Local deveria estar cercado desde 2010, quando prefeitura firmou um TAC

Dois garotos, aparentando ainda serem adolescentes, foram flagrados na manhã desta quinta-feira (19), pelo Jornal Midiamax no aterro de entulhos do , em . Eles estavam no local recolhendo restos de obras, perto de um buraco, correndo risco de cair e rolar por vários metros.

Recentemente, a situação de crianças e adolescentes no aterro foi mais uma vez denunciada ao Conselho Tutelar da Capital. Como há somente uma entrada com portão, por onde entram os “caçambeiros” é possível que qualquer pessoa tenha acesso ao interior do local por meio das laterais. Não há fiscalização da GCM (Guarda Civil Municipal). 

De acordo com a conselheira Ana Paula Morilhas, do Conselho Tutelar Norte, foi feita uma fiscalização na terça-feira (17) e foram flagradas crianças e adolescentes no local. Os maiores correram e fugiram quando viram a equipe do Conselho Tutelar e ficaram apenas as menores, de 3 e 9 anos, que estavam acompanhadas pelos pais. “Foi feita a orientação e se verificar que ainda está acontecendo, vai encaminhar para promotoria”, diz. “Muitos levam para ajudar, porque acham que não tem perigo”, completa a conselheira. 

Enquanto a equipe de reportagem estava no local, um homem que disse ser fiscal da Prefeitura, exigiu que a equipe saísse do local, afirmando que chamaria a polícia, alegando invasão de área pública. O suposto encarregado seria a única pessoa com o trabalho de fiscalizar toda a extensão do aterro.

Mesmo sendo questionado várias vezes, o homem que não usava uniforme ou crachá de identificação, se recusou a fornecer o nome. O suposto fiscal foi questionado então, se também era o responsável por deixar as crianças e os adolescentes entrarem. Ele disse então que “Isso já foi resolvido” e que “Muitas vezes eu liguei para eles [Conselho Tutelar] e agora estão vindo. Já comuniquei várias vezes”, disse. 

Morte no lixão

No dia 28 de dezembro de 2011, o menino Maikon Correa de Andrade, de 10 anos, morreu soterrado por uma montanha de lixo, no no Bairro Dom Antônio Barbosa. O menino estava com um amigo e os dois subiram em um amontado de resíduos, que desabou. O colega do garoto também caiu, mas foi logo salvo por um dos catadores.

TAC

Em 2010, a Prefeitura de Campo Grande, na gestão Nelson Trad Filho, firmou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). Na época, a determinação era para que o aterro recebesse isolamento externo circundando todo o seu perímetro, sendo interditado para entrada de veículos, pessoas e animais, com exceção para carga, descarga e manutenção. 

Além disso, uma guarita deveria ser instalada em cada aterro, com vigilância permanente de guardas municipais, que também deveriam fazer a fiscalização do material que chega para ser depositado. 

Os aterros também não poderiam receber lixo hospitalar e domiciliar, bem como restos de animais, papéis, papelões, plástico em geral e material orgânico em geral. Ficando permitido apenas o depósito de entulho de construção civil, galhos de árvore, grama e vegetação, madeiras e materiais arenosos.