Quem nunca? Infração de Dilma reacende debate das cadeirinhas
Mães da Capital se dividem entre ceder à manha dos filhos e a segurança
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Mães da Capital se dividem entre ceder à manha dos filhos e a segurança
Birra, choro e grito. Daí, a mãe desesperada (ou às vezes irritada) acaba cedendo e andando com o filho no colo dentro do carro. Nesta sexta-feira (20) foi a vez de a presidente Dilma Roussef protagonizar a polêmica.
De folga em Porto Alegre, ela foi fotografada com o neto Gabriel de 3 anos no colo. Os dois estavam no banco de trás do carro, e o que era para ser um passeio simples no bairro, virou polêmica nacional.
Mas quem nunca?
Diante do debate, a auxiliar de dentista Marielli* (30 anos) prefere nem ter o nome verdadeiro divulgado, mas que ela acaba cedendo aos pedidos insistentes das crianças, isso é fato. Com três filhas com idades de 8, 4 e 2 anos, ela sabe o sofrimento que é andar com as crianças dentro do carro.
“Fazem manha, gritam choram, brigam entre si. Daí, você acaba cedendo, porque além de tudo é um dispositivo de segurança, claro, mas é caro e pelo fato de termos dois carros, às vezes acabamos saindo e deixando para lá a cadeirinha”, explica ela.
Segundo a mãe, o principal argumento usado com as pequenas é a polícia. “Sempre tem birra, sempre tem manha e daí eu acabo apelando para o argumento que se a polícia me parar vou ser presa”, conta ela rindo. Geralmente dá certo. “Sei que é pela segurança, mas você acaba cedendo, acaba querendo agradar. Fora que tem a multa, que é alta, mas é hipocrisia falar que não carrega o filho no colo”, garante.
Igual no número de filhas e das idades das crianças, mas de pensamento diferente, a sortuda professora Juliana Feliz afirma que não tem problemas com isso. “Acredito que a segurança vem em primeiro lugar e as meninas nunca fizeram manha, já estão acostumadas e nem reclamam”. Sobre o alto valor dos dispositivos, para ela segurança não tem preço, mas poderia ser mais em conta.
“Igual fizeram com o protetor solar, colocar como item essencial, já que por ser lei, deveria ser mais em conta. No entanto, vamos nos organizando, economizando em supérfluo e investindo na segurança das crianças”, explica. E isso inclui vender a cadeirinha usada para comprar novas. “É um bem durável que se é bem cuidado, você pode vender quando a criança cresce um pouco mais e comprar outra maior”, sugere a professora, que também tem um carro comprado já pensando no espaço para as cadeirinhas. “Não abro mão da segurança das minhas filhas”, declara.
Já Larissa da Costa Almeida, mãe de Teo que tem 4 anos, confessa que já cedeu à manha do filho de andar no colo, mas acabou encontrando um jeito de o menino gostar da cadeirinha. “É complicado, porque você fica em desespero diante do choro, e sabe que pode acontecer algo grave, então eu cedi algumas vezes, mas comecei a descobrir meios de ele ficar na cadeirinha. Conseguimos um modelo mais alto, onde ele consegue ver o que tem ao redor, e funcionou. Além de um DVD portátil, que ajuda muito”, indica.
E o medo aumentou diante de uma cena de acidente. “Viajando para Curitiba, na estrada nos deparamos com uma cena chocante onde eu vi uma criança da idade do meu filho sendo colocado no carro do IML porque estava sem a cadeirinha. Imagina a dor dos pais? Eu não imagino, prefiro nem pensar nisso”, lamenta.
O que diz a lei?
Segundo o diretor da Companhia Independente de Policiamento de Trânsito (Ciptran ) Alírio Villsanti a orientação é que os motoristas sejam notificados quando o fato acontece. “É uma infração de trânsito, gravíssima e a fiscalização é diuturna, mas a orientação é que se o policial ver a situação deve notificar e multar o condutor”, explica.
Segundo ele há campanhas esporádicas de orientação aos pais e condutores. “Por vezes voltamos as campanhas educativas, mas fora desse período tanto em blitz quanto no trabalho de rotina o motorista é multado e só é liberado o veículo no momento em que o problema é sanado”.
De acordo com o código de trânsito trafegar com crianças sem estar no dispositivo correto de segurança é considerado e o motorista flagrado recebe sete pontos na CNH além de multa no valor de R$ 191,54 e retenção do veículo até que a irregularidade seja resolvida, ou seja, que ou a criança saia do carro, ou a cadeirinha entre.
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