Emissoras públicas de rádio e TV criam pool para fortalecerem seu papel
Em meio a um cenário de crise que tem imposto cortes orçamentários a todos os entes públicos do país, as emissoras públicas de rádio e televisão decidiram se unir em busca de uma maior presença na sociedade, ao mesmo tempo em que ganham fôlego –inclusive financeiro– para o cumprimento de suas missões. Nesta quinta-feira (9), […]
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Em meio a um cenário de crise que tem imposto cortes orçamentários a todos os entes públicos do país, as emissoras públicas de rádio e televisão decidiram se unir em busca de uma maior presença na sociedade, ao mesmo tempo em que ganham fôlego –inclusive financeiro– para o cumprimento de suas missões. Nesta quinta-feira (9), em Brasília, foi oficialmente apresentado, durante reunião do Fórum Nacional de Emissoras Públicas de Rádio e Televisão, o IBEPEC (Instituto Brasileiro de Empresas Públicas de Comunicação), com o qual dividirá responsabilidades na condução do futuro da radiodifusão pública.
“O Fórum continuará a existir como nosso ente principal, reunindo as demandas de Estado das emissoras públicas, definindo as prioridades nas políticas de atuação e as necessidades perante o governo federal. O Ibepec fica responsável por buscar os meios de execução, cuidando de aspectos jurídicos, legais e, inclusive, comerciais da produção”, afirmou Sérgio Kobayashi, vice-presidente do Fórum Nacional e que está à frente do IBEPEC, aos representantes das principais emissoras públicas do país.
A vice-presidência do instituto será exercida por Danilo Magalhães, procurador jurídico do Estado de Mato Grosso do Sul há 14 anos –a maior parte deste tempo na Fertel (Fundação Luiz Chagas de Rádio e TV Educativa de Mato Grosso do Sul)–; tendo como secretário-geral o diretor de Rede da TV Cultura de São Paulo, Fábio Borba, que exerce a mesma função no Fórum que segue presidido por Bosco Martins, diretor-presidente da Fertel.
O primeiro ponto de atuação do IBEPEC é o de viabilizar o trabalho conjunto das emissoras, com maior integração das equipes inclusive na apresentação de produtos. “A TV Cultura hoje abrange 80% do território nacional, logo, temos de cada vez mais ter a cara do Brasil”, explicou. Nesse sentido, programas como o Vitrine Brasil e o AgroCultura já foram elaborados pensando em respeitar a regionalidade dos programas, tanto pela linguagem como pelos profissionais envolvidos.
A avaliação contou com respaldo dos dirigentes das empresas presentes, como Ana Cristina Cavalcante, da TV Ceará. “O respeito ao regionalismo fortalece o papel das emissoras públicas”, disse, apontando ali a visibilidade para a pluralidade do país.
Comercial
Em outro front, o IBEPEC ajudará a contornar o obstáculo financeiro que as emissoras públicas enfrentam –e que, no passado, já resultou na suspensão de atividades ou mesmo extinção de empresas estatais. A ideia é buscar apoios culturais de alcance nacional, inclusive dentro das cotas de mídia institucional dos governos estaduais e federal, que permitam um reforço de caixa a fim de adequar as emissoras ao interesse do público e, também, para investimentos necessários com o avanço tecnológico.
“Tratam-se de opções que permitirão, cada vez mais, que tenhamos TVs de Estado, e não de governos, com mais independência inclusive no campo financeiro”, afirmou Bosco Martins. O presidente do Fórum Nacional enalteceu o fato de que o público das emissoras públicas tem caráter diferenciado, sendo formado principalmente por formadores de opinião, tornando-se atrativos assim para o mercado publicitário –seja estatal ou privado.
Evolução
Diretor-geral da TV Brasil, Roni Baksys Pinto informou que a empresa federal de comunicação analisa seu ingresso no IBEPEC, uma vez que os objetivos da instituição vão ao encontro dos esforços que a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) realiza desde o início do ano para reduzir despesas e aumentar seu alcance.
As medidas, já divulgadas nacionalmente, envolveram a integração entre a TV Brasil e a NBR, a implementação de um corte de gastos na ordem de 25% e a instituição de um PDV (Plano de Demissão Voluntária) que alcançou 350 colaboradores e deve gerar economia na casa dos R$ 67 milhões. A intenção, explicou ele durante a reunião do Fórum Nacional, é de concentrar esforços em investimentos que permitam à TV Brasil aumentar seu alcance e audiência.
“Tiramos alguns contratos e temos procurado valorizar o pessoal da casa, entre jornalistas e produtores, que podem suprir a necessidade da empresa em programação, conteúdo e para atuarmos de forma mais forte. Mas nosso principal projeto, hoje, não é na área de conteúdo. Isso porque, se analisarmos, a TV Globo tem cobertura de mais de 98% do território; a Record TV de mais de 95%; o SBT de mais de 90%; a Cultura chegando a 80% do país com parque de produção próprio ou os parceiros; e a EBC tem 15%, chegando a 18% com parceiros digitais e 39% com os digitais e analógicos. Não posso colocar a programação se o sinal não chega”, ilustrou. A meta, destacou, é fazer o sinal da TV Brasil chegar a todo o país.
Fundado em agosto de 2018, o IBEPEC terá seu papel intensificado e ganhará entre as missões dar visibilidade a uma programação que siga as premissas da Educação, Cultura e Meio Ambiente, bem como permitir uma estrutura de acompanhamento de governos a partir de Brasília por meio de correspondências. Ao final da reunião, ficou acertada a apresentação de sugestões para aprimorar seu estatuto social advindas das diferentes regiões do país, seguindo sugestões apresentadas por Ana Carolina Cavalcante, Vanessa Vasconcelos (TV Cultura do Pará) e Gustavo Almeida (TV Pernambuco).
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