VÍDEO: universitária pega sete linhas por dia e passa quase 4 horas no ônibus na Capital
Campo Grande não tem o pior transporte coletivo entre as capitais do país. Mesmo assim, os problemas são muitos e a população considera o valor alto com relação à qualidade dos serviços. A reportagem acompanhou uma passageira que enfrenta a mesma rotina de muitos jovens campo-grandenses para mostrar pontos positivos e negativos na vida de […]
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Campo Grande não tem o pior transporte coletivo entre as capitais do país. Mesmo assim, os problemas são muitos e a população considera o valor alto com relação à qualidade dos serviços. A reportagem acompanhou uma passageira que enfrenta a mesma rotina de muitos jovens campo-grandenses para mostrar pontos positivos e negativos na vida de quem depende dos ônibus.
Juliana Aguiar tem 21 anos, trabalha em uma loja de imóveis na rua Bandeirantes e faz faculdade na Uniderp. Ela passa o dia todo fora e pega sete ônibus para chegar ao trabalho, ir para a faculdade e voltar para casa. De manhã, ela usa o carro e escapa dos coletivos para ir ao trabalho e com isso pode se dar ao luxo de almoçar volta para almoçar com a família.
A odisséia no transporte público começa às 12h10, quando Juliana pega o primeiro ônibus para retornar ao trabalho. Na semana passada, a reportagem acompanhou a rotina da estudante. Apesar de ainda ter uma rotina favorecida com relação à maioria da população, e usar os ônibus em horários que fogem do rush, a estudante indica o perfil do usuário que, apesar de não estar totalmente descontente, sabe que tudo poderia ser bem melhor e mais barato.
Sol e chuva no ponto
Logo no primeiro ponto, na Júlio de Castilho em frente ao Supermercado Legal, um problema. O ponto não tem nenhuma sinalização, quem não mora por perto só descobre que é um ponto se um ônibus parar ali. Além disso, não há cobertura, portanto se chover, azar de quem está lá.
Ao entrar no 071, às 12h11, Juliana contou que no início do ano um ônibus quebrou no caminho para o terminal Bandeirantes. “Ele quebrou na altura da Alberto Sabin e eu preferi continuar meu percurso a pé, pois já estava relativamente perto do meu trabalho, então não sei quanto tempo demorou para chegar outro”.
“Para o tipo de serviço que temos, o preço é caro sim. Os ônibus estão sempre lotados, atrasa. Já que a tarifa é tão cara, porque não um ar condicionado? O mínimo que a gente precisa é conforto”, ressalta Juliana, ao ser perguntada sobre o preço da passagem.
O segundo
O ônibus chega ao terminal Bandeirantes às 12h37 e Juliana vai pegar outro ônibus (080) para chegar ao trabalho. A estudante avaliou os terminais como mal conservados. “Está sempre com lixo, banheiros sem condições nenhuma de uso e a iluminação é fraca”, lista.
Segundo Juliana, segunda-feira é o pior dia, por estar sempre cheio e acontecer muitos atrasos. Certa vez, por excesso de velocidade de um motorista e freada brusca, ela quase caiu. “Uma mulher bateu o braço no corrimão e se machucou”, conta.
Juliana também criticou a imprudência dos motoristas de carros e motos que usam a faixa preferencial para os ônibus. “Às vezes o ônibus tem que frear ou diminuir muito rápido e vai todo mundo assim para frente porque alguém entrou sem sinalizar só para fugir do congestionamento”.
O 080 chega às 12h42 e Juliana nem senta, pois vai descer rápido. Temos que aguardar a troca de motoristas e o ônibus saí às 12h44. “Já veio atrasado e saiu daqui 12h50. São cinco minutos, mas atrapalha quem tem horário para chegar ao trabalho”, relata a estudante. Juliana desce do ônibus 12h48, anda até a esquina e chega ao trabalho às 12h50.
O terceiro
Depois de trabalhar até às 17h30, Juliana volta ao mesmo ponto em que desceu para trabalhar e pega o 080 às 17h38 para ir até o terminal General Osório e de lá pegar o 070 para ir até a faculdade.
Sobre a limpeza nos ônibus, a estudante diz que a maioria não tem lixeira e acredita que não há manutenção diária. O estado dos veículos também deixa a desejar. “Principalmente nos ônibus articulados tem muita coisa quebrada, teve um que a parte da articulação estava rasgada e choveu dentro do ônibus”.
O quarto
O ônibus chega ao terminal General Osório às 18h09, Juliana corre para pegar o 070 que acabou de chegar e está mais vazio e consegue. Em seguida, a estudante contou que antigamente havia, nos terminais, um delimitador de fila para organizar a entrada das pessoas. “Hoje é aquela bagunça, aquele empurra-empurra e há muita falta de educação”.
Apesar de estar dentro do horário, ela explica que qualquer minuto ganho é precioso. “Quanto mais cedo eu chegar, mais tempo para lanchar antes de ir para a aula. Tem dia que chego em cima da hora e só vou lanchar no intervalo”.
Juliana cobrou linhas da Uniderp para os terminais. “Com certeza desafogaria muito. Um ônibus para atender a faculdade inteira é muito pouco”, reclama. A estudante desce na Uniderp às 18h23 e vai para a aula. A maioria das pessoas que estava no ônibus desce no ponto da faculdade, confirmando o que ela tinha dito anteriormente.
O quinto e o sexto
O 070 chega às 21h27 e muita gente que também acabou de sair da aula entra no ônibus. Juliana desce no Shopping Campo Grande para pegar o 086, que vai levá-la até o terminal Júlio de Castilho. O 086 chega às 21h50 e meia hora depois, às 22h21, o ônibus chega a seu destino. De acordo com Juliana, a falta de semáforo na saída do terminal Júlio de Castilho complica bastante. “Os motoristas têm que esperar o fluxo e atrasa a viagem”.
O derradeiro
Falta apenas um. A casa de Juliana fica a seis, sete quadras do terminal, mas, por segurança, ela prefere esperar o 421, que chega às 22h28. Mas a estudante tem que esperar os dez minutos de descanso do motorista e o ônibus só sai às 22h40, finalmente Juliana vai para casa. Quase onze horas depois de pegar o primeiro ônibus, Juliana desce do sétimo e último ônibus do dia às 22h47.
Avaliação
“Agora acabou e amanha tem tudo de novo. Tem pessoas que passam por situações bem piores, pegam ônibus bem mais lotados, percursos mais longos. Tomara que alguém pense em formas de melhorar realmente a qualidade do serviço. Ninguém se importa em pagar até três reais desde que seja um transporte digno, decente, arejado, que não seja super lotado. A gente não usa de graça, a gente paga para usar, é prestação de serviço”, conclui Juliana.
Foram solicitadas à Assetur e ao Consórcio Guaicurus variadas informações gerais sobre o transporte coletivo em Campo Grande, como o número de carros disponíveis, quanto da frota fica efetivamente nas ruas, qual o tempo médio de espera, e dados da planilha de custos. Até o fechamento da matéria, não houve retorno.
Confira a odisséia da universitária. Apesar de editado, o trajeto total é tão demorado que, apenas os momentos de embarques e algumas conversas com Juliana renderam onze minutos de vídeo:
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