Ary Coelho, Glauce Rocha, Manoel de Barros: saiba onde estão personagens históricos

O Midiamax visitou o túmulo de pessoas que marcaram a história de Campo Grande

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Celebridades memoráveis de Campo Grande (Foto: Reprodução)

Já teve a curiosidade de saber onde está sepultado um personagem que fez parte da história de Campo Grande? O Jornal Midiamax percorreu cemitérios em busca dos túmulos famosos. Nesta reportagem, você confere a história de algumas dessas pessoas e também um mapa interativo revelando onde está cada personagem histórico.

A pesquisa contou com visitas nos locais de sepultamento, consulta com familiares e ao Sistema de Controle de Sepultamentos.

Wilson Barbosa Martins

Wilson Barbosa Martins, conhecido político brasileiro, foi senador, deputado federal, prefeito de Campo Grande e governador de Mato Grosso do Sul.

A biografia dele mostra que nos últimos anos de vida sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral), em 2013, não falava por causa da traqueostomia, desde 2014. Em 2 de fevereiro de 2018, teve um mal súbito e faleceu.

Ele está sepultado ao lado esposa, escritora e artista plástica Nelly Martins, no Parque das Primaveras. Estiveram juntos por quase 60 anos até a morte da esposa, em 2003.

Wilson Barbosa Martins
(Foto: Acervo pessoal)

Eduardo Maiorino

Eduardo Maiorino, famoso lutador de MMA, com 11 lutas profissionais, sendo três vitórias. Maiorino foi por três vezes campeão brasileiro de Muay Thai, no campeonato K-1 Brasil, World Kick-Boxing Corporation e World Muay Thai Association. Também conhecido como Morpheus, ministrava aulas das categorias na Capital.

Em 23 de dezembro de 2012, Eduardo estava se preparando para ser árbitro de um evento em São Gabriel do Oeste quando sofreu um ataque cardíaco. Ele chegou a ser transferido para Santa Casa, mas não resistiu e morreu durante a tarde.

Ele está sepultado no Cemitério Parque de Campo Grande.

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(Foto: Acervo pessoal)

Glauce Rocha

Glauce Elddé Araújo Rocha, a nossa ilustre Glauce Rocha, atriz que faleceu aos 41 anos, precocemente depois de sofrer um infarto fulminante, em 12 de outubro de 1971, na cidade de São Paulo.

A história de sucesso surgiu quando Glauce reprovou em um vestibular e decidiu se inscreveu no Conservatório Nacional de Teatro, em Porto Alegre. Começou atuando em peças infantis. Entre 1950 e 1951, era integrante do grupo “Os Fabulosos”.

A primeira aparição profissional aconteceu em “Madame Sans Gene”. Seu primeiro destaque nacional foi ao lado de Alda Garrinho em “Dona Xepa”. No cinema, Glauce atuou em Terra em Transe, Navalha na Carne, Um Homem Sem Importância e outros 25 filmes.

Glauce ganhava holofotes e elogios de críticos. Após a morte, recebeu Prêmio Molière Póstumo pelo conjunto da carreira.

A artista está sepultada no Cemitério Santo Antônio.

Glauce Rocha
(Foto: Acervo pessoal)

Tia Eva

Eva Maria de Jesus, a Tia Eva, tem uma forte história de formação da comunidade quilombola que leva seu nome. Escrava nascida em Mineiros, interior de Goiás, Eva tinha um sonho: dar um bom estudo para suas três filhas.

Em 1887, aos 49 anos, Eva obteve sua carta de alforria, momento onde realizaria seu segundo sonho: ir para o Mato Grosso (atualmente, Mato Grosso do Sul) e construir um lugar para seus descendentes.

Saiu de Goiás em 1905, chegando em Campos de Vacaria, hoje, Campo Grande, onde trabalhou como lavadeira, parteira, cozinheira, curandeira e benzedeira. Ela impressionava a todos, pois sabia ler e escrever, algo que era inesperado de uma escrava.

Não há fotos de Tia Eva. O busto da escultura, por exemplo, foi baseado em depoimentos de familiares.

Tia deixou um legado de força e fé, antes de partir, no dia 11 de novembro de 1926, aos 88 anos, pediu para família continuar a alegria e festejos na Igreja São Benedito todos os anos. A festa em louvor dura nove dias.

