Vendido nas redes sociais em MS, ‘Melzinho do Amor’ esconde substâncias perigosas, alerta CRF-MS
Produto é considerado uma droga e foi proibido pela Anvisa de ser vendido ou produzido no Brasil
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Encontrado com facilidade em grupos nas redes sociais e comercializado no mercado online, o ‘Melzinho do Amor’ tem feito sucesso entre os jovens. De origem estrangeira, o produto promete aumentar a libido sexual, mas é considerado ilegal no país, pois não tem liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser comercializado, já que é considerado uma droga.
Em Campo Grande, o produto pode ser encontrado com um clique no Facebook. Para quem se interessar, os comerciantes até oferecerem a oportunidade para que se tornem revendedores do ‘melzinho’. Uma embalagem com três sachês pode ser encontrada por R$ 25 e também há pacotes com preços especiais para quem quiser se tornar revendedor.
Sem nenhuma informação em português nas embalagens, os produtos são importados de países da Ásia. Conforme a Vigilância Sanitária de Campo Grande, o produto não é comercializado em farmácias e já foi proibido pela Anvisa de ser vendido, produzido e também a sua publicidade devido a sua origem incerta.
O órgão explicou que não houve nenhuma apreensão do produto em Campo Grande, mas que está em alerta. “À Vigilância Sanitária Municipal cabe a fiscalização de medicamentos regulares. Caso o produto seja comercializado em feiras ou por ambulantes, é possível que sejam feitas ações pontuais com apoio de outras instituições como a Delegacia do Consumidor. Não há registro de nenhuma denúncia ou apreensão deste produto em específico por meio da Vigilância”, disse em nota.
Por fim, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) reforçou a orientação para que as pessoas evitem o consumo de medicações sem prescrição médica.
Alerta em MS
O CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia) explicou que, como o produto não é comercializado em farmácias e drogarias, não é possível ter o controle. No entanto, disse que segue aberto para denúncias.
Assessor técnico do conselho, Adam Macedo Adami, orientou para os riscos da droga e as consequências para quem realizar o uso.
“Como o produto contém substâncias farmacologicamente ativas as mesmas usadas em medicamentos para disfunção erétil ou impotência sexual, de uso sob prescrição médica no Brasil, e que são os princípios ativos de medicamentos como o Viagra e o Cialis. Há risco real de efeitos adversos graves, principalmente em indivíduos com problemas cardíacos, que sofrem com pressão baixa ou pressão alta”, disse.
Adam também pontua que uso de medicamentos sem a prescrição médica pode causar problemas irreversíveis e elevar o risco de morte. “A utilização sem prescrição desses fármacos pode provocar efeitos indesejados graves, como o priapismo prolongado, uma ereção longa e dolorosa com risco de necrose do pênis, e lesão irreversível do membro. Para mulheres com problemas de saúde, como cardiopatias, causando hipotensão severa, sincopes ou desmaios, ou eventualmente podem até mesmo precipitar um quadro semelhante a um infarto agudo do miocárdio”, comentou.
Composição perigosa
Nas embalagens do Melzinho do Amor, consta a presença de substâncias como mel da Malásia e Tongkat Ali, que são estimulantes naturais. Também há a indicação de café, canela, extrato de caviar, ginseng, maçã e gengibre. Porém, os fabricantes omitem a real composição do produto.
No Melzinho do Amor, também há Sildenafila e Tadalafila — fármacos utilizados para disfunção erétil. Como esses remédios não podem ser usados livremente, só poderiam ser vendidos com prescrição médica. Assim, além dos componentes com efeitos psicoativos, o melzinho do amor contém essas substâncias que causam efeitos colaterais potencialmente graves.
O uso concomitante desses remédios com álcool eleva o risco de intensificação dos efeitos colaterais naturalmente provocados. Logo, são contraindicados para jovens e podem causar sintomas como tontura, queda da pressão arterial, visão turva e intensas dores de cabeça.
Pesquisas alertam
Os efeitos dessa droga são tão preocupantes que a Anvisa expediu uma Resolução que alerta sobre as irregularidades do produto e proíbe a comercialização. O Melzinho do Amor é vendido com diversos nomes, mas nenhuma de suas formas de apresentação é autorizada pela Anvisa.
A análise de três amostras do produto feita pelo Laboratório de Toxicologia Analítica do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp (CIATox) fez um importante alerta quanto ao consumo dessa substância. Foi nesse estudo que os pesquisadores confirmaram a presença de Sildenafila e Tadalafila, como já apontado.
Assim, a divulgação, a venda e a distribuição dos produtos estão expressamente proibidas. Porém, adolescentes e jovens continuam expostos aos riscos desse entorpecente, pois ele continua sendo vendido em comércio ambulante e em lojas online como promessa de melhorar o desempenho sexual.
Os princípios ativos dos medicamentos Sildenafila e Tadalafila são os mesmos do Viagra. Por isso, há um risco muito grande de efeitos colaterais graves, principalmente em jovens ou em indivíduos com problemas cardíacos e hipertensão arterial descontrolada. Além do mais, o uso desses remédios sem prescrição ou acompanhamento médico pode causar problemas irreversíveis e elevar o risco de morte.
Proibido pela Anvisa
Segundo uma matéria publicada pela Agência Brasil, o produto foi proibido pela Anvisa na tentativa de alertar os usuários desse suposto estimulante sexual. Porém, mesmo sendo proibido em todo o país, o melzinho do amor continua sendo vendido, o que coloca em risco a saúde e a vida de quem o consome.
A intervenção da Vigilância Sanitária deixa claro que o consumo de uma substância não aprovada pelos órgãos competentes pode trazer sérios prejuízos à saúde. Além disso, não há comprovação da eficácia deste produto.
Outro problema é que a fabricação de remédios clandestinos não é monitorada e nem fiscalizada, o que eleva as chances de contaminação e de adulteração dos componentes da fórmula. Geralmente, os fabricantes misturam outras substâncias para reduzir os custos e aumentar a lucratividade com a venda desse tipo de droga.
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