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Consumidor

Comida em casa: delivery se consolida em Campo Grande e restaurantes abrem mão de espaço físico

Especialista do Sebrae-MS diz que delivery se tornou uma tendência de complementação para as empresas
Mariane Chianezi - Publicado em
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Ilustrativa (Foto: Arquivo / Midiamax)

O serviço de delivery já existia antes do período crítico de pandemia, mas diante da situação, o setor se aperfeiçoou e se consolidou em Campo Grande. Cômodo, o serviço de entrega se adapta em qualquer setor e muitos comerciantes do ramo alimentício abriram mão de um espaço físico para atender os clientes para vender 100% por delivery.

Bruno Yamazato Sumida é proprietário da Sumida Sushi Delivery, um dos primeiros restaurantes a atender somente por delivery em Campo Grande. Ele conversou com o Jornal Midiamax e explicou que em 2015, quando retornou do Japão, viu a oportunidade de negócio.

“Após uma pesquisa de campo, verificamos que não havia uma modalidade de restaurante que trabalhava somente com delivery. Existiam restaurantes que fazia atendimento ao público e delivery. Além disso, a população na época não tinha o hábito de ‘pedir e comer em casa’. Isso começou a viralizar com os primeiros aplicativos de delivery”, disse à reportagem.

O Sumida Sushi Delivery foi pioneiro no setor em Campo Grande, oferecendo o serviço nos primeiros aplicativos de ‘pedir comida em casa’.

“Nós fomos pioneiros nisso no setor de comida japonesa, porque entramos no mercado como um restaurante exclusivamente delivery. Inicialmente utilizávamos o aplicativo Papa Rango, o qual foi adquirido pelo iFood”, explicou.

Partindo da ideia de que não ter um espaço físico para atender os clientes pode ser mais barato, Bruno diz que não é bem assim. Existem os mesmos custos ou até mais gastos que um restaurante que atende apenas presencial.

“Acredito que manter um restaurante delivery não é mais simples ou mais barato que um restaurante que oferece atendimento ao público, porque os impostos, as despesas fixas e operacionais são as mesmas. Precisamos de uma equipe competente na cozinha e no atendimento por telefone, site, aplicativo e WhatsApp para recepcionar os pedidos de forma ágil, além de ter que coordenar uma equipe de entrega de forma eficiente, para que o nosso produto seja entregue com qualidade”, disse o empresário.

Após a pandemia da covid, o delivery se fortaleceu no país e se tornou um costume para os moradores pedirem uma refeição em apenas um clique na tela do celular. Bruno diz que existem os desafios para o restaurante delivery e afirma que é necessário ‘jogo de cintura’ para se manter no mercado.

“O pensamento de muitos de que manter um negócio voltado apenas para o delivery é menos custoso e menos trabalhoso foi desconstruído com a pandemia, que mostrou que é preciso muita eficiência. Muitos tentaram e infelizmente não conseguiram, porque sabemos que para entregar um produto com qualidade e que traga satisfação ao nosso cliente, contando o deslocamento é muito difícil, mas que nós até hoje estamos conseguindo cumprir com esse desafio”, relatou à reportagem.

Delivery é ‘tendência de complementação’

Conforme a coordenadora de Competitividade Empresarial do Sebrae/MS, Isabella Montello, o movimento de abertura de restaurantes na modalidade delivery aumentou muito por conta da pandemia e da necessidade dos empresários de continuarem de portas abertas nesse contexto. E, mesmo passado esse período, algumas empresas preferiram continuar com a modalidade, muito pela forma de trabalhar e por já ter clientes fidelizados.

No entanto, ela pontua que, apesar desse contexto, não é possível afirmar que o delivery seja uma tendência, já que o interesse pela abertura de restaurantes com espaço para receber o público continua grande por parte de quem deseja empreender e o valor de investimento é praticamente o mesmo. Montello diz que o delivery não é uma tendência de substituição, mas de complementação.

“O delivery é uma tendência, mas não na linha de fato de se livrar dos custos. É uma tendência que atende outro tipo de público e os custos do delivery podem ser os mesmos do espaço físico. Quando você [empresário] opta pelo delivery, também há o custo de aquisição do cliente, do contato com esse cliente. O custo de aquisição do delivery pode ser ainda maior porque precisa impactar esse cliente”, explicou.

Além dos custos para conquistar os clientes, também há os investimentos nas embalagens em que os produtos serão colocados para entrega. “Também tem que ter a embalagem ideal. O comerciante precisa garantir que a comida vai chegar na mesma qualidade que teria em um restaurante físico, mas na casa do cliente”, disse.

Rotina do consumidor fortalece delivery

A especialista diz que o comportamento dos consumidores tem influenciado a tendência do delivery. “Tem aquele dia que você quer ficar em casa, às vezes tem um compromisso, não quer enfrentar trânsito e hoje em dia o delivery está mais estruturado. Antes da pandemia existiam os aplicativos, mas agora se consolidaram”.

E ela explica que muitos restaurantes também têm investido nas entregas próprias para melhor atender os clientes. “Alguns são de maneira mista, atendem pelos apps e também no próprio delivery. Isso acontece porque nos aplicativos tem que operar em rota e tendo o motoentregador próprio garante maior agilidade”, finaliza.

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