Cempe tem médicos pedindo para sair e técnicos que não querem plantão
Perto do fechamento, caos se instalou na unidade de saúde que era referência
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Perto do fechamento, caos se instalou na unidade de saúde que era referência
Perto do fechamento do Cempe (Centro Municipal Pediátrico), ou da reestruturação como divulga a Prefeitura de Campo Grande, o bom atendimento que era constantemente elogiado por pais, deu lugar a reclamações com direito a um ‘dia caótico’ na última sexta-feira (16). Segundo informações do diretor da unidade Cristiano de Campos, nesta segunda-feira (19) pelo menos oito servidores pediram exoneração, possivelmente médicos. Além disso, nos últimos dias, as escalas de técnicos de enfermagem e enfermeiros não ‘fecharam’, pois os profissionais não quiseram fazer plantão, o que acabou prejudicando todo o andamento dos trabalhos.
Na manhã desta segunda, o diretor da unidade compareceu a uma reunião convocada pelo vereador Paulo Siufi (PMDB), com a presença dos vereadores Alex do PT, Chiquinho Telles (PSD), do Conselho Municipal de Saúde e líderes comunitários no MPE (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) com as promotoras Filomena Fluminhan e Paula Volpe para discutir uma solução para o problema da unidade, que tem revoltado a população e gerado crítica dos vereadores.
Sobre a reestruturação, Campos disse que no Cempe há o atendimento de especialidades e de urgência. A ideia da Prefeitura com relação à decentralização dos serviços, é transferir o CEI (Centro de Especialidade Infantil) para outra unidade com o mesmo nome, que já funciona na Vila Margarida, e a parte de urgência ser atendida pelas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento). Posteriormente, a ideia é a transferência do CEI para um prédio público no Centro da Capital. “Isso vai estar em discussão com o Conselho de Saúde para saber se aprova ou não, no dia 21”.
O diretor afirmou na reunião que o Cempe não tinha viabilidade para ser criado e que custa R$ 3 milhões por mês, que saem integralmente da Prefeitura. Por isso, a necessidade de reestruturação. Com relação a baixa dos médicos, ele justifica com a diminuição dos salários, já que os médicos do Cempe ganhavam mais do que os que executavam a mesma função em outras unidade. Com a isonomia salarial entre os profissionais da área, alguns estão preferindo sair do quadro da Prefeitura.
Na reunião, o Conselho Municipal de Saúde pontuou que por conta do tipo de atendimento feito no Cempe, não é possível o recebimento de recursos do Ministério da Saúde e que a abertura do local se deu antes do parecer do Conselho. Também foi afirmado que o local está funcionando como uma espécie de UPA (Unidade de Pronto Atendimento) infantil, o que não é permitido pelo SUS.
A promotora Filomena Fluminhan, titular da 32ª Promotoria de Justiça, afirmou que foi às UPAs em visitas técnicas e constatado que na Capital havia falta de leitos clínicos e não pediátricos, porém o o vice-prefeito afastado Gilmar Olarte “Entendeu por bem de instalar Cempe”.
Uma das formas apontadas na reunião como forma de conseguir que o local a integrar uma linha de cuidado definida pelo SUS (Sistema Único de Saúde) seria a transformação em maternidade. Porém conforme a legislação, o município já possui a quantidade de leitos para atender a Campo Grande e a macro região.
O vereador Paulo Siufi questionou sobre a transferência da Maternidade das Moreninhas, para o prédio do Cempe. A ideia rebatida prontamente pelo vereador Chiquinho Teles. De acordo com o diretor do Cempe que também era o representante da Prefeitura na reunião, essa hipótese já foi discutida e atualmente não é cogitada.
As lideranças comunitárias presentes na reunião foram contra o fechamento e falaram sobre a revolta da população, que muitas vezes reclama do atendimento nos postos de saúde e que havia encontrado um bom atendimento no Cempe. Com mudança de prefeitos na cidade, o “jogo de poder” foi apontado por alguns dos presentes como o motivo do possível fechamento do Cempe.
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