No documentário do jornalista Guilherme Soares, há relatos que ela foi enterrada dentro desta pequena igreja, a mais antiga da cidade.

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(Foto: Fundação da Cultura de MS)

Edgar Lopes Faria, o Escaramuça

Edgar Lopes de Faria, o ‘Escaramuça’, foi ex-vereador, apresentador de TV e um dos radialistas mais famosos de Campo Grande. Reportagens e comentários tinham tom popular, com diversas denúncias policiais e da política.

Embora a irreverência, Escaramuça foi assassinado aos 48 anos, no dia 29 de outubro de 1997. Ele havia entrado na padaria, no Centro, há alguns minutos quando teria sido chamado por alguém. Ao se virar, ele recebeu o primeiro tiro, que o atingiu próximo à axila.

O assassino avançou e atirou cinco vezes com uma arma calibre 12. Os suspeitos, três homens, fugiram em um Chevrolet Corsa. Até hoje, o crime não foi desvendado e o inquérito policial foi arquivado.

A morte violenta de Escaramuça é considerada uns dos crimes mais marcantes na história de Mato Grosso do Sul, que completa 25 anos em 2022.

Ele está sepultado no Parque as Primaveras.

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(Foto: Arquivo)

José Antônio Pereira

José Antônio Pereira foi um desbravador brasileiro, fundador da cidade de Campo Grande. Filho de Manoel Antônio Pereira e Francisca de Jesus Pereira, nascido em Barbacena, antigo Arraial de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo, em Minas Gerais.

A família agricultora procurava um lugar para desenvolver o cultivo. O objetivo era chegar na região de Vacaria, em Mato Grosso. Antônio e o filho, Antônio Luiz, e os escravos João Ribeiro e Manoel, sertanista Luiz Pinto Guimarães, saíram em expedição. Seguindo os caminhos percorridos, passaram por Costa Rica, em direção a Coxim, extremo norte da Serra de Maracaju e Camapuã, até chegar com a família na Capital.

Segundo o depoimento da bisneta de José Antonio, Júnia Souza Lacerda, e Resumo Histórico da Cidade de Campo Grande 1872-1911, em 11 de janeiro de 1900, morre José Antônio Pereira, sendo sepultado em cemitério localizado na atual Praça Ary Coelho de Oliveira.

Com a desativação do aterro, seus ossos foram transladados para o cemitério que se localizava no bairro Amambaí, onde atualmente encontra-se construída a Casa da Indústria. Anos depois, a família transferiu o jazido dos Pereiras para o Cemitério Santo Antônio, onde também estão seus filhos e netos.

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(Foto: Marcos Ermínio, Midiamax)

Ary Coelho

Ari Coelho de Oliveira, mais um desenvolvedor da Capital, foi médico e 39º prefeito da Capital. Mato-grossense, era um político nato. Foi fundador da Casa de Saúde Santa Maria. Os feitos levaram ao nome da praça na região central.

Em 21 de novembro de 1952, foi assassinado com um tiro no rosto, durante uma convenção do partido, em Mato Grosso. Assim como os demais fundadores, está sepultado no Cemitério Santo Antônio.

ary coelho

Helena Meirelles

Não há como deixar de citar a instrumentista mais conhecida do MS: Helena Meirelles. Ela nos deixou aos 81 anos, no dia 29 de setembro de 2005, dois dias depois de receber alta da Santa Casa por pneumonia aguda crônica.

Reconhecida mundialmente pelo talento em tocar viola caipira, Meirelles aprendeu a tocar sozinha, tocava escondido da família. Fugiu de casa aos 15 anos e engravidou aos 17.

Em entrevista à Folha de São Paulo, em janeiro de 1994, ela comentou o longo período em que foi dada como morta por seus parentes. Nesse período, tocava de graça em bares e festas, do Estado e de São Paulo. Em 1992, teve oportunidade de se apresentar no Teatro Sesc de SP, mas o reconhecimento veio de fora do Brasil.

Ela era analfabeta e autodidata, foi casada por três vezes e teve 11 filhos.

