Preço do leite deve continuar subindo com efeito da seca e do ‘La Niña’ em MS

Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) destaca que o valor do litro já está saindo 5,3% mais caro das fazendas para a agroindústria

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Cepea prevê novas elevações no preço do leite. Foto: Stephanie Dias

O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) detectou que o litro do leite já está saindo mais caro das fazendas para agroindústria, o que significa que o consumidor vai pagar anda mais caro pelo produto. Neste caso, o preço já subiu 5,3% de maio para junho com o litro – na chamada média Brasil – chegando a R$ 2,68. Este mês, o leite foi vilão inflacionário porque o produto ficou 12,95% mais caro na comparação com o mês anterior.

No campo, na zona rural, a alta acumulada de janeiro a junho é de 20,6% e a tendência é de uma valorização ainda maior de preços, levando-se em consideração que a produção no segundo semestre é menor que no primeiro.  Em nota técnica, o Cepea destacou que os preços do leite no campo seguem em alta, devido à menor produção.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o volume de leite cru industrializado pelos laticínios brasileiros diminuiu 10,3% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2021. Com isso, as indústrias de laticínios seguem em disputa pela compra do leite cru, matéria-prima para a produção de lácteos, para tentar evitar capacidade ociosa de suas plantas.

A restrição de oferta do leite – e, consequentemente, dos lácteos – é explicada pela entressafra da produção. Com o inverno e clima mais seco, a qualidade e disponibilidade das pastagens cai e, por isso, a alimentação do rebanho é afetada, levando à queda na produção. E é preciso destacar que, neste ano, o fenômeno climático La Ninã também intensificou os efeitos sazonais de diminuição da oferta.

De acordo com o Cepea, que pertence à Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) , da USP (Universidade de São Paulo), ainda que o componente climático seja importante para explicar esse cenário, não seria exagero dizer que o principal fator que explica essa alta substancial dos preços é, de fato, o aumento dos custos de produção. Segundo pesquisas do Cepea, o Custo Operacional Efetivo (COE) da atividade esteve em alta nos últimos três anos – de janeiro de 2019 a maio de 2022, o avanço no COE foi de expressivos 56%.

Toda estrutura de produção foi se encarecendo nos últimos anos, espremendo as margens dos produtores. Diante desse cenário, muitos pecuaristas enxugaram investimentos ou saíram da atividade. Para assegurar alguma rentabilidade, produtores também recorreram ao abate de animais, atraídos pelos elevados preços da arroba. De acordo com dados do IBGE, o número de vacas e novilhas abatidos no primeiro trimestre de 2022 aumentou 11,4% e 17,2%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado.

A produção de leite é uma atividade de ciclo operacional longo. Esse cenário observado atualmente é resultado de um longo período de aumentos consistentes nas cotações dos insumos agropecuários, que corroeu nas margens de produtores e de laticínios por muitos meses. A questão é que essas altas nos preços dos lácteos vinham sendo represadas, já que a demanda brasileira está bastante fragilizada. Contudo, a redução drástica da oferta levou a uma situação generalizada de queda nos estoques de derivados lácteos, o que tem sustentado o avanço dos preços ao consumidor.

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