Professores tentam, mas ainda há dificuldades no uso das novas tecnologias

Faltam formação e infraestrutura, segundo professores

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Faltam formação e infraestrutura, segundo professores

Os professores brasileiros têm interesse em utilizar as novas tecnologias como recurso em aula, mas nem sempre existem condições de infraestrutura e capacitação. Esse é o resultado da pesquisa TIC Educação do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR).

De acordo com a pesquisa, para apenas 30% dos professores de escolas públicas o principal local de uso das TIC é a sala de aula. A pesquisa aponta ainda que 82% dos professores de escolas públicas produzem conteúdos para as aulas por meio do uso das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação). Já o uso da Internet para publicação ou compartilhamento de conteúdos próprios a serem utilizados com os alunos é feito por 28% dos professores de instituições públicas de ensino, um crescimento de 7 p.p. em comparação a 2013.

O levantamento, divulgada nesta segunda-feira (21), foi realizado em 930 escolas no período de setembro de 2014 a março de 2015 e ouviu 930 diretores, 881 coordenadores pedagógicos, 1.770 professores e 9.532 alunos.

Para o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, “embora a infraestrutura de tecnologia de informação e comunicação (TIC) esteja avançando nas escolas brasileiras, o seu uso, bem como a sua apropriação nas práticas pedagógicas, ainda representa um desafio para projetos educacionais e políticas públicas”.

Para o professor de Campo Grande, Dênis Souza Ferreira, 26 anos, há muitas alternativas que auxiliam como recurso pedagógico, no entanto, a dificuldade está na escola e nos profissionais. “Eu uso algumas alternativas, como aulas de slides, vídeos e músicas. Nós temos data show e TVs nas salas de aula, mas não há computador, nem Internet”, diz ele. Segundo Dênis, além da rede da escola, outro problema são os profissionais. “Muitos professores não buscam transmitir conhecimento mais aprofundado aos alunos. Eu tento, tento ensinar e fazer a diferença”, ressalta.

Mesma opinião tem o professor Leonardo B. Souza, 30 anos. Segundo ele, há dificuldades em inserir as novas tecnologias por parte dos professores. “Os professores usam muito pouco a Internet, comparado com o que deveria ser. Essas dificuldades são em decorrência do tempo disponível para ensinar e aplicar, e o próprio fazer o material, que é demorado e demanda tempo”, explica ele.

Formação de professores

Ainda de acordo com a pesquisa, 67% dos professores de escolas públicas declararam que aprenderam sozinhos a utilizar computador e Internet. E apenas 57% fizeram cursos de formação específicos sobre as TIC. Entre os profissionais que fizeram cursos, a grande maioria (74%) pagou pelo próprio curso. Apenas 29% receberam capacitação das secretarias de educação ou outros órgãos de governo.

Outro dado interessante é que entre os professores de escolas públicas com formação universitária 37% cursaram uma disciplina específica sobre o uso do computador e da Internet durante o Ensino Superior.

Segundo Leonardo, os professores não costumam receber formação para o uso das novas tecnologias. “Nós recebemos tablet do Governo, mas não recebemos formação. Eles incentivam o uso das novas tecnologias como recurso pedagógico, e até pedem para usamos. No entanto, não tem wifi na sala de aula”, explica.

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