Inflação e fim de benefícios fazem pobreza aumentar durante a pandemia em MS
Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), destaca que a velocidade do aumento da pobreza e da concentração de renda foram semelhantes
Elias Luz –
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A Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar) de Mato Grosso do Sul apresenta dois dados que revelam o que muita gente já sabe: os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres. O único ponto em comum é a velocidade da comprovação destes dois fatos: acelerada. Motivos não faltam: fim do auxílio emergencial, inflação galopante, juros elevados, falta de crédito disponibilizado, recuperação lenta do emprego formal e diminuição dos investimentos em todos os setores da economia.
Realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Pnad, que é elaborada anualmente e divulgada com um ano de defasagem, revela que de um total de R$ 3,9 bilhões pagos em salários em 2021 por mês – na chamada massa de rendimento mensal domiciliar per capita – a fatia de 1% dos mais ricos ficou com R$ 456 milhões ano passado. Em 2020, o número médio mensal foi de R$ 360 milhões e, em 2019, ficou em R$ 399 milhões. Os números mostram que os mais ricos perderam no auge da pandemia, mas já recuperaram tudo e ultrapassaram o patamar de antes da proliferação da Covid-19.
Na outra ponta, entre os mais pobres, os números vêm decaindo. De acordo com a Pnad de Mato Grosso do Sul, em 2021 os 10% mais pobres ficaram com R$ 50 milhões dos salários pagos por mês em média. Em 2020, o número ficou em R$ 60 milhões e, em 2019, o resultado apontou para R$ 55 milhões. Um cálculo feito por Fernando Gallina, um dos coordenadores do IBGE no Estado, mostra 38% da população mais pobre recebe, coletivamente, a remuneração de 1% dos mais ricos. Outros grupos de pobreza também perderam renda. Entre os 20% mais pobres, por exemplo, em 2021 a renda deles mensal foi de R$ 107 milhões. Já em 2020 foram R$ 117 milhões e em 2019 o valor mensal ficou em R$ 115 milhões.
Quando a análise parte para os 30% mais pobres, ou seja, chegando a um terço da população, a massa de rendimento mensal domiciliar per capita continua apontando para o aumento da pobreza em Mato Grosso do Sul. Isso porque a média mensal da Pnad do IBGE mostra que este grupo recebeu R$ 146 milhões do total pago em salários por mês em 2021. Em 2020, o número foi de R$ 153 milhões e, em 2019, de R$ 150 milhões. A situação começa a mostrar uma ligeira mudança quando a Pnad atinge os 40% mais pobres. Este grupo ficou com R$ 196 milhões dos salários mensais em 2021. No entanto, em 2020 ficaram com R$ 198 milhões – evidenciando uma pequena perda. Porém, na comparação com 2019, os 40% mais pobres ficaram com R$ 190 milhões, deixando claro que em um intervalo de dois anos houve melhoria, embora em marcha lenta.
A partir do momento em que a Pnad chega em 50% da massa de rendimento mensal domiciliar per capita, os resultados apontam para estabilidade, mostrando que a classe média foi afetada negativamente e teve melhorias na renda. Em 2021, este grupo ficou com R$ 234 milhões dos salários pagos, em 2020 subiu para R$ 245 milhões, mas em 2019 recebeu R$ 233 milhões. Isso significa que até o início da classe média a situação financeira não está boa e que a elevação registra no ano de 2020 é decorrente da política de auxílio de renda implantada no país no auge da pandemia e retirada de forma repentina, a partir do momento em que a vacinação começou a dar resultado e o número de óbitos despencar, aliviando o setor de saúde público e privado do país.
A roda começa a girar em outro sentido entre os 40% mais ricos. Neste caso, começa a entrar nas estatísticas a parte da população que está se dando bem financeiramente. Este grupo, em 2021, abocanhou R$ 296 milhões por mês; em 2020, R$ 289 milhões e, em 2019, R$ 281 milhões. O grupo dos 30% mais ricos comprova-se o fato de que houve gente com dinheiro que perdeu recursos financeiros com a pandemia. Isso porque este grupo ficou com R$ 328 milhões do salários, em 2020 chegou a ter R$ 346 milhões e, em 2019, a quantia foi de R$ 341 milhões.
Entre os 30% mais ricos, a massa de rendimento mensal domiciliar per capita mostra que em 2021 os valores pagos mensalmente chegaram a R$ 437 milhões, em 2020 ficou em R$ 430 milhões e em 2019 chegou a R$ 440 milhões, o que mostra uma recuperação forte. Entre os 20% mais ricos, os números aponta para a estabilidade: R$ 616 milhões na média mensal de 2021, R$ 615 milhões em 2020 e R$ 622 milhões em 2019. Entre os 5% menos ricos, quando se entra no grupo dos 10% mais abastados, os valores pagos em 2021 foram de R$ 472 milhões, em 2020 483 milhões e, em 2019, R$ 466 milhões.
Entre os 4% mais ricos (dentro dos grupo dos 10% mais abastados) o montante pago, na média mensal, em 2021 foi de R$ 635 milhões, contra R$ 604 milhões em 2020 e R$ 617 milhões em 2019. Já o grupo de 1% dos mais ricos ficou com R$ 456 milhões ano passado. Em 2020, o número médio mensal foi de R$ 360 milhões e, em 2019, ficou em R$ 399 milhões. Agora é aguardar os resultados da próxima Pnad.
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