Caso de ‘criança fujona’ mobiliza equipe do Conselho Tutelar

O que aparentava ser mais um caso de abandono, ou maus tratos, acabou se revelando um grande dilema do Conselho Tutelar de Campo Grande

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O que aparentava ser mais um caso de abandono, ou maus tratos, acabou se revelando um grande dilema do Conselho Tutelar de Campo Grande

Tudo começou na manhã de terça-feira (5), quando a equipe do jornal Midiamax se deparou com uma criança machucada no antebraço esquerdo, dormindo num banco, na região central da cidade. O que aparentava ser mais um caso de abandono, ou maus-tratos, acabou se revelando um dilema vivido pelo Conselho Tutelar da Região Sul de Campo Grande.

O menino, J.L.F.E. de 12 anos, trajando uma camisa do homem aranha, residente na avenida Três Barras, no bairro Lagoa Dourada, já é conhecido como uma “criança fujona” pelas autoridades.

A cena do menino dormindo na rua comoveu populares, que passavam pelo local. Apesar de ele contar que era bem tratado em casa, a equipe de reportagem resolveu acionar a polícia para se informar como proceder.

A princípio, o Conselho Tutelar da Região Central foi o indicado para encaminhá-lo, porque o menino foi encontrado na redondeza, mas em seguida, ele foi levado a outro local, em razão da área onde mora.

Personalidade

Ao longo do percurso, pode-se notar a ingenuidade do menino, ao contar suas peripécias e os seus sonhos. “Quero ser policial militar porque ajuda as pessoas. Também é legal ser fotógrafo. Se eu tivesse idade, podia trabalhar com vocês”, disse sorrindo e feliz, ao aprender manusear a máquina fotográfica. Sua maturidade também chamou a atenção, ao explicar como funciona o atendimento no próprio Conselho.

Mas, de acordo com a coordenadora do Conselho da Região Sul, Andreia Almeida Silva, a primeira vez que ele deu entrada no órgão foi em outubro do ano passado e, desde então, “vive fugindo”. Segundo a conselheira, os pais dão toda assistência possível e ele tem mais quatro irmãos, dos quais incentiva a fugir.

Andreia contou que uma possível justificativa do seu comportamento seria que uma vez foi flagrado tentando abusar da irmã mais nova. Mas seria uma fase de “descobertas”, quando teve todo acompanhamento da família e foi atendido no Caps (Centro de Atendimento Psicossocial Infantil).

No momento, a preocupação do Conselho é a consequência deste comportamento. “Ele viola os próprios direitos, ao fugir de casa. Eu mesma fiz questão de levá-lo de volta para investigar a situação. Os pais já não sabem o que fazer com ele. Estou preocupada porque esse menino pode entrar no mundo das drogas”, desabafou.

A criança ficou no Conselho aguardando os trâmites, enquanto iriam solicitar uma equipe de acolhimento para devolvê-la aos pais. A conselheira informou que já encaminhou a situação ao Ministério Público, e está aguardando o parecer técnico.

Recomendações

“Uma vez que a criança foi para a rua, não vai querer mais ficar em casa. Porque lá não tem obrigações, não precisa estudar. Na cabeça dela, só tem diversões. Não se preocupa com os riscos e nem com a violência”, destacou Andreia, ao pedir para divulgar algumas recomendações.

Ela foi enfática em dizer, que ao encontrar com uma criança na rua não se deve oferecer comida e nem dinheiro. Segundo a conselheira, o mais indicado é ligar para polícia (190), para saber a melhor forma de agir.

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