O Governo Federal informou – na última quinta-feira (26) – que planeja começar a aplicação da vacina bivalente contra covid a partir do dia 27 de fevereiro. Mas o que muda para os moradores de Mato Grosso do Sul? Quando começa a imunização? Por que é importante tomá-la?

O médico infectologista Rodrigo Nascimento Coelho, de 56 anos, atua em áreas de isolamento respiratório há quase 30 anos e vivenciou na linha de frente as fases graves da pandemia do coronavírus. Na sua concepção, a evolução deste imunizante serve para impedir uma nova onda de casos graves.

“As monovalentes já serviram bem para diminuir a gravidade da doença e hospitalização, principalmente de pessoas com doenças crônicas. Essa é a finalidade da vacina. A vacina bivalente servirá para conter as subvirastes da Ômicron, que apareceram recentemente”, explicou.

Sobre a forma com que o novo imunizante é produzido, ele explicou. “Ela é feita pela Pfizer, com o mesmo processo que foram feitas as anteriores. O que muda são vírus no qual eles trabalharam, que são as novas variantes”, disse ele.   

Imunização deve se tornar rotina

Na sua análise, os indícios causados pelo vírus levam a crer que a doença se tornará endêmica. Com uma vacinação de rotina, igual ao vírus Influenza (da gripe comum).  

“Hoje, graças a vacina, a sintomatologia da é de um resfriado comum. Houve um aumento de pessoas diagnosticadas com tosse, espirro e dor de garganta. E poucos casos de pneumonia e internação”, disse ele.

Imunizante, ilustrativa (Foto: de França / Arquivo / Jornal Midiamax)

“Nós teremos que nos acostumar com a doença. Ela vai passar a ser endêmica e teremos que conviver com ela. Ela vai perdendo a gravidade e você cria mais resistência, vai se tornando um resfriado comum”, disse ele.

“É uma doença respiratória viral, aos moldes da influenza que tem vacina anualmente. Contra ela, são produzidas vacinas para cobrir variantes do ano anterior, a mesma coisa vai acontecer com a Covid-19. Esse vírus é muito semelhante ao influenza, que faz mutações com muita facilidade. E haverá a necessidade de sempre fabricar novas vacinadas. Isso vai ser uma coisa natural”, prevê.

Quem pode tomar a nova vacina?

A expectativa do é que, a partir de 27 de fevereiro, pessoas acima de 70 anos, imunocomprometidos, comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas, recebam o reforço bivalente. Confira como será a divisão:

  • Fase 1: pessoas acima de 70 anos, imunocomprometidos, comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas;
  • Fase 2: pessoas entre 60 e 69 anos;
  • Fase 3: gestantes e puérperas; e
  • Fase 4: profissionais de saúde.

O diretor do Departamento de Imunizações do Ministério Saúde, Eder Gatti, informou na última quinta-feira (26) que para receber a vacina bivalente, a pessoa deverá ter tomado ao menos duas doses da vacina contra o coronavírus. Não foi apresentado cronograma detalhado de cada um dos grupos.

O comunicado foi feito durante a primeira reunião ordinária da CIT (Comissão Intergestores Tripartite) de 2023, realizada em (DF), na Opas/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde).

Vacinação, ilustrativa (Foto: Nathalia Alcântara / Jornal Midiamax)

Gatti não deu previsão para oferta das vacinas bivalentes para o restante da população, mas destacou que serão intensificadas as ações para ampliação da cobertura vacinal das doses de reforço para a população geral com as doses monovalentes que o ministério já tem em estoque.

Imunização no MS

Em nota, a SES-MS (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul) informou que aguarda o Ministério da Saúde enviar as doses do imunizante bivalente da Pfizer para atender a primeira fase da campanha, com a imunização de idosos a partir de 70 anos, imunossuprimidos e pessoas que vivem em Institutos de Longa Permanência.

A previsão é que a Campanha Nacional de Imunização contra a Covid-19 inicie no dia 27 de fevereiro de 2023.

Estoques zerados no Governo Federal

Dirigindo-se aos secretários de Saúde estaduais e municipais presentes, o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis, Éder Gatti, descreveu a situação dos estoques de vacinas do ministério, tanto para o tratamento da covid-19 como de outras doenças. Segundo ele, a situação deixada pelo governo anterior representa “risco real” de desabastecimento de alguns imunizantes.

“Por estarem vencidas, mais de 370 mil doses da vacina AstraZeneca foram incineradas em dezembro passado. Encontramos estoque zerado de vacinas Pfizer Baby pediátrica e CoronaVac, o que impede a vacinação de nossas crianças. E o estoque de vacina bivalente, para iniciar a estratégia de vacina de reforço, estava muito baixo, impedindo articulação e estruturação de uma política pública para a vacinação de nossa população”, descreveu o diretor.

Ele acrescentou que há “risco real de desabastecimento de vacinas importantes de nosso calendário, porque os estoques estão baixos também para vacinas BCG, hepatite B, vacina oral contra poliomielite e a triviral”.