Morre Enir Terena, a primeira cacique mulher de MS

Liderança foi fundadora da Aldeia Urbana Marçal de Souza

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Liderança foi fundadora da Aldeia Urbana Marçal de Souza

Morreu na tarde desta terça-feira (21) a índia Enir Bezerra da Silva, 61, também conhecida como Enir Terena. Ela foi fundadora da aldeia urbana Marçal de Souza e a primeira cacique mulher de Mato Grosso do Sul, eleita por voto direto por membros da aldeia, que fica no bairro Tiradentes, em Campo Grande. Enir permanecia no cargo até hoje, por escolha da comunidade.

Enir, que era cardiopata e tinha diabetes, passou mal em sua residência na noite da última segunda-feira (21) e foi internada na Santa Casa. Ela faleceu por volta das 14h desta terça-feira. De acordo com o filho de Enir, Mauro Sérgio Forasteiro, ela já havia sido internada e esteve em observação na última sexta-feira no CRS Tiradentes.

“Como a pressão dela estabilizou, ela voltou para casa. O problema é que ela precisava de uma hemodiálise, mas a pressão estava muito baixa para isso”, afirmou Mauro. No início do ano, Enir realizou cirurgia para implantação de um marca-passo e apresentou melhoras. Porém, de acordo com o filho, começou a ter pioras nas últimas semanas.

20 anos de lutas

Enir nasceu no dia 8 e março de 1955, na Aldeia Limão Verde, no município de Aquidauana e mesmo com 61 anos e os problemas de saúde, permanecia ativa na comunidade que fundou. Ela deixou 7 filhos, sendo cinco homens e duas mulheres, com quem morava, e 12 netos. Durante a gestão do então prefeito André Puccinelli, Enir iniciou a articulação para a criação da aldeia urbana Marçal de Souza, a primeira do Brasil em território urbano, inaugurada em 1995. Trabalhou junto a Puccinelli como coordenadora de assuntos indígenas tanto no município como no governo do Estado. 

Em 2015, foi homenageada na 17ª edição da Feira Cultural Indígena, que teve como tema. “Enir Índia: A história de suas lutas e conquistas. Na mesma ocasião, ela também reafirmou a luta pelos direitos dos indígenas e confirmou que continuaria militante. “Caminhamos juntos e fizemos nossa história. Fizemos grandes conquistas, como a construção da Escola Sulivan e a Construção do Memorial Indígena. Cabe a nós preservar e zelar por tudo que temos”, comentou. No mesmo dia, ela também foi homenageada pela Empresa Brasileira de Correios de MS com um selo comemorativo em homenagem ao Dia do Índio.

O velório de Enir ainda não tem horário definido, mas deverá acontecer, segundo Mauro, na Escola da Aldeia Urbana Marçal de Souza. “Gostaríamos que fosse na própria comunidade que ela tanto defendeu, mas não tem nada certo ainda”, destacou.

Conteúdos relacionados