Com 10 mil habitantes a menos que o estimado, Naviraí cresce só 8% e irá contestar Censo
A cidade, que vista do alto tem o formato de uma teia de aranha, se consolidou como a 6ª maior de Mato Grosso do Sul
Lethycia Anjos –
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Fundada em 1952, Naviraí, conhecida como a cidade “Ouro” do Conesul, é um dos municípios mais desenvolvidos do centro-sul de Mato Grosso do Sul. Com 50.457 habitantes, a cidade se consolidou como a 6ª maior do Estado.
Dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados em 28 de junho pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontam que, em dez anos, a cidade ganhou 10.060 novos moradores, um crescimento de 8,69% em comparação ao censo anterior. Apesar do avanço, a prefeitura da cidade pretende contestar os números a fim de evitar a perda de recursos.
A prefeita de Naviraí, Rhaiza Neme Matos, destaca que a estimativa do município era que o número de habitantes ficasse entre 56 mil e 60 mil habitantes. Contudo, os dados do IBGE ficaram 17% abaixo do esperado.
“Iremos contestar esses números porque não batem com a projeção que fizemos. Se não contestarmos, saímos perdendo. São cerca de R$ 13 milhões a menos em recursos para a cidade e isso afeta os investimentos na saúde, educação e em tudo”, destacou a prefeita.
A decisão de contestar os dados do IBGE na Justiça é um meio de evitar perdas de repasse de recursos. Além de mapear a população, o Censo é utilizado para subsidiar políticas públicas e investimentos pelo poder público ou empresas privadas, o que pode impactar o orçamento municipal.
Potencial econômico
Com a crescente expansão, o município atraiu moradores e comerciantes de diversas regiões que encontraram em Naviraí um ambiente favorável para desenvolvimento profissional e familiar. Conforme o censo, o número de domicílios em 2022 é de 22.526, ou seja, 37% a mais que o censo de 2010.
A cidade, que vista do alto tem o exato formato de uma teia de aranha, possui uma área territorial de 3.189,667 km², com uma média de 15,82 habitantes por quilômetro quadrado.
Emancipada em 11 de novembro de 1963, Naviraí é lembrada por sua origem moldada pelo suor e trabalho de madeireiros. Pela pluralidade de sua fauna nativa, a cidade deu seus primeiros passos graças às madeireiras que dali retiravam as madeiras mais qualificadas de diversas espécies, como ipê, peroba, marfim e cedro.
Hoje, a cidade possui inúmeras cooperativas e indústrias que são as maiores responsáveis pela geração de empregos na cidade. Rhaiza Neme destaca que a cidade se consolidou como uma potência industrial e tem se tornado uma das principais opções para quem vem a MS em busca de emprego.
“Naviraí é uma das mais importantes cidades do sul do estado e uma sede da micro-região. Temos empresas de frigorífico, usinas e grandes empresários do agronegócio que tornam a cidade uma ótima opção para quem procura emprego e estabilidade”, ressaltou a chefe do Executivo Municipal.
Em 2021, o salário médio mensal dos habitantes era de 2,3 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 21,9%. Na comparação com os outros municípios do Estado, ocupava as posições 32º de 79 e 22º de 79, respectivamente.
Já na comparação com cidades do país todo, Naviraí ocupa a posição 1177º de 5570 e 1147º de 5570, respectivamente.
Naviraí abriga a maior reserva ambiental do Brasil
Com mais de 16 mil hectares, o Parque Natural de Naviraí é o maior parque municipal do Brasil. O título foi oficializado pelo CNUC (Cadastro Nacional de Unidades de Conservação), do Ministério do Meio Ambiente.
O local é um ponto de conservação criado para preservar o meio ambiente, a diversidade biológica, os ecossistemas naturais e proteger espécies em perigo e ameaçadas de extinção.
“Temos o maior Parque Municipal e isso é uma conquista para nós, algo pelo qual somos reconhecidos nacionalmente”, ressaltou a prefeita.
Localizado na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, sub-bacia do Rio Ivinhema e micro-bacia do Rio Laranjaí, o parque está em uma região estratégica no contexto biogeográfico e representa um dos mais importantes remanescentes das várzeas do Rio Paraná, juntamente com demais Unidades de Conservação do entorno.
Dentre as espécies registradas no parque, destaca-se a onça-pintada, o cervo-do-pantanal, o furão e a jaritataca. A avifauna da região tem uma enorme diversidade com representantes de passeriformes, aves aquáticas e aves de rapina. Répteis e anfíbios também são encontrados em grande diversidade. Entre eles estão jacarés, tartarugas e serpentes.
Raízes indígenas
Assim como grande parte de Mato Grosso do Sul, Naviraí tem fortes raízes na cultura indígena. O próprio nome da cidade é derivado de uma palavra indígena que nomeava um rio da região.
Conforme a tradição, as palavras VIRÃ (roxo/arroxado), Í (sufixo para pequeno), ĨVĨRA’Í (arbusto pequeno), NA (impregnar-se), I (rio) e Arroyo podem significar tanto “Pequeno rio impregnado de arbustos roxos” quanto “Rio impregnado de pequenas árvores arroxeadas”.
Estudos indicam que os indígenas viviam no local antes mesmo da cidade ser emancipada, em 1963. Conforme o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o cemitério da cidade tem origem indígena. Histórias contadas pelos mais velhos relatam a existência dos Guarani Kaiowá na área urbana de Naviraí antes mesmo da criação da cidade.
Contudo, à medida que a cidade se desenvolvia, os indígenas se afastaram de seu território de origem. Conforme o Cimi, com a colonização, madeireiras se instalaram no local e a comunidade Guarani Kaiowá foi expulsa do território.
Atualmente, cerca de 750 indígenas da etnia Guarani Kaiowá vivem em Naviraí. São 37 famílias na comunidade Tekohá Mboreviry, 18 famílias da comunidade Kurupi Santiago Kuê, localizada nas proximidades da BR-163 e 12 famílias do Assentamento Juncal.
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