Em MG, Aluna é acusada de fraudar documentos no sistema de cotas

Uma universitária do curso de medicina da Unimontes (Universidade Estadual de Montes Claros), localizada na cidade de Montes Claros (a 417 km de Belo Horizonte) foi denunciada pelo Ministério Público à Justiça por suspostamente ter fraudado documentos que lhe permitiram ser aprovada neste ano no curso pelo sistema de cotas. Segundo o MP, a estudante […]

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Uma universitária do curso de medicina da Unimontes (Universidade Estadual de Montes Claros), localizada na cidade de Montes Claros (a 417 km de Belo Horizonte) foi denunciada pelo Ministério Público à Justiça por suspostamente ter fraudado documentos que lhe permitiram ser aprovada neste ano no curso pelo sistema de cotas.

Segundo o MP, a estudante se declarou à universidade afrodescendente carente, caracterizando uma renda familiar per capita de um salário mínimo. Entretanto, investigações com base em denúncia da própria instituição de ensino, a quem cabe a responsabilidade de checar os documentos e as informações repassadas pelos candidatos, teriam mostrado que ela pertence à classe média alta da cidade, relatou o órgão.

A Justiça acatou a denúncia do Ministério Público e o processo tramita na 1ª Vara Criminal de Montes Claros, de acordo com informação do MP.

A estudante e os demais acusados foram denunciados por falsidade ideológica. A jovem ainda vai responder pelo crime de uso de documento falso.

“Um professor procurou o Ministério Público para trazer a informação que tinha uma suspeita de uma candidata aprovada no curso de medicina pelo sistema de cotas tinha fraudado documentos e prestado declarações falsas com objetivo de obter a vaga”, afirmou Guilherme Roedel Fernandez Silva, da Coordenadoria Regional de Patrimônio Público.

Segundo ele, para empreender a fraude, a mãe da menina, que é comerciante na cidade, teria feito um contrato de aluguel de uma casa simples com o pai do namorado da filha que possui imóveis na cidade. O promotor diz que o endereço indicado pela mulher para justificar a baixa renda nunca tinha sido usado por ela e pela família.

“Nós apuramos que a mãe dela tinha um veículo ano 2012, o que já não condiz com uma família carente. Além disso, eles fizeram um contrato de locação desse imóvel do pai do namorado, em um bairro mais humilde, mas a mãe não sabia nem descrever o imóvel”, disse o promotor, referindo-se a diálogo que teria tido com a mulher, que fora chamada pelo MP a dar explicações.

Conforme Silva, a mulher afirmou que passava por dificuldade financeira em razão de ter se separado do segundo marido, um empresário da cidade, mas negou ter cometido a fraude e, pelo revés financeiro, acrescentou que a filha teria direito a se inscrever como candidata carente.

“Até onde a gente sabe, ela continuava morando em uma cobertura em bairro considerado nobre da cidade e que pertence ao ex-marido. Quando há uma separação, há uma diminuição do poder aquisitivo familiar, mas, ainda sim, não se justificava a inscrição pelo sistema de cotas”, avaliou o promotor.

O representante do Ministério Público ainda revelou que, com a ajuda da Polícia Federal (PF), ficou comprovado que a mãe realizava anualmente viagens ao exterior. “Tudo isso somado, deixou claro que ela não se enquadrava na condição de pessoa pertencente a uma família carente”, disse o promotor se referindo à universitária.

Possível eliminação

Em nota enviada ao UOL, a Unimontes revelou ter detectado, por meio da procuradoria da universidade, a suposta fraude e alertado o MP. A instituição declarou que uma nova avalição da situação socioeconômica da universitária foi requisitada.

“A procuradoria observa ainda que conforme o edital do processo seletivo será eliminado, em qualquer época (mesmo depois de matriculado), o candidato que houver realizado o processo seletivo usando documento ou informações falsas ou outros meios ilícitos devidamente comprovados”, trouxe o informe.

Ainda conforme a nota, a Unimontes adota o sistema de cotas, por meio de lei estadual, desde 2004, sendo que, de um universo de mais de 10 mil candidatos aprovados pelo sistema de reservas de vagas, “no máximo quatro tentaram fraudar”.

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