2016 teve 1 escândalo por mês em MS com políticos e quadrilhas na mira
Você lembra das investigações que estouraram durante este ano?
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Você lembra das investigações que estouraram durante este ano?
Em 2016, o que não faltou foi gente acordando cedo em Mato Grosso do Sul com a polícia na porta de casa ou ainda no trabalho, com ordem de prisão ou de busca e apreensão de documentos, como parte das operações deflagradas para combater e investigar crimes, seja do tráfico, seja de corrupção e desvio de dinheiro público. Por aqui, o único ‘descanso’ foi no mês de janeiro, das férias. Mas de fevereiro a dezembro, as operações tiram criminosos de circulação, apreenderam armas, drogas, dinheiro, contrabando e deram ‘prejuízo’ a organizações especializadas em crimes. No mundo político e empresarial, personagens conhecidos de todos acabaram de trás das grades, alvo das investigações de esquemas de corrupção com o dinheiro público. Foi um ano, como se sabe, bastante intenso. Veja a sequir, mês a mês, as operações que mais renderam assunto.
Fevereiro
Operação Matterelo – O mês começou com um vereador de Aral Moreira, quatro parentes dele e outras três pessoas presas no dia 2, em ação da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul e outros cinco estados brasileiros, para investigar esquema internacional por tráfico de drogas. A investigação vinha desde 2011, quando foi descoberto que a quadrilha adquiria maconha e cocaína da fronteira do Estado e distribuía a droga para São Paulo, Paraná, Pernambuco e Mato Grosso. No Estado, a ação foi realizada em Aral Moreira, Ponta Porã, Dourados e Dois Irmãos do Buriti. Operação em Paranhos – Equipes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal recolheram cópias de vários documentos da Prefeitura Municipal e também da Biblioteca Municipal de Paranhos, a 466 quilômetros de Campo Grande. A operação investigava o superfaturamento na compra de materiais escolares por parte do prefeito Júlio César de Souza (PDT).
Operação em Rio Brilhante – No dia 24, agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) vasculham a Câmara Municipal do município, distante 158 km da Capital, para investigar a ‘farra das diárias’, com dinheiro público. Os agentes conduziram cinco vereadores e o gerente administrativo da Casa de Leis até o Ministério Público da cidade, para prestar depoimento. Seis meses depois, em agosto, seis vereadores foram afastados, entre eles o presidente da Casa, Sérgio Carlos Martins Rigo (Pros).
Março
Operação Resistência – Cinco pessoas foram presas em Campo Grande, suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas na região de Bauru (SP). Segundo informações, as investigações localizaram duas organizações criminosas voltadas ao narcotráfico atuando por ali. Foram expedidos a 25 mandados de prisão, mas até o momento 21 pessoas foram presas na operação, 18 delas nesta manhã e outras três anteriormente, durante as investigações, que começaram em junho de 2015. Destas cinco pessoas em Campo Grande, 10 em Bauru (SP), uma em Araras (SP) e outra em Perdaneiras (SP), todas envolvidas com narcotráfico.
Operação Quinta Roda – A Polícia Federal de Araçatuba (SP) deflagrou neo dia (29) ação contra o tráfico internacional de drogas, com mandados de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul, além de mais três estados. O nome fazia alusão ao local onde o entorpecente teria sido transportado, a quinta roda de um caminhão. A investigação resultou na apreensão de oito caminhões, dois veículos, 560 quilos de cocaína, 26.600 quilos de maconha, um fuzil 5.56, uma pistola 9mm e mais de 160 mil dólares, além da prisão em flagrante de 11 indivíduos ligados ao grupo criminoso. Foram feitas 29 prisões, apreendidos 10 veículos, 10 mil dólares e 105 mil reais.
Abril
Lava Jato em MS – Dois empresários de Mato Grosso do Sul, do ramo da publicidade, foram citados na 27ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada no dia primeiro de abril: Giovane Favieri e Armando Peralta. A operação, que nesta fase investigou a participação de Ronan Maria Pinto em recebimento de parte do empréstimo fraudulento das mãos do empresário José Carlos Bumlai, que tem negócios em Mato Grosso do Sul, foi feita para apurar qual foram os fins dados à metade do empréstimo dado a Ronan, de R$ 6 milhões, e o que teria acontecido com a outra metade. A intermediação desse empréstimo teria passado pelas mãos dos empresários de Mato Grosso do Sul, Favieri e Peralta, que na época foram marqueteiros do então prefeito de Campinas. Em 2009, os empresários também foram investigados em suposto esquema de corrupção por desvio de dinheiro público, segundo matéria do Jornal Midiamax.
