Líder do PT na Câmara questiona novo depoimento de Marcos Valério

O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), classificou de “opinião de um réu” o depoimento dado ao Ministério Público (MP) pelo empresário Marcos Valério, a quem também chamou de “futuro presidiário”. Valério foi condenado no processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Reportagem publicada na edição desta quinta-feira do jornal O Estado […]

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O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), classificou de “opinião de um réu” o depoimento dado ao Ministério Público (MP) pelo empresário Marcos Valério, a quem também chamou de “futuro presidiário”. Valério foi condenado no processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Reportagem publicada na edição desta quinta-feira do jornal O Estado de S. Paulo revela que Valério envolveu o ex-presidente Lula e o ex-ministro Antonio Palocci no mensalão em depoimento prestado ao MP no mês de setembro. O empresário foi condenado pelos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e peculato. No julgamento, ele foi apontado como o operador do esquema.

“Ele não tem a menor credibilidade. É a opinião de um réu, um futuro presidiário. É a opinião de um desqualificado que não tem nenhuma credibilidade”, disse Tatto. O líder afirmou ainda estranhar o fato de Valério fazer isso só agora.

Setores petistas avaliam que Valério está desesperado e procurando um jeito de ser útil para tentar reduzir a pena. Ele foi condenado a 40 anos de prisão, mas a pena ainda pode ser revista. Há um entendimento entre esses petistas de que foi feita uma investigação profunda sobre as denúncias e que esse novo depoimento de Marcos Valério não vai ter impacto no processo na Justiça.

A reportagem informa que Valério estaria propondo ao Ministério Público sua inclusão no programa de proteção a testemunhas em troca de fornecer mais detalhes sobre o esquema. Durante o julgamento, a maioria dos ministros do Supremo considerou que houve desvio de dinheiro público para a compra de votos de parlamentares e apoio político nos primeiros anos do governo do presidente Lula. De acordo com o depoimento revelado na reportagem, o publicitário teria recebido ameaças de morte.

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

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