Há um ano, MS recebia primeiras doses da vacina contra Covid e primeiros moradores eram imunizados

Atualmente, Mato Grosso do Sul tem mais de 4,9 milhões de doses aplicadas e 73% dos moradores totalmente imunizados

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Há um ano
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No dia 18 de janeiro de 2021, por volta das 15h10, o avião da FAB (Força Aérea Brasileira) pousava em Campo Grande trazendo esperança aos sul-mato-grossenses. Com 158.766 doses da Coronavac a bordo, começava ali o capítulo mais esperado da pandemia: o início da imunização contra o vírus que cruelmente tirava a vida de centenas de moradores.

O boletim epidemiológico de MS daquela segunda-feira, 18 de janeiro, registrava 2.686 óbitos da doença e de maneira emergencial, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), liberava a vacina do laboratório Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, para iniciar a campanha de imunização. Assim que as doses desembarcaram em Campo Grande, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) iniciou de imediato a distribuição aos municípios. 

No mesmo dia, as primeiras doses foram aplicadas no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul). Os primeiros a receberem a sonhada ‘furadinha’ no braço foram profissionais da saúde, uma idosa institucionalizada em asilo e uma senhora indígena: o médico Marcio Estevão Midom, de 44 anos; a indígena terena Domingas da Silva, de 91 anos; Maria Bezerra de Carvalho, de 84 anos, que vive no Asilo São João Bosco; e a auxiliar de enfermagem Sandra Maria de Lima.

Os primeiros vacinados um ano depois

Passado um ano que o pesadelo da covid começava a mostrar que podia ser controlada, o Jornal Midiamax procurou os primeiros imunizados de MS, que testemunharam nos últimos 12 meses altos e baixos da pandemia: desde a chegada de novos imunizantes, a falta de alguns deles, o surgimento de uma nova variante e a volta de infecções em grau exponencial, como atualmente.

A auxiliar de enfermagem Sandra Maria de Lima foi a primeira profissional de saúde a aplicar uma dose da Coronavac em MS e uma das primeiras a receber a vacina. Um ano depois, ela conta ao Jornal Midiamax que já está com a carteirinha de imunização completa, com as três doses e, se tiver mais doses, ela afirma que estará preparada. 

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Sandra se vacinando | Foto: Divulgação/SES

“Foi um misto de surpresa, emoção e gratidão. Não sabia que seria vacinada naquele dia. Estava lá como vacinadora. Nesse ano que se seguiu me senti segura e protegida, lógico que tendo todos os cuidados. Infelizmente contraí Covid no mês de maio, mas os sintomas foram bem leves”, disse, atribuindo os poucos sintomas à vacina.

A prioridade na ocasião eram os profissionais de saúde, pessoas imunossuprimidas e idosos. Os centenários se vacinavam há um ano e, agora, a liberação das doses pediátricas para as crianças anima a auxiliar de enfermagem.

“Minha família toda está vacinada. Estou ansiosa para minha neta de 7 anos se vacinar e espero que logo seja liberado para menores de 5 anos para o meu neto poder se vacinar também”, comentou.

Com 51 anos e 15 dedicados à enfermagem, Sandra defende a imunização e lamenta quem recusa se imunizar contra o vírus. “Fico triste de ver as pessoas com medo e receio de tomar a vacina. Se me perguntam se não me preocupo com os efeitos a longo prazo, minha resposta é ‘não’. Não tenho medo. Sempre tomei vacinas e confio na ciência. Tomei as duas doses, dose reforço e se tiver quarta dose com certeza tomarei”, afirma.

Também uma das primeiras vacinadas em MS, Maria Bezerra de Carvalho, de 84 anos, vive no Asilo São João Bosco e, assim como os demais institucionalizados, ela recebeu as três doses da vacina. Conforme a administração do asilo, todos seguem seguros e protegidos. A reportagem não conseguiu falar com ela porque, por medida de segurança, a instituição não liberou visitas aos idosos nesses dois anos de pandemia. Mas o recado é que dona Maria está bem.

Centenários se vacinam

Em 1° de fevereiro, abria em Campo Grande o tão aguardado calendário de vacinação para aqueles que mais precisavam se proteger: os idosos. Naquela semana, moradores com mais de 95 anos tomaram a primeira dose e, sem medo da “picadinha”, os centenários foram até as unidades de saúde garantir a imunização.

No interior do Estado, duas idosas, de 100 e 107 anos, estavam entre as primeiras a se vacinarem contra o coronavírus, em Cassilândia, a 437 quilômetros de Campo Grande. Para comprovar a idade, dona Jeronina, considerada a moradora mais velha da cidade, apresentou os documentos pessoais, que mostraram a data de nascimento: 7 de outubro de 1913. Outra idosa centenária que recebeu a dose da vacina foi Ermantina Gouveia Barbosa, de 100 anos.

Indígenas imunizados 

Prioridade na campanha de vacinação, os indígenas também começaram a ser vacinados em Mato Grosso do Sul. Logo no final de fevereiro, duas cidades de Mato Grosso do Sul bateram a meta de vacinação.

Bela Vista, a 324 quilômetros de Campo Grande, foi o primeiro município a atingir a meta de vacinação. Em 9 de fevereiro, a gestão municipal já havia imunizado todo o público-alvo e todos os indígenas da cidade já estavam vacinados, garantindo um índice de 113% de imunização na localidade. Já a segunda cidade a vacinar toda a meta de indígenas que vivem em aldeias foi Caarapó, com 101% de vacinados.

