Poeta de Campo Grande é premiado na China
O poeta campo-grandense José Fernando D´Andréa conquistou o segundo lugar em concurso literário “Eu quero ir a Sichuan” realizado pela Rádio Internacional da China. José Fernando que é professor de Língua Portuguesa e Literatura concorreu com o trabalho “Poema de amor para Sichuan” com centenas de escritores de diversas partes do mundo. Formado em Música […]
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O poeta campo-grandense José Fernando D´Andréa conquistou o segundo lugar em concurso literário “Eu quero ir a Sichuan” realizado pela Rádio Internacional da China.
José Fernando que é professor de Língua Portuguesa e Literatura concorreu com o trabalho “Poema de amor para Sichuan” com centenas de escritores de diversas partes do mundo.
Formado em Música pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), José Fernando é autor de mais de duzentas canções, concebidas ao longo de três décadas.
O autor considera a premiação como um presente e compartilha o feito com a população de Campo Grande cidade que lhe acolheu há 25 anos.
O poeta é autor de quinze livros inéditos e o Poema de Amor a Sichuan é uma homenagem aos habitantes da província chinesa assolada pelo recente terremoto que vitimou centenas de pessoas.
Lista de ganhadores dos prêmios do Concurso “Eu Quero Ir a Sichuan”
1º Lugar
Luiz Henrique Barretto, Brasil
2º Lugar
Cláudio de Oliveira Carvalho, Brasil
José Fernando D’Andréa, Brasil
Nathalia Leal Vitola, Brasil
Ubirajara Marroni Vitola, Brasil
3º Lugar
Amin Najmi, Morocco
Antonio Laurentino R. Garcia, Brasil
Carlos Alberto dos Santos, Brasil
Claudio Gerlach, Brasil
Goumidi Mohamed, Argélia
Hugo Longhi, Argentina
José Gomes Da Silva, Brasil
Robertson Ribeiro dos Santos, Brasil
POEMA DE AMOR PARA SICHUAN
José Fernando D’Andréa
Fragrante como uma pétala de orvalho renasce a primavera no inverno adormecido.
Atravesso o oceano para te contar do meu amor
E em sonhos sobrevôo teus bosques de almíscar, teus aromas de madeira
Tuas águas azuladas como as ondas do vento em que levito
E vou ao encontro de ti.
Nunca te vi, sempre te amei… um velho ditado popular
Agora, contudo, a vida me projeta com seu inevitável ímpeto
E devo voar… voar…
Rumo ao sol que nos aquece e renasce todos os dias
Para viver sua luminosidade e propagar sua bondosa luz
fonte do nosso viver.
Agora devo me lançar aos espaços rumo a ti
Como uma folha levitando por sobre as flores
Como uma nuvem sem tempo nem memória
Apenas levitando… como num sonho
Uma nuvem rumo a ti…
E um nome… música do pensamento… Sichuan
Quero te falar dos mitos antigos,
Dos Venerandos Espíritos que envolvem tuas montanhas.
Quero te falar da força que emana das tuas fontes e cachoeiras
Que purifica o corpo cansado que trabalha no campo
e produz o alimento para a vida dos que correm na cidade…
Quero te falar dos teus bosques e cascatas…
Das pedras que recitam mantras para a correnteza cristalinos do rio…
Da voz silenciosa que envolve tuas noites e imensidões…
Tuas brumas e neblinas… teu céu de névoa e mistério
Aquário das estrelas mais formosas…
Murmuro em teus ouvidos a melodia da amizade.
E vamos felizes por essas veredas de intenso brilho e fulgor inimitáveis…
Quero sentir tua pele em minha pele…
Tocar tuas estradas de lua e os pinheiros que meditam à beira dos lagos
E assim te conhecer com meus olhos ávidos pela Beleza e minhas mãos
Que te escrevem versos nesta manhã… correndo contra o relógio…
Contra relógios que também levitam…
E marcam os milhões de segundos que me afastam de ti.
Dá-me tua mão agora…
Tuas mãos lívidas da mais pura neve elaboradas…
Levitemos pelos espaços… naveguemos as imensidões…
Somos agora a volátil substância do mesmo sonho
Somos agora o orvalho perfumado que evapora e nos envolve
E nos conduz à indizível amplidão… à euforia que nos conduz aos caminhos de lua
Aos caminhos prateados de neblina lunar…
Ò amada, reclina tua cabeça em meu peito…
Suspira nas superiores esferas a leveza olorosa deste levitar…
Mostra o sorriso inigualável… a Alegria incomparável…
O sentimento de Amor e Gratidão, espíritos guardiões dos ancestrais…
Flutua com tuas asas de sonhos por sobre os infinitos de evaporar…
E as águas do inverno, as cascatas congeladas, os outonos e jardins
Serão as miragens em rósea rotação diante de nós.
A Sichuan… Sichuan… teu nome como num sonho
E a longa espera por teu rosto de névoas…
E enigma suave nos olhares e nas paisagens…
Substância etérea do mesmo aromado sonho
Enovelamo-nos e como o perfume dos incensos ascendemos aos ares…
Repara o nosso brilho…
Nota como são leves os acordes dessa música inaudível…
Sente a euforia de Ìcaro nas alturas a sentir a liberdade em seu corpo
Bronzeado pelas centelhas generosas do sol…
Será assim, então:
Sonharei contigo… e comigo sonharás
(pois sei que sonhas)…
Seremos éter e eternidade…
Dissolvidas as lágrimas do passado…
Confortados os corações em agradecimento à vida, misteriosa dádiva
À vida que ressurge em seu esplendor a cada primavera…
A cada nascer do sol… a cada aurora com seu milagre…
Jamais te vi, Beleza imaginada diante dos meus olhos
Sempre te amei… e amarei
Teu nome em meu pensamento… a levitar … a levitar …
Sichuan… Saudade… Sichuan…
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