Com escassez mundial, fila de pacientes cardíacos que esperam por contraste aumenta no HRMS

Hospital diz que há processos de compras emergenciais em aberto e que esperava que o problema fosse solucionado em setembro

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Hospital Regional HRMS
Fachada do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. (Reprodução)

Pelo menos 19 pacientes aguardam no Hospital Regional de Campo Grande para realizar exames que necessitam de contraste. O produto está em falta não só na Capital, mas se tornou um problema de saúde internacional desde o ano passado, com aumento da demanda pelo produto.

O contraste iodado é uma substância utilizada na realização de exames de imagens, para facilitar a visualização de órgãos e vasos sanguíneos. Atualmente, a falta do produto pressiona as unidades de saúde, que têm dificuldade para comprar o contraste.

Entre os pacientes que aguardam por exame no Hospital Regional, está o idoso José Olávio Wielevski, 76 anos. Ele teve um problema cardíaco e há duas semanas espera para fazer um cateterismo.

“A espera por esse contraste está muito longa. O hospital nos informa que está em falta e os médicos não sabem o que fazer, pois a cada dia que passa chega mais um infartado precisando fazer o procedimento. Daqui a pouco a ala de cardiologia estará superlotada”, conta Karla Gomes Wielevsk, filha de Olávio.

Outro paciente que aguarda por exame é o Sebastião Jubrica de Campos, 43 anos, conhecido como Jota Comédia. Ele está internado há 30 dias no Hospital Regional, aguardando uma angioplastia e então resolver um problema cardíaco.

O que diz o Hospital Regional

Em nota, o Hospital Regional afirma que tem processos de compras emergenciais em aberto e empenhado para a compra do contraste. E aguarda os prazos legais vigentes de entregas. “Todos os casos nos campos, administrativo e assistencial são pautados nos ditames éticos e legais”, diz.

O hospital ainda explica que a escassez do contraste é reflexo da queda na produção dos insumos na China, principal fornecedor para a indústria brasileira e não tem no mercado para compra. “O pouco que tem, as distribuidoras priorizam instituições particulares para a venda”.

Por fim, afirma que havia uma perspectiva de regularizar a produção no fim de setembro. “Mas já estamos em meados de novembro e até agora não foi regularizado”.

Ministério da saúde recomendou racionamento

Em julho deste ano o Ministério da Saúde emitiu uma nota orientando a racionalização do uso de contraste iodado para exames e procedimentos médicos, até que o fornecimento do insumo seja normalizado.

A nota foi assinada em conjunto com as sociedades médicas brasileiras. A proposta do Ministério foi de que hospitais priorizassem procedimentos em pacientes de maior risco e em condições clínicas de urgência e emergência.

Por fim, continuava atuando em conjunto com a Anvisa, estados, municípios e representantes das indústrias farmacêuticas para articular ações de enfrentamento ao desabastecimento de insumos hospitalares no país.

Justificativas para a falta de contraste

O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem emitiu nota em maio de 2022, com informações que justificam a falta do contraste no Brasil. Para isso, se baseou no que as empresas do setor dizem sobre o assunto.

São quatro as justificativas, sendo uma delas o aumento da demanda no pós-pandemia devido aos exames que deixaram de ser feitos em 2020. Segundo a entidade, o número de exames de imagem, com utilização de meio de contraste, estava em níveis bem acima daqueles observados no período pré-pandemia.

De acordo com a CBR, apesar de nenhum fornecedor reconhecer que recebe suprimentos diretamente da China, reconhecem que o comércio mundial é altamente interligado e isso pode ter impactado as matrizes, em seus países de origem.

Para tornar a situação ainda mais crítica, há no mundo escassez do iodo, elemento químico essencial nas formulações dos meios de contraste usados em tomografia.

Por fim, houve interrupção, provisória, do fornecimento dos meios de contraste por uma das empresas com importante fatia deste mercado.

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