Após balanço, ações da Petrobras seguem rumos distintos

Enquanto a primeira tem se valorizado, a segunda segue oscilando no mercado

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Enquanto a primeira tem se valorizado, a segunda segue oscilando no mercado

Pivô de um esquema de corrupção envolvendo construtoras e políticos, a Petrobras tem visto sua imagem ser arranhada desde meados do ano passado, quando estourou a Operação Lava Jato. Consequentemente, a petroleira enfrentou uma forte desvalorização na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), com a queda nos preços de suas ações.

A situação, porém, já não é mais a mesma: no último dia 22 de abril, a empresa deu um importante passo para virar o jogo. A Petrobras divulgou o resultado financeiro do ano passado, devidamente auditado. Embora tenha registrado um prejuízo de R$ 21,5 bilhões, a petroleira reconheceu, formalmente, R$ 6,19 bilhões em perdas relacionadas ao esquema de corrupção , além de uma baixa de R$ 44,3 bilhões relativos à reavaliação dos ativos.

A petroleira também tomou a decisão de não pagar dividendos neste ano . Com isso, as ações ordinárias (com direito a voto em assembleia) se tornaram muito mais atraentes a investidores do que as preferenciais (sem direito a voto, mas com prioridade no recebimento de dividendos). Enquanto a primeira tem se valorizado, a segunda segue oscilando no mercado.

Entre o dia 22 de abril, data da publicação do balanço, e a última sexta-feira (8/5), as ações ordinárias tiveram alta de 8,94%. Já os papéis preferenciais subiram apenas 3,05% – percentual inferior ao do Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, que registra alta de 4,64% no mesmo período, segundo a consultoria Economatica.

“A partir do momento em que uma empresa diz que não vai pagar dividendo, não faz sentido ter uma preferencial no curto prazo. A ordinária pode valer mais, por ter direito a voto”, diz Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. Segundo ele, o movimento de alta das ordinárias pode se inverter com facilidade, dependendo do que a empresa anunciar ao mercado.

Para Elad Victor Revi, analista da corretora Spinelli/InvestHB, o investidor deve ser cauteloso quanto a investir na Petrobras neste momento. “Se no futuro for dito que a empresa não vai mesmo pagar dividendo, esse movimento [distinto entre as ações] pode ser maior. Mas eu acredito que ainda é momento de acompanhar a empresa de fora.”

 

Vale a pena investir?

A leve recuperação que a empresa tem tido nos últimos dias acontece em função de a publicação do balanço ter reduzido parte dos riscos, diz Bruno Gonçalves, analista da Alpes/Win Trade – uma empresa listada em bolsa que não apresenta ao mercado seus resultados tem algumas de suas operações limitadas.  Contudo, a petroleira ainda está distante do nível pré-Lava Jato.

“Nossa recomendação é ficar de fora. O dólar tende a subir e a empresa tem prometido fazer desinvestimentos. Neste momento, o investidor pode procurar empresas com perspectivas melhores”, afirma Gonçalves.

“Tem que ter muita cautela”, avalia Figueredo. “Não há nenhuma indicação sobre o futuro da empresa. Ainda é um ambiente mais especulativo do que para investimentos.”

De acordo com Revi, o investidor que já possui ações da empresa não deve entrar em pânico, mesmo diante das incertezas. “Se mantiver em carteira, que as ações não sejam uma parcela grande dos investimentos. Dependendo do tempo que se tem investido, vale a pena esperar um pouco”, afirma.

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