Lutar contra o câncer é uma das tarefas mais duras da medicina. Primeiro porque a doença, quando atinge a fase avançada, é um inimigo muito forte. Para vencê-lo, é preciso usar estratégias de ação tão intensas que é inevitável que células sadias sejam atingidas. Este é mais um problema que atormenta os especialistas. Mas agora a ciência começa a concentrar esforços numa linha de remédios criados para atingir somente os tumores. São as terapias de alvos direcionados (targeted therapies, em inglês), um dos destaques do 38º encontro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, o mais importante congresso de câncer do mundo, que aconteceu na semana passada em Orlando, nos Estados Unidos.

Com drogas desse gênero, o ataque às células malignas deve ser mais eficaz. “É como jogar a granada mais perto do bandido do que do mocinho. No tratamento comum, eles são confundidos. A estratégia representa o futuro da oncologia”, avalia Antônio Carlos Buzaid, diretor executivo do Centro de Oncologia doHospital Sírio-Libanês, de São Paulo, que dirigiu uma das mesas de discussões do congresso.

Qualquer célula do corpo, sadia ou não, usa sinais, como a produção de proteínas, para crescer e se multiplicar. O câncer é o resultado de um crescimento desordenado das células malignas. Ou seja, nessa situação os sinais se expressam mais do que deveriam. A terapia de alvos direcionados, usada em conjunto com a quimioterapia, consegue “desligar” esse mecanismo.

Foi o que mostrou a pesquisa conduzida pelo oncologista Mark Kris, do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos. O trabalho, apresentado no congresso, apontou que um remédio experimental do gênero targeted therapy, combinado com medicamentos tradicionais, conseguiu diminuir o tamanho de tumores de pulmão. Durante seis meses, Kris testou uma pílula batizada de Iressa em 216 pacientes. Deles, 12% tiveram os tumores reduzidos pela metade. Além de “encolher” o inimigo, a substância ajudou a atenuar os efeitos colaterais da quimioterapia. Os doentes sentiram menos náusea e sofreram menor queda de cabelo. No entanto, em cerca de um terço dos pacientes o câncer
se manteve estável.

O Iressa, do laboratório AstraZeneca, bloqueia as mensagens, determinando que as células malignas se multipliquem. “O remédio é um dos primeiros de uma nova geração de medicamentos para tratar o câncer de pulmão. O que ele faz é fornecer um caminho a mais para lutar contra a doença”, diz Kris. Na comunidade médica dos Estados Unidos estima-se que a droga seja liberada pelo Food and Drug Administration, órgão americano responsável pela autorização de venda de medicamentos, até o final do ano. Outro remédio de terapia de alvos direcionados que está em estudo é o Tarceva, da OSI Pharmaceuticals. Ainda não há previsão de quando esse produto será lançado. “Ele funciona do mesmo jeito que o Iressa, mas tem estrutura química diferente. As informações iniciais garantem que a droga também é eficaz para o câncer de pulmão”, afirma Kris.

De acordo com Julisa Ribalta, onco-ginecologista da Universidade Federal de São Paulo, os alvos do tratamento dirigido podem atingir também as substâncias que estimulam a formação dos vasos sanguíneos que alimentam o tumor. “A criação desses remédios está sendo possível porque estamos conseguindo entender mais detalhadamente os mecanismos celulares”, comenta Julisa. Além disso, a pesquisadora acredita que, no futuro, o combate ao câncer se beneficiará também de conhecimento genético mais apurado. As informações ajudarão a compreender mais profundamente, por exemplo, como o organismo reage ao ataque do inimigo. “Com isso, seremos capazes de melhorar essa resposta”, diz. Dessa forma, o cerco à doença se fechará ainda mais.

Foi o que mostrou a pesquisa conduzida pelo oncologista Mark Kris, do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos. O trabalho, apresentado no congresso, apontou que um remédio experimental do gênero targeted therapy, combinado com medicamentos tradicionais, conseguiu diminuir o tamanho de tumores de pulmão.

Durante seis meses, Kris testou uma pílula batizada de Iressa em 216 pacientes. Deles, 12% tiveram os tumores reduzidos pela metade. Além de “encolher” o inimigo, a substância ajudou a atenuar os efeitos colaterais da quimioterapia. Os doentes sentiram menos náusea e sofreram menor queda de cabelo. No entanto, em cerca de um terço dos pacientes o câncer
se manteve estável.

O Iressa, do laboratório AstraZeneca, bloqueia as mensagens, determinando que as células malignas se multipliquem. “O remédio é um dos primeiros de uma nova geração de medicamentos para tratar o câncer de pulmão. O que ele faz é fornecer um caminho a mais para lutar contra a doença”, diz Kris. Na comunidade médica dos Estados Unidos estima-se que a droga seja liberada pelo Food and Drug Administration, órgão americano responsável pela autorização de venda de medicamentos, até o final do ano. Outro remédio de terapia de alvos direcionados que está em estudo é o Tarceva, da OSI Pharmaceuticals. Ainda não há previsão de quando esse produto será lançado. “Ele funciona do mesmo jeito que o Iressa, mas tem estrutura química diferente. As informações iniciais garantem que a droga também é eficaz para o câncer de pulmão”, afirma Kris.

De acordo com Julisa Ribalta, onco-ginecologista da Universidade Federal de São Paulo, os alvos do tratamento dirigido podem atingir também as substâncias que estimulam a formação dos vasos sanguíneos que alimentam o tumor. “A criação desses remédios está sendo possível porque estamos conseguindo entender mais detalhadamente os mecanismos celulares”, comenta Julisa.

Além disso, a pesquisadora acredita que, no futuro, o combate ao câncer se beneficiará também de conhecimento genético mais apurado. As informações ajudarão a compreender mais profundamente, por exemplo, como o organismo reage ao ataque do inimigo. “Com isso, seremos capazes de melhorar essa resposta”, diz. Dessa forma, o cerco à doença se fechará ainda mais.