Terremoto no Chile foi 900 vezes mais forte que no Haiti

O terremoto que atingiu o Chile neste sábado (28), de 8,8 graus na escala Richter, foi 900 vezes mais forte que o registrado no Haiti, de sete graus, em 12 de janeiro deste ano, segundo estimativa de Jorge Sand, chefe do observatório sismológico da Universidade de Brasília. A localização do epicentro, termo que determina a […]

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O terremoto que atingiu o Chile neste sábado (28), de 8,8 graus na escala Richter, foi 900 vezes mais forte que o registrado no Haiti, de sete graus, em 12 de janeiro deste ano, segundo estimativa de Jorge Sand, chefe do observatório sismológico da Universidade de Brasília.

A localização do epicentro, termo que determina a localização da intensidade máxima do abalo, e a infraestrutura do Chile foram determinantes para que o número de mortos fosse menos de 0,5% do que o registrado no Haiti. Segundo estimativas do governo do Chile, cerca de 700 pessoas morreram vítimas do terremoto, contra mais de 210 mil no Haiti.

– No Chile, houve uma destruição maior na infraestrutura urbana, com a destruição de pontes em vilarejos próximos ao epicentro. No Haiti, a destruição foi em Porto Príncipe, capital do país, em especial nos prédios, casas e igrejas, que nunca tinham visto um abalo semelhante. Se o terremoto tivesse ocorrido em Santiago [capital do Chile] a devastação teria sido maior, talvez próxima ao do Haiti.

No Chile, o terremoto teve o epicentro na região chilena de Maule, no oceano Pacífico, a cerca de 115 km da cidade Concepción, a cerca de 300 km da capital Santiago, com 35 km de profundidade. No Haiti, o epicentro ocorreu a 15 km a sudoeste da capital Porto Príncipe e com 20 km de profundidade.

Para se ter uma ideia da destruição, o impacto do terremoto no Chile equivaleu a 27 mil vezes a bomba de Hiroshima, que devastou a cidade japonesa no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Apesar da energia de um terremoto ser superior a de uma bomba atômica, o estrago é menor devido a profundidade, segundo João Carlos Dourado, professor de geofísica da Unesp (Universidade de São Paulo). Ele explica que se o terremoto no Chile fosse mais próximo à superfície, como no caso do Haiti, o desastre seria maior.

– Apesar de serem capitais diferentes, com infraestruturas diferentes, ninguém constrói um prédio esperando um terremoto de quase nove graus [na escala Richter]. O que determina o número de vítimas é a estrutura que um país possui para enfrentar essa tragédia.

Há 50 anos, o Chile sofreu o maior terremoto já medido na história, de 9,5 graus na escala Richter, que matou mais de 1.400 pessoas no país. Na ocasião, um tsunami gerado pelo tremor matou ainda 138 pessoas no Japão, 61 no Havaí e deixou 32 mortos e desaparecidos nas Filipinas, segundo informações do Serviço Geológico dos Estados Unidos.

Desde então, o país se preparou para a ocorrência de tremores, com investimentos voltados à construção de edificações preparadas para terremotos. O custo para esse tipo de estrutura, no entanto, é seis vezes superior ao de uma edificação normal, segundo estimativa do observatório sismológico de Brasília.

Com isso, o custo de reconstrução do Chile pode chegar ao mesmo patamar do observado no Haiti que chegou a cerca de R$ 25 bilhões (US$ 14 bilhões). Dados divulgados mais cedo pela empresa americana EQECAT, especializada em estimativas de risco, apontou que os danos do terremoto no Chile podem comprometer entre 10% a 15% do PIB (soma das riquezas do país).

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