Durante as buscas pela lápide, descobrimos que o sobrenome Meirelles não está na lápide. No sistema de Jazigo do Cemitério das Palmeiras está “Helena Pereira da Silva”.

Helena Meirelles
(Foto: Arquivo pessoal)

Elinho do Bandoneon

Manoel Alfredo Ferreira, mais conhecido como Elinho do Bandoneon, morreu no dia 10 de maio deste ano, aos 85 anos, após um período acamado em uma clínica para idosos.

Tocando acordeon, Elinho trouxe o estilo de música nascido na Argentina que disseminou pelo Paraguai e, logo em seguida, no Estado. O fascínio começou cedo, com as primeiras noções musicais passadas pela mãe.

Os passos na música começaram nos anos 60, mas, a partir da década de 90, passou a se dedicar ao bandoneon. Seguiu para Corrientes, na Argentina, onde encontrou os melhores instrumentistas do chamamé, aprimorando a técnica. O instrumento musical se tornou o principal nas orquestras de tango e variações do chamamé, pela vibração potente das duas palhetas.

Elinho está velado no Cemitério das Palmeiras.

Elinho
Elinho tocava vários instrumentos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Lídia Baís

Lídia Baís, nome mais conhecido no cenário artístico. Pintora e desenhista, suas obras enigmáticas levavam força e representatividade para mulheres da época.

Parte da sua história está no prédio que leva seu nome, na Avenida Afonso Pena, casarão da artista, onde estão suas obras, quarto e móveis da família Baís.

Até os tempos atuais, Lídia é relembrada pelas cores e demostração de talento em suas obras. Ela faleceu em 19 de outubro de 1985. Está sepultada no Cemitério Santo Antônio.

Lídia Baís
(Foto: Acervo Campo Grande)

Manoel de Barros

Manoel de Barros é inesquecível. O poeta que inspirava gerações a cada palavra dos seus versos está eternizado em diversas escolas, museus e monumentos de Campo Grande.

Após nove anos da sua morte, a família transformou a Casa-Quintal para receber o público e admirar a história do mato-grossense que fez morada no Pantanal de Corumbá e Capital.

Manoel nos deixou aos 97 anos, no dia 13 de novembro de 2014. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Parque das Primaveras.

Estátua de Manoel de Barros está com pé serrado há um ano e meio. (Foto: Marcos Ermínio/ Jornal Midiamax)

Delinha

Conhecida como Delinha ou Dama do Rasqueado, Delanira Pereira Gonçalves nasceu em Vista Alegre — distrito do município de Maracaju, às 4h do dia 7 de setembro de 1936, uma segunda-feira. Em sua casa, moravam os pais, os avôs maternos e alguns tios.

Delinha viveu ali até os 4 anos de idade e já cantava marchinhas como “oh, jardineira porque estás tão triste”, mesmo não conseguindo pronunciar todas as sílabas corretamente.

Em Campo Grande, o pai da cantora construiu uma casa no bairro Imbirussu, no encontro da “Rua de Baixo”, com a “Rua de Cima”, que depois se tornaram, respectivamente, Avenida Bandeirantes e a Tiradentes.

Nessa época, a cantora já estava noiva do primo Zézinho, que logo se tornaria o Délio, e com ela formaria uma dupla icônica para a música sul-mato-grossense. Foi com o noivo que aprendeu as primeiras notas musicais, permitindo que acompanhasse as canções tocando o seu violão.

Delinha partiu aos 85 anos, no dia 16 de junho, feriado de Corpus Christi. Ela estava respirando com a ajuda de oxigênio desde que deixou o hospital no final do mês de maio.

Aos 85 anos, ela tinha um nódulo no pulmão e se recuperava de uma crise respiratória com atendimentos médicos em casa.

Délio e Delinha
Capas de discos de Délio e Delinha. (Foto: Divulgação/Recanto Caipira)

Délio

A Dama do Rasqueado tinha como companheiro Delinho, Délio José Pompeu, que faleceu aos 84 anos, no dia 9 de fevereiro de 2010. O câncer calou a voz marcante da música raiz sertaneja de MS.

