Catadores de recicláveis ficam sem trabalho em Três Lagoas com desativação de ‘lixão’
Enquanto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente aguarda a liberação da licença ambiental do Imasul para a regularização do aterro da Vila Piloto, materiais que poderiam ser destinados à reciclagem são descartados. Fato que provoca desemprego e extinção da classe de “catadores de lixo”, em Três Lagoas.
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Enquanto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente aguarda a liberação da licença ambiental do Imasul para a regularização do aterro da Vila Piloto, materiais que poderiam ser destinados à reciclagem são descartados. Fato que provoca desemprego e extinção da classe de “catadores de lixo”, em Três Lagoas.
No dia 07 de novembro, os últimos remanescentes catadores
de lixo do “lixão da Vila Piloto – buracão”, como é conhecido, em Três Lagoas, estarão
proibidos de recolher material reciclável naquele local. No final de 2009, 21 trabalhadores
informais já haviam sido impedidos de exercer essa atividade.
A decisão partiu da Promotoria de Meio Ambiente,
logo após a transferência do destino do lixo para o recém construído aterro
sanitário, na MS-395, saída para Brasilândia. Segundo o promotor, Antonio
Carlos Garcia de Oliveira, disse na ocasião,
“Não é permitida a
permanência de pessoas trabalhando no lixão, uma vez que o local oferece riscos
sérios à saúde”. Antonio Carlos também lembrou que órgãos competentes, como o
IBAMA, podem autuar quem permite a permanência de pessoas em áreas ocupadas por
lixões.
Com medida, válida para o início do próximo mês, a questão
sobre a inserção desses profissionais no mercado de trabalho volta à tona. Em
2009, a então prefeita, Simone Tebet (PMDB), chegou a oferecer vaga de trabalho
na municipalidade para os 21 catadores, mas a maioria não aceitou a oferta, alegando
baixa remuneração e falta de garantias trabalhistas.
Hoje, o casal de catadores no Buracão, Valdivino de
Jesus e Rosângela Soares de Araújo, ambos com 50 anos, diz que não são aceitos
nas indústrias locais devido à idade. “Já tentei entrar em muitas fábricas, mas
nunca me chamam para trabalhar. Para atuar como doméstica, a saúde já não permite.
Com essa proibição, corremos o risco de passar fome”, afirmou Rosângela.
Valdivino relatou que, cada um, chega a tirar R$
250 por semana. “Somos sete catadores aqui no Buracão. Por mais que o local
seja destinado entulho e galhada, a cada caminhão que chega, ainda é possível
encontrarmos garrafas pet, plástico, papelão, ferro e alumínio. Juntamos durante
a semana e, na sexta-feira, levamos tudo para o “alemão”, no Jardim Alvorada. Ele
encaminha o material para Andradina, no Estado de São Paulo, pois aqui não há
indústria de reciclagem”.
Três Lagoas produz, em média, 90 toneladas de lixo
por dia. O destino dos sacos com lixo é o mesmo, sem prévia seleção. Para Rosângela,
encontrar sacos com latinhas em meio a restos de construção é sinal de alegria
e aumento na renda.
“Ainda existem pessoas que procuram nos ajudar,
mesmo sabendo que estamos expostos a riscos nesse local. Elas entendem que não
temos outra opção. Acredito que por isso, jogam latinhas e garrafas pet nas
caçambas pela cidade. Aqui as coletamos com alegria. Ainda tenho esperança de que
os governantes busquem um meio de nos manter atuando na única coisa que ainda
conseguimos fazer para garantir o sustento”.
Secretaria
de Meio Ambiente
Para o secretário municipal de meio ambiente,
Mateus Arantes, a solução para esses trabalhadores seria abrir uma cooperativa.
Porém, ele alega que a iniciativa deve partir dos próprios catadores.
“Esperamos que esses trabalhadores se unam e nos
procurem. A partir daí, poderemos indicar mecanismos para tornar a cooperativa
de coleta do material reciclável uma realidade em Três Lagoas”, indicou
Arantes.
Contudo, até mesmo para esse tipo de empreendimento
se concretizar no município, existe como condicionante a liberação do
licenciamento ambiental para esse aterro (Buracão), destinado a entulhos e
galhadas.
“Estamos com projetos em andamento para a triagem
correta do lixo, assim como para implantar a coleta seletiva, mas ainda faltam
algumas etapas. Dependemos da concessão da licença do Imasul (Instituto de Meio
Ambiente de Mato Grosso do Sul) para darmos andamento à regularização tanto
desse aterro, quanto dos projetos pré-desenvolvidos”, explicou.
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