Bastidores desagradam Muricy: “se quiser, me manda embora”

Técnico diz que sofre por ser correto

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Técnico diz que sofre por ser correto

Muricy Ramalho foi bastante pressionado após a derrota do São Paulo para o Corinthians, na última quarta-feira, em Itaquera, pela primeira rodada da Copa Libertadores da América. O técnico viu a Independente, principal organizada do clube, publicar texto pedindo a sua saída nas redes sociais, mas, neste sábado, testemunhou reação diferente dos torcedores presentes ao Morumbi na goleada tricolor por 4 a 0 sobre o Grêmio Osasco Audax, pelo Campeonato Paulista: foi ovacionado pelas arquibancadas e teve o seu nome gritado até mesmo por membros uniformizados.

Este paradoxo chamou a atenção não só de jornalistas, como também do próprio treinador. Após a partida, Muricy concedeu entrevista coletiva um tanto quanto calma, mas, no fim, elevou o tom de voz ao relatar que movimentos internos no clube estão o desagradando. O comandante são-paulino colocou o dedo indicador em riste e pareceu usar o microfone da sala de imprensa do Morumbi para mandar um recado direto a quem quer vê-lo fora do clube em breve.

 “Eu comecei aqui no São Paulo com nove anos de idade. Não é nem a minha segunda casa. É minha primeira. A torcida sabe do trabalho que eu faço aqui. Ela é muito grata. Claro que tem pessoas que querem fazer o torcedor pensar diferente. Mas eu estou aqui há anos e sei de todos os movimentos. E eu não estou gostando dos movimentos. Mas estou atento a tudo isso aí. Estou ligado. A gente tem de ser mais São Paulo. Eu incomodo mesmo. O que me interessa é o clube em primeiro lugar. Se me quiser fora, tem de mandar embora. É simples”, avisou, claramente irritado.

Especula-se que, neste momento, a relação entre Muricy e Carlos Miguel Aidar não seja a das melhores. Tudo por causa da amizade que o treinador tem com o antigo presidente tricolor, Juvenal Juvêncio – desafeto do atual principal dirigente são-paulino. Isto, contudo, não assusta o técnico, que, em outro momento “tenso” da coletiva deste sábado, enfatizou que sua vida e relações pessoais não devem interessar a ninguém.

 “Eu falo com quem eu quiser”, declarou, antes de repetir esta mesma frase em torno de quatro vezes ao longo dos minutos seguintes. “Tenho meu emprego e, não preciso agradar ninguém. Ninguém me proíbe de nada. O negócio aqui é trabalhar. Respeito e gosto do Juvenal para caramba. É a minha vida. Se as pessoas não estiverem satisfeitas, eu saio. Sou um cara sério e é difícil para caramba ser assim. Estou sofrendo por ser deste jeito”, acrescentou.

Muricy Ramalho começou a sua terceira passagem como treinador do São Paulo no segundo semestre de 2013. Ele foi contratado para evitar o rebaixamento tricolor à Série B e conseguiu. No ano seguinte, foi vice-campeão brasileiro, semifinalista da Copa Sul-Americana, mas passou a sofrer pressão pela ausência de títulos. O ano de 2015, então, é crucial para a sua permanência no clube – até porque seu contrato se encerra em dezembro. No primeiro desafio da temporada, contudo, Muricy escalou time questionável e perdeu para o Corinthians em Itaquera, antes de ele mesmo dizer que o São Paulo “só tinha técnica”. Ataíde Gil Guerreiro, vice-presidente, deu respaldo ao técnico, mas, ao que parece, tal confiança não é nutrida por Carlos Miguel Aidar.

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