Jovens haitianos têm expectativas diferentes quanto às eleições
Dois jovens haitianos, que têm em comum a paixão pelo Brasil, manifestam expectativas diferentes com relação às eleições presidencial e parlamentar do Haiti, marcadas para o próximo domingo (28). Em entrevista à Agência Brasil, o estudante de contabilidade Chamyr Jean e o tradutor das forças de paz brasileiras Marc-Arthur St. Surin falam sobre o que […]
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Dois jovens haitianos, que têm em comum a paixão pelo Brasil, manifestam expectativas diferentes com relação às eleições presidencial e parlamentar do Haiti, marcadas para o próximo domingo (28). Em entrevista à Agência Brasil, o estudante de contabilidade Chamyr Jean e o tradutor das forças de paz brasileiras Marc-Arthur St. Surin falam sobre o que esperam do próximo presidente.
Marc-Arthur tem 22 anos e é formado em letras. Depois de aprender a falar português em um curso oferecido pela força brasileira que participa da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), ele começou a trabalhar como intérprete de creole – a língua popular do país – para os brasileiros.
Sua expectativa com relação ao próximo presidente é pessimista. “Nenhum presidente nunca fez nada por minha família. O povo não vai aclamar nenhum candidato como sendo deles. Ninguém fala de nenhum candidato aqui na favela. Para mim, a eleição não vai mudar nada. Os candidatos vão à rádio prometer várias coisas, depois pegam o poder e nada vai mudar”, afirma.
O tradutor diz ainda que teme a possibilidade de violência durante e depois das eleições. “Com a eleição, haverá muitas brigas nas ruas. Vai ter gente que vai morrer. Tenho medo, até porque trabalho com o Exército. Se eu sair em patrulha e tiver tiro, posso morrer”, acrescenta.
Marc-Arthur, morador do Morro do Forte Nacional, área carente próxima ao centro da capital Porto Príncipe, tem uma visão negativa sobre os políticos e o futuro do país e diz que quer morar no Brasil algum dia.
Já Chamyr Jean, de 27 anos, é morador do mesmo bairro de Marc-Arthur, mas tem opinião diferente. Estudante da Universidade Nacional de Administração e de Saúde do Haiti, Chamyr, que não quer morar no Brasil, é otimista.
“Espero que a gente tenha um bom presidente, que possa organizar o país, que possa tornar o país igual aos Estados Unidos, ao Brasil, Canadá ou à França. Que possa fazer do Haiti um país melhor”, afirma.
Para Chamyr, os problemas de seu país são vários, principalmente nas áreas de educação e saúde, e nenhum presidente vai resolvê-los todos. “Acredito que há candidato capaz de fazer o Haiti evoluir”.
O Haiti tem 19 candidatos à Presidência. Entre os mais cotados para substituir René Préval, que deixa o governo em fevereiro do ano que vem, estão Jude Celestin, apoiado por Préval, e a oposicionista Mirlane Manigat.
A campanha eleitoral vem sendo marcada por manifestações e confrontos entre partidários de candidatos e militares da Minustah. Agências de notícias divulgaram hoje que duas pessoas morreram segunda-feira (22) em um confronto entre partidários de Celestin e do candidato Charles Henri Baker, no sudoeste do Haiti.
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