Maio
Lama Asfáltica – Fazendas de Lama – Foi deflagrada no dia 10 de maio a segunda fase da operação iniciada em 2015, com a prisão de 15 pessoas pela Polícia Federal, suspeitas de participação em desvios de dinheiro público em obras do governo do Estado na gestão de André Puccinelli. Foram presos Edson Giroto, ex-deputado federal; André Luis Cance, ex-adjunto da Secretaria de Fazenda; João Amorim, proprietário da empreiteira Proteco; Flavio Henrique Garcia, empresário; Wilson Roberto Mariano de Oliveira, ex-diretor da Agesul; Helio Yudi Komiama, ex-gerente de obras viárias da Agesul; Evaldo Furrer Matos, administrador de fazenda em Rio Negro; Ana Paula Amorim Dolzan, filha de João Amorim; Ana Lúcia Amorim, filha de João Amorim; Renata Amorim Agnoletto, filha de João Amorim; Mariane Mariano de Oliveira, filha de Beto Mariano, Ana Cristina Pereira da Silva, ligada a Cance; Maria Casanova – ex-diretora da Agesul; Elza Cristina Araujo, secretária e sócia de João Amorim. Todos foram soltos e a investigação de lavagem de dinheiro, com o uso dos recursos desviados para a compra de propriedades rurais, prossegue.
Operação Falange – No dia 12, a Polícia Federal saiu às ruas para cumprimento de 19 mandados de prisão temporária, 30 mandados de busca e apreensão e 5 mandados de condução coercitiva – condução de pessoa para a delegacia para prestar depoimento. O centro da operação foi Ribeirão Preto (SP), mas ela ao Mato Grosso do Sul. A operação investigou tráfico de drogas com ramificações nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, rota do tráfico pela fronteira com o Paraguai. Foram presas 11 pessoas e apreendidos 73,5 quilos de maconha e 402,2 quilos de cocaína, segundo a PF.
Junho
Operação Nevada – A PF (Polícia Federal) deflagrou na manhã do dia, a ação nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Mato Grosso do Sul, contra organização criminosa especializada no tráfico transnacional de cocaína e lavagem de ativos, por meio de uma garagem de veículos. Cerca de 160 foram destacados para cumprir 20 mandados de prisão preventiva, 7 mandados de condução coercitiva, 31 mandados de busca e apreensão, além de 47 mandados de sequestro de veículos nos municípios de Campo Grande, Bonito e Bodoquena/MS, Rondonópolis/MT, São Paulo, Guarulhos, Suzano, São Bernardo do Campo Grande e Guarujá/SP, expedidos pela 3a Vara Federal de Campo Grande/MS. A operação foi batizada de “Nevada”, em referência ao endereço de residência dos líderes da organização criminosa em Campo Grande. A investigação apurou a compra de bens imóveis cujos valores ultrapassam R$ 5 milhões, além de veículos de luxo, alguns avaliados em mais de R$ 400 mil, em concessionárias de Campo Grande/MS. O “testa de ferro” da organização, somente entre os anos de 2010/2014, movimentou mais de R$ 14 milhões.
Julho
Lama Asfáltica – Aviões de Lama – A terceira fase da operação foi iniciada no dia 7 de julho. Polícia Federal, Controladoria Geral da União e Receita Federal estiveram envolvidas, com a intenção de desmantelar grupo criminoso que desviava recursos públicos de contratos de obras públicas, fraudes em licitações e recebimento de propinas que resultou em crimes de lavagem de dinheiro. Dessa vez, a compra de aviões com dinheiro desviado foi alvo da ação. O ex-secretário de Obras, Edson Giroto, o cunhado dele, Flavio Henrique Garcia Scrocchio e o empreiteiro João Amorim foram presos, e depois novamente colocados em liberdade. Na época, foi informado que a alienação de aeronave no valor de R$ 2 milhões indicou prática ilegal do grupo, para divisão dos valores obtidos de forma irregular.
Operação Hashtag – Em meio à realização das Olimpíadas do Rio de Janeiro, o campo-grandense Leonid El Kadri, morador em Campos de Júlio (MT), foi um dos 10 presos sob suspeita de planejar atos terroristas. Ele foi apontado como integrante de suposta célula do Estado Islâmico se articulava, ele utilizava o codinome ‘Abu Khaled’.
Agosto
Operação Meteoro – Na madrugada do dia 10, cerca de 40 policiais civis da Capital estiveram em Jaraguari, distante 47 quilômetros de Campo Grande, para fazer busca e apreensão na Prefeitura, Câmara de vereadores da cidade e em comércios locais. A suspeita, segundo informações preliminares, era de fraude e superfaturamento em licitações e falsidade ideológica praticada, em tese, pelo prefeito e mais três vereadores da cidade com pouco mais de 6 mil habitantes.
Operação Pecúnia – A Justiça determinou no dia 15 de setembro, a prisão do ex-prefeito de Campo Grande Gilmar Olarte (PROS), da mulher dele Andréia Nunes Zanelato Olarte, e ainda de Evandro Simões Farinelli e Ivamil Rodrigues de Almeida, que seriam comparsas do casal num esquema de lavagem de dinheiro, associação criminosa e falsidade ideológica. O casal ficou preso por 43 dias, com pagamento de fiança de R$ 30 mil e uso de tornozeleira. Eles já são réus nesta ação.
