentos

Laureto frisa que quando há ameaças dentro da instituição e a escola tem conhecimento disso, deve entrar em contato com pais e até com o MPE. “Cada caso é um caso, às vezes, uma conversa apenas entre os alunos e os pais já resolve, outras vezes a presença do Ministério Público se torna indispensável”, analisa.

Entretanto, se o conflito se torna uma lesão corporal, é necessário que a própria escola chame a polícia. “Seja a Depca ou a Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), estamos voltados para isso, basta que nos procure. A escola não pode ser omissa”, conclui.

No caso do interior do Estado, onde não há delegacias voltadas para o atendimento de crianças e adolescentes, o delegado explica que “qualquer delegacia da Polícia Civil está apta a fazer o mesmo atendimento de uma especializada de Campo Grande”.

O delegado ressalta que a partir dos 12 anos o agressor tem plena consciência de seus atos. “Ele será responsabilizado criminalmente, mas com medidas socioeducativas, e os responsáveis têm o dever de acompanhá-lo, conforme regulamenta o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)”.

(Matéria alterada às 9h50 para acréscimo de informações)

Conteúdos relacionados