Coleta seletiva inicia os trabalhos de desativação do lixão em Campo Grande
Tem início uma nova fase na história da Capital e, principalmente, na vida de catadores de materiais recicláveis. Lixo orgânico misturado ao lixo reciclável, dentro de pouco tempo, fará parte do passado. Alimentos estragados em meio a garrafas pet já não existem mais. Catadores imersos ao meio do lixo com crianças e adolescentes, mau cheiro […]
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Tem início uma nova fase na história da Capital e, principalmente, na vida de catadores de materiais recicláveis. Lixo orgânico misturado ao lixo reciclável, dentro de pouco tempo, fará parte do passado. Alimentos estragados em meio a garrafas pet já não existem mais. Catadores imersos ao meio do lixo com crianças e adolescentes, mau cheiro provocado pelo chorume, fumaça, exposição ao sol e chuva. Agora, a realidade é bem diferente. Ser catador na Capital passou a ser um trabalho digno com condições apropriadas, que sustenta famílias com renda de superior a um salário mínimo.
Começou a funcionar esta semana uma das principais ações da coleta seletiva, considerado o primeiro passo concreto para a desativação total do lixão e implantação do aterro sanitário e da Usina de Processamento de Lixo (UPL). Na manhã desta terça-feira (11/09), o prefeito Nelson Trad Filho e o secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Marcos Cristaldo foram conferir o início dos trabalhos da Cooperativa de Coleta Seletiva que está em um local provisório próximo da Cidade dos Ônibus, na BR 163, até a usina ficar pronta.
Munidos de equipamentos de proteção individual, protegidos do sol em um galpão, cerca de 46 catadores de materiais recicláveis trabalhavam arduamente na separação por segmento de materiais recicláveis. O local já acumula cerca de 30 toneladas de garrafas pet, embalagens de leite, vidros, lâmpadas entre outros. A energia que emanava dos trabalhadores era totalmente diferente de quando atuavam no lixão. Estavam animados com o novo local, que possui banheiros, cozinha e vestiários.
“O pessoal veio do lixão e aqui tem qualidade de vida para as famílias com os projetos sociais, saúde e assistência”, disse a técnica da Associação dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis dos Aterros de Mato Grosso do Sul, Eclair da Silva. Ela revela que ainda esta semana fica pronto o documento oficializando a Cooperativa, tida como mais uma vitória do grupo que vai ratear em partes iguais, quinzenalmente, toda a produção que obtiverem.
Todo o material reciclável é oriundo dos LEV (Locais de Entrega Voluntária) e da coleta seletiva realizada nas residências. O presidente da Associação, Daniel Arguello Obelar informou que a expectativa é receber por dia cinco toneladas de lixo reciclável. Primeiramente, todo esse lixo passa por uma triagem, é prensado e, aí, é que é passado para as indústrias. “Vamos fazer um estudo para ver a empresa que paga mais”, contou animado Daniel.
Esta é uma nova fase na história da Capital e também na vida desses catadores. O filho do Daniel, Jader Macedo dos Santos, de 19 anos, trabalha há seis anos no lixão e hoje relata as mudanças e faz um apelo a comunidade. “Trabalhávamos individualmente, hoje trabalhamos em grupo, pois essa é a fonte de dinheiro, o nosso ganha-pão. As pessoas têm que ter consciência e separar o lixo”, pediu Jader, mostrando ainda que é muito fácil separar o lixo, bastando para isto criar o hábito.
Do alto dos seus 58 anos, Fátima Chimenes estava separando as caixinhas de leite e revelou que ganha até R$ 800,00 por mês. “Eu era cozinheira em uma fazenda, mas trabalhar aqui no lixo é muito melhor. Sou patrão da gente mesmo, o serviço é bom e já faço planos de me aposentar”, planeja dona Fátima, que hoje leva o sustento para sua família formada pelo marido e dois netos pequenos que ela cria como filhos. Todos os catadores participaram de curso prático e teórico.
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