A greve dos caminhoneiros, que entra no quarto dia nesta quinta-feira (24), provoca graves reflexos no Estado. Além do risco de desabastecimento nos mercados e da falta de produtos no Ceasa, falta combustível em várias cidades do interior de Mato Grosso do Sul.

As menores cidades, por estarem mais distantes das distribuidoras, são as que mais sofrem com o problema, uma vez que os caminhões-tanque não conseguem chegar para abastecer os postos.

Já falta combustível em Corumbá, Coxim, Dourados, Naviraí, Ivinhema, Paranaíba, Ribas do Rio Pardo, São Gabriel do Oeste, Rio Brilhante, Bonito e Costa Rica, entre outros.

Em Campo Grande, um dos postos onde ainda tem combustível abastece apenas os veículos oficiais, como viaturas dos Bombeiros, Polícias e SAMU.

Confira quais cidades já estão sem combustível e as implicações da greve em Mato Grosso do Sul
Viatura do Corpo de Bombeiro abastece em posto da capital
Foto: Joaquim Padilha

Desdobramentos

Além disso, segundo a FIEMS, 80% das industrias estão paralisadas com a greve.  Nos supermercados, a AMAS garante o abastecimento até sábado, mas no Ceasa já há falta de hortifruti e os preços dispararam. Só a batata teve aumento de 92%.

Nos aeroportos a situação também é complicada. Por aqui, o estoque deve durar até sábado e a recomendação da Infraero é para que o cliente confirme o voo com a companhia aérea antes de ir para o terminal.

O consórcio Guaicurus adotou medidas para economizar combustível e retirou os ‘Fresquinhos’ de circulação.

CONFIRA COMO ESTÁ A SITUAÇÃO DAS CIDADES DO INTERIOR DO ESTADO

Dourados
Na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, Dourados, motoristas enfrentam filas quilométricas com medo da falta de combustíveis. Em alguns postos a gasolina já não é mais encontrada.

Segundo uma motorista de 36 anos, a gasolina de R$ 3,88 passou para R$ 4,90. “Quando fui abastecer na noite de ontem (quarta) já não tinha mais gasolina e ainda bem que meu carro é flex, e consegui colocar etanol”, disse.

A reitoria da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) também suspendeu as aulas e as atividades administrativas no período noturno desta quinta-feira (24) e integralmente nos dias 25 e 26 de maio.

Por meio de nota, a administração da universidade justificou que os estudantes e servidores estão tendo problemas de locomoção, em função da paralisação dos caminhoneiros.

Paranaíba
Em cidades como Paranaíba, 407 quilômetros da Capital, não há mais gasolina e nem etanol. Em Coxim, o combustível deve terminar nesta sexta-feira (25), caso não haja reabastecimento nos postos de combustíveis, o que fez com a prefeitura parasse os carros administrativos.

Ivinhema
Os comércios de Ivinhema, a 291 km de Campo Grande, irão fechar na tarde desta quinta-feira (24). De acordo com a associação comercial, a decisão foi inânime e todos os estabelecimentos comerciais do município devem parar as atividades em apoio à greve dos caminhoneiros. O combustível já falta nos postos da cidade.
Segundo o presidente da ACIIV (Associação Comercial e Industrial de Ivinhema), Valentim Peixoto, os comércios fecham a partir das 15h e só reabrem na sexta-feira (25). “Só os bancos vão ficar abertos. Todos os comércios fecham, sem exceção: farmácias, mercados, lojas, todos acataram a ideia”, afirma.

Coxim
O combustível na cidade de Coxim, a 253 quilômetros de Campo Grande, deve acabar nesta sexta-feira (25). O prefeito da cidade Aluizio São José (PSB) determinou um plano emergencial aos secretários para que não falte combustível para os serviços essenciais, como ambulâncias, transporte escolar e coleta de lixo.

A empresa que fornece combustível para a prefeitura teria avisado do desabastecimento desta quinta (24) para a sexta (25). Com isso, os veículos administrativos do executivo municipal foram paralisados.

Corumbá
O Procon de Corumbá informa que só há combustível para esta quinta-feira (24) na região. A expectativa é que caminhões que estão presos em interdições em Campo Grande consigam passar para abastecer os postos. A cidade começa a receber turistas para o 14º Festival América do Sul, em Corumbá que acontece entre os dias 24 e 27 de maio.

