Para ONU, marca de 7 bilhões de habitantes traz ‘desafios formidáveis’
Órgão vê necessidade de ações no planejamento familiar, educação feminina, consumo, urbanização e meio ambiente
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Órgão vê necessidade de ações no planejamento familiar, educação feminina, consumo, urbanização e meio ambiente
O crescimento da população mundial traz “desafios formidáveis”, na avaliação do UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas). Depois de atingir 7 bilhões na próxima segunda-feira, 31, o número de habitantes seguirá avançando. A ONU estima que o planeta terá 9,3 bilhões de pessoas em 2050 e mais de 10 bilhões no fim deste século. A maior parte desse aumento virá de países com alta taxa de fertilidade, sendo 39 africanos, nove asiáticos, quatro latino-americanos e seis da Oceania.
“A marca (de 7 bilhões) é uma chamada de despertar, é um lembrete de que precisamos agir agora”, disse Babatunde Osotimehin, diretor-executivo da UNFPA, em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira, 26, em Londres. A agência de cooperação internacional para o desenvolvimento da ONU é responsável por questões populacionais. “Não é uma questão de espaço, mas de distribuição social justa.”
Osotimehin vê a necessidade de ações principalmente no campo do planejamento familiar, educação feminina, consumo, urbanização e meio ambiente. “A educação de meninas e mulheres permite que elas tenham menos filhos do que suas mães e avós tiveram e que escolham esse caminho quando e se puderem.”
Embora as mulheres tenham hoje, em média, menos filhos do que na década de 1960, a população continua a crescer – a taxa de fertilidade passou de 6 para 2,5. Em países pobres, como alguns da África, muitas adolescentes não têm condições de determinar seu destino, daí a necessidade de iniciativas para que o sexo feminino tenha mais poder. “O homem não dará poder para a mulher voluntariamente, ela terá de lutar”, disse, citando o Brasil como um dos países onde as mulheres avançam.
Ainda assim, o diretor-executivo acredita que também é preciso trabalhar a educação masculina sobre o assunto. “É importante que os homens se vejam como pais responsáveis, que tenham crianças que possam sustentar”, afirmou. A queda da mortalidade infantil reduz a percepção de que é preciso ter diversos filhos porque nem todos irão sobreviver, avalia. E políticas de seguridade social também são relevantes para que as famílias sintam-se confortáveis sobre o futuro.
Os avanços tecnológicos, o desenvolvimento da medicina e as campanhas de imunização mudaram o panorama demográfico. A mortalidade infantil recuou de 133 em mil nascimentos nos anos 1950 para 46 em mil entre 2005 e 2010. A expectativa de vida subiu de 48 anos para 68 anos no período. “O tamanho recorde da nossa população pode ser visto como um sucesso para a humanidade, mas nem todos estão se beneficiando”, conclui relatório divulgado hoje pela organização.
Em nações de renda média, a questão da urbanização pesa fortemente sobre a dinâmica da população. O ONU prevê que, até 2050, 70% dos habitantes do planeta viverão nas cidades. Daí a necessidade de fortalecer ações de preservação do meio ambiente, combate ao aquecimento global e busca de cidades mais sustentáveis.
Já em países ricos, principalmente na Europa e o Japão, prevalece a questão do envelhecimento da população. Os governos se veem diante do desafio da falta de mão de obra, o que potencialmente afeta a qualidade de vida da geração mais velha.
“Em qualquer país que você vá, tanto desenvolvido como em desenvolvimento, as questões de acesso justo aos recursos são aquelas com as quais sempre nos confrontamos, especialmente entre os jovens”, disse Osotimehin. “Da Primavera Árabe aos acampamentos em Wall Street, as pessoas estão pedindo mudanças. Eles são jovens, parte da mais jovem geração que o mundo conheceu, e eles são determinados.”
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