O sucesso tomou proporções inimagináveis. Foram muitos amores, amigos famosos e anônimos. Nascido em Maracaju, Délio trocou, com Delinha, o Mato Grosso do Sul pela Capital paulista, onde fizeram sucesso gravando suas composições em ritmos de Raiz, tais como Maxixe Mato-grossense, Cana Verde, Arrasta-Pé e, principalmente, Rasqueado. Os artistas estão entre os primeiros divulgadores da música sul-mato-grossense para além da fronteiras do Estado.

Délio não está sepultado no mesmo tumulto que Delinha, mas também está no Cemitério Jardim da Paz.

Agostinho Mota

Agostinho Gonçalves da Mota morreu aos 97 anos na noite do dia 9 de novembro deste ano, em Campo Grande. Agostinho se tornou figura conhecida na Capital por atuar como Papai Noel por anos e ser um dos que participou da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial.

Aos 19 anos ele desembarcou em Nápoles, na Itália. “Era um cenário de destruição e de miséria”, descreveu ele em entrevista realizada ao Midiamax ainda em 2018. No porto, logo na chegada, ele citou os navios afundados. Em terra, as construções em ruínas e os italianos que não tinham o que comer.

A este respeito ele diz que a maior lição aprendida na guerra foi a humanidade. Na época, Agostinho disse ter aprendido a ser humano e como o povo brasileiro é fantástico, pois os soldados dividiam as rações que recebiam com os italianos. Sempre falando com muito respeito e reverência sobre aquela época, ele se emociona e demonstra patriotismo ao falar do serviço à nação brasileira e aos atos de solidariedade.

Como sequela da guerra, Agostinho perdeu parte da audição, devido às explosões. Após dar baixa do Exército, trabalhou em diversos empregos. Casou-se com a namorada que tinha antes de ir para a Itália e teve 3 filhos e 3 netos.

A figura está no Cemitério Parque das Primaveras.

Agostinho Mota
(Foto: Divulgação, Exército Brasileiro)

Vespasiano Martins

A história conta que o desbravador mineiro José Antônio Pereira é o responsável pelo surgimento da atual Capital, entretanto, uma relíquia com valor histórico considerável, salvaguardada pelo IHGMS (Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul), e que se encontra em processo de catalogação e restauração, pode reacender uma polêmica que há anos segue esquecida.

Segundo os documentos de autoria de uma das figuras históricas mais relevantes do Estado, Vespasiano Barbosa Martins, os primeiros habitantes do “arraial” teriam sido um homicida em fuga e sua esposa: João Nepomuceno e Maria Abranches.

Vespasiano foi um médico e político brasileiro. Levou na carreira o feito de ter sido uma vez prefeito de Campo Grande, por três vezes foi governador e senador por Mato Grosso em dois mandatos.

Aos 75 anos e com a saúde fragilizada, ele faleceu no dia 14 de janeiro de 1965. Está enterrado no Cemitério Santo Antônio.

Vespasiano martins
(Foto: Acervo)

Zé Correa

Zé Correa, cujo nome de batismo é Valfridez Corrêa Brás, nasceu em 28 de outubro de 1945, na Fazenda Torquato em Nioaque (MS). Teve uma carreira meteórica que foi prematuramente interrompida aos 29 anos, quando foi assassinado em 9 de abril de 1974.

Devido à forma virtuosa de tocar o acordeon duetado, estilo que fez escola para muitos outros acordeonistas do estado, Zé Correa foi chamado de “O Rei do Chamamé”. Sua experiência com o acordeon teve início 1961, aos 16 anos. Em 1964, teve a oportunidade de tocar com Amambai e Amambaí.

Ele está no Cemitério Santo Antônio.

Ze Correa
(Foto: Arquivo Pessoal)

Sarah Abussafi Figueiró

Conhecida filantrópica, Sarah Abussafi Figueiró também foi fundadora e presidente da Associação Sul-Mato-Grossense dos Profissionais de Dança e do Hospital de Câncer Alfredo Abraão em 1996.

Ela auxiliou na regulação das categoria e promoveu grandiosos festivais. Foi também presidente da Associação Artístico de Cultural de MS, Associação dos Pintores de Porcelana.

Sarah faleceu aos 85 anos por complicações de uma pneumonia e partiu no dia 5 de junho de 2019. Ela está no Cemitério Santo Antônio.

Sarah Abussafi
Sarah Abussafi (Foto: Arquivo Pessoal)

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