Mohamed Mursi presta juramento como novo presidente egípcio

O islamita Mohammed Mursi jurou neste sábado o cargo de presidente do Egito diante do Tribunal Constitucional, no Cairo, convertendo-se assim no primeiro civil a se tornar chefe de Estado no país e o quinto presidente da República do Egito. “Juro por Deus, que é grande, preservar com lealdade o sistema republicano, respeitar a Constituição […]

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O islamita Mohammed Mursi jurou neste sábado o cargo de presidente do Egito diante do Tribunal Constitucional, no Cairo, convertendo-se assim no primeiro civil a se tornar chefe de Estado no país e o quinto presidente da República do Egito.

“Juro por Deus, que é grande, preservar com lealdade o sistema republicano, respeitar a Constituição e a lei, ter em consideração os interesses do povo de maneira total e preservar a independência da pátria, sua integridade e seu território”, disse Mursi.

Vestido com terno azul escuro e gravata vermelha, Mursi leu o juramento diante do plenário, presidido pelo juiz Farouk Sultan, que lidera também a Comissão Eleitoral Presidencial. Em seguida, o islamita fez um breve discurso no qual destacou a importância do Tribunal Constitucional. Inicialmente, Mursi queria fazer o juramento no Parlamento, dissolvido por uma decisão do tribunal, que identificou irregularidades em sua composição.

“Respeito e valorizo o Tribunal Constitucional e suas decisões judiciais”, afirmou Mursi, que classificou o órgão como um “componente fundamental” para construir o futuro do novo Egito, onde deve existir uma “verdadeira” democracia e estabilidade. “Todos temos interesse que o tribunal permaneça independente, forte, efetivo, sem que ninguém tenha influência sobre ele, uma instituição livre em um país livre”, assegurou.

Mursi, que renunciou de sua militância na Irmandade Muçulmana após a vitória nas eleições, manifestou seu respeito ao Poder Judiciário e Legislativo. “Desempenharei meu papel para garantir a independência destes dois poderes e do executivo”, afirmou.

Dias antes do anúncio dos resultados eleitorais, a junta militar que governou o país desde a derrocada do regime de Hosni Mubarak aprovou polêmicas emendas constitucionais, por meio das quais assumiu as funções do legislativo e enfraqueceu as prerrogativas do presidente. Mursi destacou que “nasce hoje um Estado forte com seu povo, sua história, suas crenças e suas instituições, em cujo coração está o Tribunal Constitucional”.

Antes da fala do presidente, o hino nacional foi tocado e o presidente do tribunal, Farouk Sultan, discursou: “Mursi é o primeiro presidente eleito por vontade popular e democrática em eleições limpas”. Após a cerimônia de posse, espera-se que Mursi faça um discurso à nação na Universidade do Cairo.

A cerimônia de posse, prevista para as 11h locais (6h de Brasília), começou com quase duas horas de atraso. O procedimento para o juramento do cargo gerou divergências entre os militares no poder e a Irmandade Muçulmana. A junta considerava que Mursi deveria tomar posse na Corte Constitucional, mas os islamitas insistiram no Parlamento, oficialmente dissolvido, mas que para eles permanece legítimo.

O presidente cedeu, mas já havia desafiado o Exército ao prestar um juramento simbólico ao cargo diante de milhares de pessoas na sexta-feira na Praça Tahrir, “a praça da liberdade e da revolução”, em suas próprias palavras. Mursi derrotou o último primeiro-ministro de Hosni Mubarak, Ahmed Shafiq, na eleição presidencial, que teve o segundo turno celebrado nos dias 16 e 17 de junho. O islamita recebeu 51,73% dos votos.

 

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