Destino de campo-grandenses em busca de descanso, Céuzinho sofre com sujeira

Falta de bom senso contribui para a depredação do lugar

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Em dias quentes, é comum encontrar campo-grandenses em riachos no entorno da Capital, como a cachoeira do ‘Céuzinho’. Infelizmente, alguns moradores, que têm o local como destino certo em busca da calma da natureza, acabam poluindo o ambiente com latas de cerveja, garrafas e muita sujeira.

Organizando turismo de aventura no Brasil todo, Gilberto Gomes, de 33 anos, é o proprietário da Vertical Aventura & Ecoturismo. Durante as atividades de trilha ou rapel, ele reforça que o local em si é muito lindo e há necessidade de preservá-lo. Porém, o espaço acaba sendo prejudicado por alguns frequentadores específicos. “É comum as pessoas fazerem churrasco e bagunça, deixando o lixo pra trás”, disse ele.

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Grupo Vertical Aventura & Ecoturismo em rapel no Céuzinho (Foto: Gilberto Gomes)

Ele e os integrantes do grupo realizam um mutirão de limpeza uma vez por ano e, mesmo assim, o local acaba sendo degradado por um nicho de pessoas sem consciência. “Quem faz trilha ainda leva o lixo que encontra. Não são todos, mas as pessoas com som automotivo fazem muita bagunça e, infelizmente, deixam sujeira no lugar”, disse ele.

Organizando atividades como rapel, tirolesa e acampamentos, o sócio proprietário da Trilha Extrema, Cristevan Veloso, 41, trabalha com conscientização ambiental desde o primeiro contato com o cliente, mostrando a relevância de preservar esses locais. “Nosso foco é conscientização ambiental. No pré-evento, já orientamos a não levar coisas que possam produzir lixo e a levar um saco para trazer o que gerou. Destacamos a importância de não deixar nada além das pegadas e tirar da natureza somente foto”, explicou.

O grupo também participa de mutirões de limpeza e nota com frequência o abandono de lixo por parte de alguns frequentadores. “Sem generalizar, mas pessoas que levam bebidas vão largando na cachoeira. Cada um vai deixando algo e vai aumentado”, disse ele.

Efeito dominó do lixo 

Para o proprietário da Tapirus Caminhos e Caminhada, Nilson Young, de 49, o descaso com a mãe natureza foi intensificado após a construção do minianel, que permitiu o fácil acesso à cachoeira do Céuzinho. “O asfalto passa a 50 metros da cachoeira e começou o movimento desenfreado. O brasileiro tem aquela ideia que o local é público e não pertence a ninguém e acabam deixando lixo”, explicou.

Com atividade no Estado e Brasil, o guia reforça a importância do córrego ceroula no decorrer da caminhada. Em sua explicação, ele detalha que o rio faz parte da bacia hidrográfica do Rio Paraguai e o efeito dominó de uma ação inconsequente. “Uma garrafa pet que você joga hoje, mais dia ou menos dia vai acabar no rio Paraguai, no Pantanal. É possível sujar o Pantanal a partir da nossa cidade”, explicou.

Também participante de mutirões de limpeza, os participantes do Tapirus ajudaram a retirar meia tonelada de lixo em setembro do ano passado, em um evento organizado por um grupo de ativistas. Ele reforça que não são todos, mas existe um certo perfil de pessoas que acabam depredando e sujando o local.

“São aquelas pessoas que gostam de som alto, descem com uma caixa de isopor pesada, cheia de gelo e cerveja. Quando tudo está leve, elas deixam na cachoeira. Se ele pode levar quando está pesado, por que não pode trazer de volta? É importante tomarmos conta desses lugares”, finalizou.

Solurb

Questionada sobre a coleta seletiva em pontos de ecoturismo no entorno da Capital – Céuzinho, Furnas do Dionísio, Morro do Ernesto e Inferninho -, a empresa respondeu que esses locais não são atendidos pela coleta convencional e seletiva, uma vez que estão fora do perímetro urbano do município. Outro fator que dificulta é a acessibilidade dos caminhões até alguns desses locais.

A empresa reforça que já participou de alguns mutirões de limpeza no Morro do Ernesto, porém não foi pesada e separada a quantidade de resíduos coletados. A administração do Morro do Ernesto, em contato com a reportagem, afirmou que mutirões da Solurb nunca foram realizados no local e todo o lixo produzido na propriedade é destinado à reciclagem os demais materiais são destinados semanalmente aos pontos de coleta da empresa de tratamento de lixo.

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