Filha de cliente de Paulo Tadeu contesta versão do advogado sobre reconciliação dos pais

Maria Clarice Ewerling, filha de Oto e Norma Ewerling, afirma com todas as letras que a reunião entre o pai e a mãe no escritório do advogado Paulo Tadeu Haendchen não deveria ter ocorrido da forma que foi realizada

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Maria Clarice Ewerling, filha de Oto e Norma Ewerling, afirma com todas as letras que a reunião entre o pai e a mãe no escritório do advogado Paulo Tadeu Haendchen não deveria ter ocorrido da forma que foi realizada

Maria Clarice Ewerling, filha de Oto e Norma Ewerling, afirma com todas as letras que a reunião entre o pai e a mãe no escritório do advogado Paulo Tadeu Haendchen não deveria ter ocorrido da forma que foi realizada.

“Na reunião estava Paulo Tadeu, meu pai e minha irmã. Os dois estavam movendo uma questão contra a minha mãe, e minha mãe foi lá só, sem a presença de toda a família, e sem a presença do advogado da minha mãe. Não é ético, não tem lógica. Os dois, acho que manipularam ela”, afirmou Maria Clarice

A filha mais velha do casal também contesta a afirmação de Paulo Tadeu de que o casal se reconciliou, “depois de 40, 50 anos de casamento” e que hoje vive “maritalmente”, ou seja, como casal.

“Eu acho que o Paulo Tadeu não conhece a vida do meu pai, ele deve não conhecer. A reconciliação deve ser dos bens, porque o meu pai vive com uma mulher há mais de vinte anos. Hoje ele está lá em Sapezal (MT) com a mulher dele, e minha mãe está aqui no apartamento, sozinha. O que eu estou achando engraçado, não tem lógica”.

A filha do casal, que administra uma fazenda da família em Sonora, afirma que chegou a falar pessoalmente com Paulo Tadeu.

“Teve um dia que a minha irmã Cleonice me ligou, ela e minha mãe estavam no escritório do Paulo Tadeu, ela me ligou de lá e eu falei com o Paulo Tadeu no telefone da minha irmã. Conversei com ele, que queria saber o negócio de um documento. Então, tá muito esquisita essa conversa, não tá?”

align=justify>Para Maria Clarice, a mãe, muito simples – que Paulo Tadeu chamou de “simplória” – deve ter entrado em desespero por estar fragilizada diante da situação.

“Esse foi o momento frágil da minha mãe, meu pai não querendo separar os bens, ele ia perder o poder de tudo. Ficou uma coisa estranha. Fizeram uma reunião e não estava presente todo mundo que estava participando do processo de separação e nem o advogado da minha mãe”.

A questão levantada por Marica Clarice é tratada pela lei nº 8.906, de 1994, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Em seu capítulo IX, que trata das “Infrações e Sanções Disciplinares” aos advogados, o Art. 34 reza:

“Constitui infração disciplinar:

VIII – estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do advogado contrário”.

Ou seja, o encontro no escritório de Paulo Tadeu com o seu cliente Oto, e a mulher, Norma, não poderia ter ocorrido sem o conhecimento ou presença do advogado da parte contrária, no caso Niutom Junior.

Pai discorda das afirmações da filha

O pai de Maria Clarice, Oto Ewerling, contestou a declaração da filha quanto à necessidade de reunião com toda a família e o advogado da ex-mulher, Niutom Junior.

“Nós dois não somos incapazes para não poder fazer uma reconciliação sem a presença de toda a família. Acertamos que os bens vão ficar em nome dos netos, nos entendemos” disse ele.

Oto ainda concluiu: “A Norma havia revogado a procuração do advogado dela, antes da conciliação, portanto não precisava chamar ninguém, a iniciativa foi dela”.

Depois dessa frase, a ligação para Sapezal, no MT, caiu, e o celular dele só passou a atender na caixa postal.

A revogação da procuração que constituía Niutom Junior como advogado de Norma foi efetivada no dia 5 de março, via cartório, segundo entrevista de Paulo Tadeu.

Segundo o advogado Niutom Junior, a reunião de reconciliação de Oto e Norma ocorreu no dia 6, e ele assegura ter recebido a comunicação oficial no dia 8. Para o advogado, até a sua assinatura no documento, legalmente ele ainda era advogado de Norma.

A reportagem também procurou o escritório do advogado Paulo Tadeu, na tarde de quarta-feira (28), e foi informada que ele está em viagem. Solicitou o celular do advogado, que não foi fornecido. Ainda deixou o número do celular da reportagem, mas não houve retorno. Obtido o celular de Paulo Tadeu, ele foi contatado às 18h19 de ontem (29). O advogado, entretanto, disse que só fala na próxima segunda-feira, em entrevista gravada em seu escritório.

Já o advogado Niutom Junior, que foi preterido no caso, e ainda foi representado na OAB pela senhora Norma Ewerling, por supostas ofensas morais, diz que tentou uma reconciliação amigável, extrajudicial, em reunião com todas as partes, em dezembro do ano passado.

A confirmação consta do documento em que Norma Ewerling constitui Niutom Junior como advogado, e enviado ao ex-marido, representado por Paulo Tadeu, com data de 22 de novembro de 2011:

“Por derradeiro, desde já solicito que seja agendada reunião, no prazo máximo de 5.12.2011, para tratarmos de assunto referente ao nosso divórcio, na possibilidade que tal feita ocorra de forma amigável, sob pena de serem tomadas as medidas judiciais litigiosas necessárias”, diz o texto. Segundo Niutom Junior, a parte contrária não compareceu à reunião de conciliação.

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