Governo adia cota zero para 2020 e libera até 5 quilos para pesca amadora em rios de MS

Após manifestações de pescadores de pescadores em Porto Murtinho, onde chegaram a bloquear o Rio Paraguai por 11 dias, o Governo do Estado recuou e, nesta sexta-feira (22), publicou o decreto adiando para fevereiro de 2020 a cota zero para pesca amadora nos rios de Mato Grosso do Sul. O decreto, a partir da página […]

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Após manifestações de pescadores de pescadores em Porto Murtinho, onde chegaram a bloquear o Rio Paraguai por 11 dias, o Governo do Estado recuou e, nesta sexta-feira (22), publicou o decreto adiando para fevereiro de 2020 a cota zero para pesca amadora nos rios de Mato Grosso do Sul. O decreto, a partir da página 1 do DOE (Diário Oficial do Estado), mantém cota de 5 quilos de pescado para serem levados pelos pescadores não-profissionais e aumenta as medidas mínimas para captura de exemplares.

Uma das reivindicações dos trabalhadores era que o Estado concedesse um tempo de transição para que os turistas possam se adaptar às mudanças. Ouvindo os pescadores, o Estado determinou a implantação da ‘cota zero’ de maneira gradual. Com isso, a quantidade de 10 kg de peixes pescados por amadores caiu pela metade, 5 kg.

Os turistas que forem passear nos pesqueiros, pousadas e hotéis em cidades banhadas por rios em MS neste ano, poderão levar para casa 5 kg de peixes, sendo um peixe de qualquer espécie e cinco piranhas.

A partir de 2020 as regras serão outras. Os turistas poderão pescar normalmente nos rios, desde que pesque e solte imediatamente os peixes no rio, modalidade “pesque e solte”. “Ficando autorizado somente o consumo [do peixe pescado pelo turista] no local de captura”, diz decreto.

Os locais que são considerados ‘de captura’ são os locais em que os turistas estarão, como as pousadas, barco-hotel, ranchos ou hotéis. Aqueles que pescarem em barrancos ou acampamentos, também poderão pescar e consumir o peixe no local. Não foi determinada a quantidade de peixes a se consumir.

A prática da pesca subaquática, que é quando o pescador mergulha e usa arpões por exemplo para pescar, estará proibida a partir de 2020.

‘Profissionais e ribeirinhos não serão afetados’

O secretário adjunto da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), conversou com o Jornal Midiamax e explicou situação dos pescadores profissionais e ribeirinhos, que vivem da pesca de subsistência.

“Nada vai mudar para o pescador profissional ou para o ribeirinho. A ‘cota zero’ é apenas destinada aos pescadores amadores. O ribeirinho tem a permissão de pescar 3 kg por dia e isso não vai mudar. Nada vai mudar para os pescadores profissionais, que podem pescar até 400 kg por mês”, disse Ricardo Senna.

Muitos pescadores e empresários que trabalham com turismo, esboçaram preocupação, pois muitos turistas que estavam com reservas para pousadas em MS começaram a cancelar, pois acharam que não poderia mais pescar. Senna pontua que, o que aconteceu, foi uma falta de informação.

“Não existe proibição de pesca para os pescadores amadores. Ele pode vir, pescar e comer, só não poderá mais levar o pescado. Ele pode ir em colônias e mercados e comprar quantos peixes ele quiser para levar, só não poderá levar o que ele pescar”, declarou o secretário.

Muitos pescadores questionaram se os peixes ficam, de fato, vivos, assim que são soltos de volta ao rio e o secretário esclarece que o uso correto dos petrechos de pesca contribui para que ele permaneça saudável.

“Nós vamos preparar um material para orientar como será o pesque e solte, quais apetrechos usar para, porque se você dá o devido tratamento ao pescado, o peixe é devolvido por inteiro a natureza”, pontuou Senna.

Espécies e tamanhos permitidos

O decreto do Governo também determinou os tamanhos das espécies que ficam proibidas de serem pescadas. Somente quatro peixes receberam os tamanhos máximos para serem pescados, os demais, podem ser capturados.

Na ‘cota zero’, a partir de 2020, as exigências dos tamanhos entra na pesca a ser consumida no local de captura pelo pescadores amadores. Quanto aos 5 kg ainda permitidos, os turistas devem seguir as normas. Confira:

PeixeTamanho mínimo para pescaTamanho máximo para pesca
Jaú95 cm120 cm
Cachara83 cm112 cm
Pintado90 cm115 cm
Pacu45 cm57 cm
Piraputanga30 cmIndeterminado
Barbado60 cmIndeterminado
Pati65 cmIndeterminado
Jurupoca40 cmIndeterminado
Curimbatá38 cmIndeterminado
Piavuçu38 cmIndeterminado
Jurupensém35 cmIndeterminado
Armao, armado, abotoado35 cmIndeterminado
Cascudo-abacaxi30 cmIndeterminado
Cascudo, acari30 cmIndeterminado
Corvina30 cmIndeterminado
Cascudo-preto25 cmIndeterminado
Mandi, mandi amarelo25 cmIndeterminado
Piau25 cmIndeterminado
Piau-Três Pintas25 cmIndeterminado
Pacupeva20 cmIndeterminado
Palmito35 cmIndeterminado

O tamanho dos peixes devem ser medidos da ponta do focinho até a extremidade da cauda mais longa do peixe, segundo o decreto. Quando os peixes pescados em 2019, tanto por amadores quanto profissionais, o Governo determina que na fiscalização, o peixe deverá estar inteiro, com a cabeça, nadadeiras, inclusive as escamas.

A favor da ‘cota zero’

As associações de pesca esportiva de Mato Grosso do Sul manifestaram apoio a ‘cota zero’, alegando que a medida conscientizará os turistas sobre a preservação dos cardumes.

A reportagem, o presidente da Associação de Pesca Esportiva do Pantanal, Alexandre Pierin, disse que apoia a medida, desde que o Governo dê o prazo para adequação ao turismo no Estado.

“O Governo deve ter as devidas cautelas para que o turista se adeque com essa nova norma. Porque o restante [pescadores profissionais, ribeirinhos, empresários], não serão atingidos”, disse Alexandre.

Rafael Claro, da APETL (Associação de Pesca Esportiva de Três Lagoas), disse que, para existir a consciência dos moradores, o Estado deve agir. “A gente acredita que se a população precisa ter alguma consciência, tem que ter alguma lei. O embasamento dessa lei, o Governo tem se baseado em leis que estão vigor”, disse Rafael, citando decretos parecidos no Estado de Goiás e Tocantins.

Claro apontou que pesquisas mostram que não há o perigo de extinção das espécies, mas que somente é preciso aumentar os cardumes. A expectativa das associações é que mais pescadores amadores busquem aderir a prática esportiva.

 

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