Taxas de juros recuam com ambiente externo, mas sessão é de liquidez fraca

Após alternarem viés de alta e de baixa ao longo do dia, os juros futuros acabaram fechando a etapa regular em queda moderada nos vencimentos intermediários e longos, e estáveis na ponta curta. A perda de inclinação da curva, definida na última meia hora de negócios, coincidiu com alívio nos Treasuries, com os yields desacelerando […]

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(Agência Brasil)

Após alternarem viés de alta e de baixa ao longo do dia, os juros futuros acabaram fechando a etapa regular em queda moderada nos vencimentos intermediários e longos, e estáveis na ponta curta. A perda de inclinação da curva, definida na última meia hora de negócios, coincidiu com alívio nos Treasuries, com os yields desacelerando a alta e rondando os níveis anteriores. De maneira geral, a terça-feira foi morna, com liquidez novamente escassa e investidores em busca de um gatilho para operar.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) mais negociado foi o janeiro de 2024, com 228,3 mil contratos, bem abaixo da média diária de 584,9 mil vista nos últimos 30 dias. Fechou com taxa de 12,825%, de 12,837% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,63% para 11,60% e a do DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,45%, de 11,48%.

Com a empolgação de Wall Street assegurada por balanços corporativos, nesta terça com resultados do Goldman Sachs, o mercado de juros se ressentiu da agenda doméstica reduzida e mesmo eventos externos não conseguiram turbinar a dinâmica das taxas.

Nos Estados Unidos, a produção industrial veio acima do esperado, mas, de outro lado, o índice de confiança das construtoras caiu mais do que o previsto. “Enquanto o dado da indústria mostra uma economia americana ainda resiliente, o do setor imobiliário reforça uma desaceleração mais à frente”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Para Rostagno, a reformulação do pacote fiscal no Reino Unido, anunciada na segunda-feira, ainda sustentou certa tranquilidade nos mercados, mas as persistentes fontes de tensão externa acabaram por limitar o apetite pelo risco, “seja pela questão da guerra na Ucrânia, preocupações com economia dos EUA, China e agora protestos na França”.

Nos Treasuries, as taxas estiveram pressionadas para cima em boa parte da sessão, mas arrefeciam no fim do dia, com a da T-Note de dez anos abaixo de 4% (4,01% na segunda). No câmbio, o dólar chegou a cair abaixo de R$ 5,25 nas mínimas, para fechar em R$ 5,2547 (-0,91%).

No Brasil, a agenda de indicadores contemplou o IGP-10 de outubro, com deflação de 1,04%, praticamente em linha com a mediana de -1,02%, sem força para provocar reações na curva. As questões fiscais embutidas na corrida eleitoral continuam no radar, nesta terça com noticiário movimentado, mas também absorvido sem grande repercussão.

Depois do governo anunciar programas de renegociação de dívidas e de crédito para empreendedorismo feminino da Caixa nos últimos dias, o Conselho Curador do FGTS aprovou nesta terça o uso de recursos futuros do fundo para o pagamento de parcelas de financiamentos imobiliários. Anunciada a poucos dias do segundo turno, a medida pode turbinar o Programa Casa Verde Amarela e a operação funcionará como um consignado com base em depósitos que as empresas ainda farão nas contas individuais dos empregados.

Atrás nas pesquisas de intenção de votos, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) ordenou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que anuncie uma medida econômica a cada pelo menos dois dias até o segundo turno. O assessor especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia, Rogério Boueri, disse ao Broadcast que o pedido ainda “não chegou ao chão de fábrica”, mas que, “assim que essa demanda chegar, estaremos prontos para atuar”.

“O mercado trabalha com um risco fiscal maior caso Lula seja eleito. Então, a percepção é de que, no limite, as medidas podem favorecer a eleição de Bolsonaro. Ainda, são medidas de curto prazo e, passada a eleição, deve-se retomar o bom senso fiscal”, avalia Rostagno.

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