Dólar sobe 0,98% em dia de ajustes, mas termina a semana em queda de 1,19%

Afora uma leve oscilação nos primeiros minutos de negócios

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Após o tombo de 1,74% na quinta-feira, o dólar à vista se recuperou no pregão desta sexta-feira, 12, amparado por três pilares: ajustes técnicos, com remontagem de posições defensivas, cautela pré-feriado de 15 de novembro e ambiente externo não tão favorável a divisas emergentes, a despeito do fortalecimento do peso mexicano, o principal par do real.

Afora uma leve oscilação nos primeiros minutos de negócios, quando chegou a romper o piso de R$ 5,40 e marcou a mínima do dia a R$ 5,3947, o dólar trabalhou sempre com sinal positivo. No período da tarde, a moeda americana acelerou os ganhos e chegou a ser negociada no patamar de R$ 5,46, registrando máxima a R$ 5,4689. No fim da sessão, o dólar era cotado a 5,4569, em alta de 0,98%. Apesar da valorização desta sexta, a moeda norte-americana encerra a semana em queda de 1,19% e já acumula perda 3,35% em novembro, após ganhos de 3,67% em outubro.

Segundo analistas, a aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados minimizou, por ora, o fantasma de descontrole das contas públicas, com eventual extensão do auxílio emergencial, e abriu espaço para realinhamento dos preços dos ativos domésticos As incertezas quando a tramitação da PEC no Senado e os dados fracos da economia brasileira ainda mantém, contudo, uma parcela dos investidores na defensiva.

Para Sérgio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital, a alta do dólar nesta sexta-feira é fruto de um movimento correção após a forte queda de quinta-feira, estimulada pela aprovação da PEC dos Precatórios em segundo turno na Câmara e pela valorização das commodities metálicas. “Hoje, até em função do feriado na segunda-feira, é natural que muita gente não queira ficar exposto ao risco. O dólar testou o nível importante de R$ 5,40, que acabou atraindo compradores”, diz Zanini, em referência ao feriado de 15, em que o mercado local de câmbio estará fechado

Zanini se diz otimista com o real no curto prazo e ver espaço para a taxa de câmbio trabalhar abaixo de R$ 5,40, se o “exterior ajudar” e não houver sinais de complicação na tramitação da PEC dos Precatórios no Senado. “Se não tiver nenhuma notícia negativa, na terça-feira os ativos brasileiros devem melhorar um pouco mais”, diz o gestor da Galapagos. “O principal foco de nervosismo ainda é a PEC dos Precatórios e o Auxílio Brasil. Vencendo essa etapa, podemos voltar a ficar mais correlacionados ao resto do mundo, pelo menos até começar a enfrentar a eleição”.

O operador Hideaki Iha, da Fair Corretora, classifica alta do dólar na sessão desta sexta com um ajuste técnico, com o mercado buscando um reequilíbrio após as quedas recentes, exacerbadas por ordens de zeragem de posições na esteira da aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara. Ele vê a tramitação da proposta no Senado como mais desafiadora, o que pode provocar novos solavancos na taxa de câmbio. “O dólar desceu muito rápido e chegou ser negociado em R$ 5,39 porque bateu stop loss (ordens para limitação de perdas). E agora está voltando um pouco. Existe também esse clima de cautela em razão do feriado”, diz Iha, que chama a atenção para preocupações com a combinação de inflação elevada e desaceleração da economia.

Pela manhã, o IBGE informou que o volume de serviços prestados caiu 0,6% em setembro ante agosto (na série com ajuste sazonal), abaixo do piso de estimativas de Projeções Broadcast, de queda de 0,4%. A mediana era positiva em 0,5%. Na quinta, o resultado das vendas do varejo em setembro já havia decepcionado (queda de 1,3% no conceito restrito) e, na quarta-feira, o IPCA de outubro veio acima das expectativas, ao registrar alta de 1,25%.

O economista-chefe do Banco Itaú, Mário Mesquita, prevê dólar na casa de R$ 5,50 até o fim do ano que vem, mas vislumbra a eventual abertura de uma janela de apreciação do real no primeiro trimestre de 2022. A aprovação definitiva da PEC dos Precatórios, na visão de Mesquita, vai delimitar os fiscos fiscais. Assim, o real pode se beneficiar do avanço da taxa Selic para o campo de dois dígitos, que vai aumentar o diferencial entre os juros internos e externos,já que o mundo desenvolvido segue trabalhando com juros próximos a zero. “Vejo espaço para a moeda se fortalecer no inicio do ano que vem”, comentou Mesquita.

 

 

 

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