Setembro
Operação Água Benta – Conjunta entre Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) dos Ministérios Públicos do Paraná e Mato Grosso do Sul, teve como alvo uma organização criminosa que desviava cargas, em geral de alimentos. O grupo agia em cidades paranaenses e sul-mato-grossenses, aliciava motoristas de caminhões, no nome dos quais registrava os veículos, para que se cadastrassem junto a transportadoras.Os cabeças da organização, segundo informado, eram de Dourados, a segunda maior cidade de MS. Segundo o MPE-MS, os agentes cumpriram sete mandados de prisão preventiva, quatro mandados de condução coercitiva e nove mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados, Brasilândia, Três Lagoas, Cassilândia e Corumbá.
Operação Caldeirão – No dia 9, a Polícia Federal cumpriu 15 decisões judiciais, sendo 12 em Campo Grande e três em Ponta Porã. Na Capital três prisões foram feitas. Uma garagem na Avenida Manoel da Costa Lima também foi alvo dos policiais que estavam na busca de documentos. Em uma residência localizada na Rua Dracma esquina com a Rua Santana, no Bairro Portinho Pache, foram levados vários malotes. A casa estava vazia, segundo vizinhos.á Lava Jato em MS – O empresário Thiago Nunes Cance, um dos proprietários da Move Club e da antiga Woods, foi alvo da 35ª fase da Operação, em Campo Grande. Ele foi levado coercitivamente por agentes da PF (Polícia Federal) para prestar depoimento. Thiago, que é filho de Aurélio Cance, ex-diretor de Planejamento da Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A), atuante no interior paulista, e que chegou a ser condenado por corrupção, formação de quadrilha e fraude em licitação, pode estar envolvido no pagamento de propina desviada de obras públicas algum tempo.
Outubro
Operação Shark – A Polícia Civil de Paranaíba, a 407 quilômetros de Campo Grande, apreendeu munições, armas de alto poder de destruição e explosivos, na segunda-feira (17). Sharlon Alves Garcia, de 41 anos, foi preso durante a ação policial, com os armamentos e também objetos furtados. A investigação durou 3 meses. Dois quilos de dinamite, material geralmente usado por assaltantes de banco, além de objetos de procedência duvidosa, como dois motores de barco e petrechos de pesca, foram recuperados pelos policiais. Segundo os investigadores, a quantidade de explosivo encontrada era suficiente para explodir vários caixas eletrônicos. Também foram apreendidas três armas, uma garrucha, um revólver e um fuzil, com capacidade de atingir com precisão um alvo localizado a dois mil metros de distância e de perfurar coletes a prova de balas e veículos blindados. Mais de 700 munições, entre calibres restritos e permitidos, além de vasto material de recarga, foram encontradas com Sharlon, que acabou preso em flagrante.
Novembro
Operações Nova Aliança e Cavalo Doido – Simultâneas, desmantelaram organização criminosa que plantava maconha no Paraguai para trazer ao território brasileiro e movimentava R$ 1 bilhão. A droga passava Mato Grosso do Sul e chegava até o Distrito Federal. O ‘chefão’, principal articulador, morava no Estado. Foram encontrados 27 toneladas de maconha, 58 acampamentos em 208 hectares. Somada a outra operação feita em julho, totalizou 645 toneladas de maconha apreendidas, cerca de 1 mil hectares de plantação. O lucro da organização criminosa, segundo a Senad paraguaia, chegava a US$ 19 milhões, uma vez que no Paraguai o preço do quilo de maconha é 30 dólares. O envio do grupo tinha como 80% do destino o Brasil. Os investigadores da PF conseguiram identificar uma das rotas do grupo, que entrava pela fronteira entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã, e chegava a Goiás e Distrito Federal.
Operação Ethos – A circulação de uma ‘lista’ com nomes e dados pessoais de policiais civis e militares supostamente marcados pela facção criminosa PCC espalhou pânico entre servidores da segurança pública de Mato Grosso do Sul, no dia 22. Imagens do ‘documento’, feito à mão e com tabela de detalhes dos profissionais, como dados de transferências e se têm filhos, circularam em redes sociais com a informação de que seriam ‘marcados para morrer’. Esse temor seria a causa da operação, do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil de São Paulo, que prendeu 33 pessoa, maioria advogados, todas suspeitas de ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em várias cidades do Estado de São Paulo. Ao todo, a força-tarefa cumpria 41 mandados de prisão, busca e apreensão dados pela Justiça contra o crime organizado.
Dezembro
Operação Urutau – O Gaeco (Grupo de Repressão e Combate ao Crime Organizado) cumpriu mandados na Seleta (Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária) e na Omep (Organização Mundial para Educação Pré-Escolar). A investigação mirou as contratações suspeitas feitas pelas duas entidades com a Prefeitura de Campo Grande, alvos de ação do Ministério Público, envolvendo a suspeita de existência de fantasmas e outras irregularidades nos contratos de 4,3 mil funcionários terceirizados. Ao todo foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão de documentos, feitas três prisões temporárias e sete conduções coercitivas com os dirigentes, prestadores de serviços e funcionários dos locais. Houve buscas na Câmara Municipal de Campo Grande.
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