Atualmente, conforme o painel Mais Saúde da SES (Secretaria de Estado de Saúde), a população de indígenas aldeados e não aldeados soma mais de 95% de imunização.

Vacinação em massa na fronteira 

A Janssen, vacina de dose única, foi bastante almejada em MS. Em junho, o Cosems-MS (Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul) encaminhou ofício ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para enviar o lote com 3 milhões de doses da vacina ao Estado. O objetivo seria vacinar toda a população de MS em 5 dias de modo a promover um estudo pioneiro em nível mundial. A chance de todos se imunizarem chegou a ser um dos assuntos mais falados no Twitter no país, mas logo a possibilidade “caiu por terra”. O pedido foi negado. 

Porém, uma quantidade extra foi encaminhada à região de fronteira para que 13 cidades vacinassem em massa suas populações. O objetivo era a elaboração de uma pesquisa que, em julho, proporcionou atingir a meta de 90% de pessoas vacinadas com pelo menos uma dose — a taxa de cobertura vacinal varia entre os municípios. Enquanto algumas cidades conseguiram vacinar toda a sua população, outras não conseguiram chegar perto da meta.

Ponta Porã conseguiu superar a previsão da vacinação e imunizou 105% da população. O dado é muito importante, considerando que é a segunda maior cidade da fronteira de Mato Grosso do Sul. Ao todo, a localidade aplicou 37,3 mil vacinas da Janssen, de dose única. Com isso, a cidade somou 71,6% da população totalmente imunizada.

Outro município que se destaca é Antônio João, também com 105% de pessoas acima dos 15 anos vacinadas com pelo menos uma dose. A cidade chamou a atenção devido à alta procura de doses. Logo nos primeiros dias da imunização em massa, a população correu para se vacinar e as doses esgotaram rapidamente.

Na terceira posição, Sete Quedas tem 102% de vacinados em relação à população que pode ser vacinada, ou seja, acima de 15 anos conforme a estimativa do Data SUS. Com relação às pessoas imunizadas, ou seja, que tomaram as duas doses ou a vacina de dose única, o número representa 74,5%. Na quarta posição do ‘ranking’ está Mundo Novo, com 96,8% da população acima dos 15 anos com pelo menos uma dose de vacina. Para fechar o ‘top 5’, Paranhos tem 93,5% de vacinados com ao menos uma dose.

A cidade com o menor índice de cobertura, segundo o Vacinômetro, é Porto Murtinho. O município tem 73,4% de vacinados com pelo menos uma dose em relação à população vacinável. O percentual de pessoas imunizadas é ainda menor, corresponde a 45,2% da população acima dos 15 anos. 

‘Sommelier de vacina’

Com a ampliação da vacinação para novos públicos e novos fabricantes de vacina disponibilizando doses ao Brasil (mediante aprovação da Anvisa), começaram a surgir aqueles que queriam escolher qual imunizante seria aplicado: o sommelier da vacina. 

A palavra vem do francês e descreve os antigos degustadores de vinho, que além de transportar a bebida, provavam-na para “controlar a qualidade”. No Brasil, a palavra é um pouco ressignificada — a degustação ocorre na busca do vinho perfeito. E algo semelhante ao que é registrado em relação às vacinas. 

Em junho, o Midiamax produziu reportagem sobre os “sommeliers da vacina”, que começaram a surgir em praticamente todos os locais de imunização em Campo Grande. “Qual imunizante está aplicando?” e “É coronavac? ah, não quero”, era uma das frases ouvidas por quem aguardava ansioso pela imunização e segurança proporcionada pela vacina, independente de fabricante.

Mas medo de quê? A resposta talvez esteja na existência de várias marcas de imunizantes, o que contrasta com o início da vacinação no Brasil, há um ano. Em janeiro de 2021, apenas a Coronavac, produzida em parceria com o Instituto Butantan, era aplicada no país. Poucos meses depois, além dela, o Brasil já aplicava doses do imunizante produzido pela AstraZeneca, pela Pfizer e, pouco depois, pela Janssen.

Cada uma das vacinas tem um modelo específico de imunização e uma cobertura diferente contra a Covid-19. Porém, todas são eficazes em garantir que não se morra em decorrência do novo coronavírus — o que parece ser um negócio da China quando já se somam mais de 500 mil mortes apenas no Brasil.

Milhões de doses aplicadas

Com o Estado sendo referência na agilidade da campanha de vacinação, em 20 de maio, Mato Grosso do Sul atingiu 1 milhão de doses aplicadas, entre primeira e segunda dose das vacinas. Menos de dois meses depois, o Estado alcançou uma nova marca diante dos novos públicos sendo vacinados. 

Com a campanha disponibilizando doses de quatro fabricantes: CoronaVac, AstraZeneca, Pfizer e a Janssen, o Estado alcançou 2 milhões de doses aplicadas no dia 11 de julho.

No momento, MS soma 4.900.742 doses, sendo: 2.053.726 aplicados na primeira dose; 1.811.010 aplicadas na segunda dose, 779.167 doses aplicadas como reforço (ou 3ª dose) e 256.839 aplicadas em dose única.

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