No Dia de Finados, mulher visita o próprio túmulo em Porto Velho

“A morte é a única certeza que nós temos, então prefiro estar preparada”, diz a psicóloga Ieda Albino Freitas de 54 anos que, desde que se descobriu diabética, há quatro anos, iniciou os preparativos para o próprio sepultamento no Cemitério dos Inocentes em Porto Velho. Filha única e mãe de dois filhos, ela diz não […]

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“A morte é a única certeza que nós temos, então prefiro estar preparada”, diz a psicóloga Ieda Albino Freitas de 54 anos que, desde que se descobriu diabética, há quatro anos, iniciou os preparativos para o próprio sepultamento no Cemitério dos Inocentes em Porto Velho. Filha única e mãe de dois filhos, ela diz não querer dar trabalho aos familiares após a morte. 

Nesta sexta-feira (2), Dia de Finados, Ieda aproveitou o feriado para conferir se tudo estava no lugar. Com as visitas constantes, já se tornou conhecida dos funcionários, que brincam com a situação. “Tem quatro anos que ela vem aqui, já está tudo pronto, só falta enterrar [risos]”, diz o responsável pela limpeza do cemitério, Laenson da Silva. 
Há alguns anos, Ieda diz ter presenciado uma briga de família, onde nenhum dos parentes estava disposto a arcar com os gastos funerários do parente morto. “Fiquei chocada, com medo de que isso pudesse acontecer comigo”, relata a psicóloga. Além de construir o túmulo, também adquiriu um plano funerário, que cobrirá todos os gastos com o enterro. “Está tudo pronto, todos os papéis assinados para que ninguém tenha trabalho nenhum comigo”, explica. 
O local escolhido pela psicóloga foi o Cemitério dos Inocentes, o primeiro de Porto Velho, criado da década de 1950 e desativado em 1975, devido a falta de espaço. De acordo com Ieda, um parente havia sido enterrado há muitos anos, mas os restos mortais já não existiam, o terreno então foi aproveitado para a construção de seu túmulo, que tem espaço para quatro pessoas. 
No túmulo está previsto o enterro de Ieda, os pais e a babá que cuidou dela ainda na infância. “Vamos ver quem vai inaugurar”, brinca. A lápide da psicóloga com a foto também já está pronta, além de um banco, que ficará ao lado do túmulo para acomodar os visitantes. 
“Tenho também dois jarros com flores, que ficarão aqui em cima, só não trouxe por medo de alguém mexer”, conta a psicóloga, que pelo menos uma vez por mês vai ao cemitério visitar a sua “futura morada” e cuidar da limpeza.

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