Conforme informações do diretor do Procon de Corumbá, Alexandre Vasconcelos, fiscais do órgão foram para as ruas nesta manhã acompanhar se houve aumento nos preços dos combustíveis e desabastecimento. “Nossos fiscais concluíram que não teve aumento, mas falta gasolina, diesel e etanol”, conta.

Costa Rica
Motoristas fazem fila para abastecer a R$ 4,85 no interior por causa do desabastecimento de combustível causado pela greve dos caminhoneiros. Ao todo, a cidade possui três postos, sendo que na maioria, a gasolina havia acabado no início da noite dessa quarta-feira (23).

Ribas do Rio Pardo
Ribas do Rio Pardo, cidade a 98 km da Capital, está na iminência de ficar totalmente sem combustível. Dos três postos localizados na cidade, apenas um ainda atende clientes. De acordo com leitores, o Auto Posto Rio Pardo, na Avenida Aureliano Moura Brandão, ainda teria um estoque de cerca de 7 mil litros de gasolina. A frota estimada na cidade é de 4 mil veículos.

São Gabriel do Oeste
Como forma de demonstrar apoio à greve dos caminhoneiros, a Prefeitura de São Gabriel do Oeste, a 133 km de Campo Grande, fechará as portas na tarde desta quinta-feira (24). O expediente se encerra às 15h30 em solidariedade ao movimento que pede a redução dos preços dos combustíveis.

Em comunicado em vídeo nas redes sociais, o prefeito do município, Jeferson Tomazoni (PMDB), afirma que a greve dos caminhoneiros visa o bem comum e que por isso a sociedade deveria apoiar. A Prefeitura afirma que fecha para que a população, servidores e funcionários possam manifestar o apoio e que a greve deve influenciar no abastecimento de combustível e produtos alimentícios.

Bonito

Na cidade turística sul-mato-grossense, localizada a 297 km de Campo Grande, estoque dos postos de combustíveis já teriam encerrado os estoques. A reportagem apurou que, em pelo menos dois postos da cidade gasolina, etanol e diesel já acabaram.

Jardim

Na cidade que fica a 239 quilômetros de Campo Grande, alguns dos postos da cidade o combustível já se esgotou. Em um dos postos, localizados no centro da cidade, só há disponível diesel para abastecer, no valor de R$ 4,47/litro. Em um segundo estabelecimento, só há disponível nas bombas etanol, no valor de R$ 3,59/litro.

Aquidauana

No município que fica a 131 km da Capital, os postos de combustíveis sequer atendiam as ligações. Em um dos poucos estabelecimentos, ainda há gasolina aditivada, mas estoque está se esgotando. O valor do litro está R$ 4,68.

Anastácio

Ao lado de Aquidauana, os moradores também poderão enfrentar problemas se foram abastecer. Em pelo menos um dos postos, combustível já está esgotado.

Miranda

Com o estoque se encerrando, ao menos dois postos de combustíveis ainda estão abastecendo, mas alertam moradores que as reservas das unidades seguem baixas e podem acabar a qualquer momento. Em um primeiro estabelecimento, o preço está R$ 4,79/litro e em outra, estoque conta apenas com 3 mil litros, está R$ 4,82/litro.

Rio Brilhante

Localizada a 161 km de Campo Grande, em um dos postos, há apenas 1 mil litros de gasolina e que custam R$ 4,65/litro. Em outra, o estoque ainda segue e preço da gasolina está R$ 4,53.

Maracaju

A Prefeitura de Maracaju também teve de adotar medidas, devido à falta de combustíveis, ocasionada pela paralisação nacional dos caminhoneiros. A partir de sexta-feira (25), ficam suspensos, por tempo indeterminado, o transporte escolar rural e urbano. Mesmo assim, segundo informou o município em nota, as aulas nas escolas públicas não serão interrompidas.

Ônibus urbanos devem operar apenas em horários específicos, às 6h, 11h, 13h e 17h. A coleta de lixo também foi suspensa por tempo indeterminado em Maracaju e também no distrito de Vista Alegre. Segundo a prefeitura, a medida foi adotada pois o material recolhido na cidade, por regra, é destinado a Dourados e os caminhões que transportam o material estão impedidos de circular.

O município ainda se compromete a adotar medidas necessárias para que as ambulâncias continuam circulando normalmente, enquanto durar a paralisação.

*Atualizada às 17h58 para acréscimo de informação

*Colaborou: Mariane Chianezi