Moradores e motoristas dizem que Júlio de Castilho virou ‘muro de Berlim’ entre bairros

Quem usa a avenida aprova o fim do estacionamento na Júlio de Castilho, mas reclama do sistema de laços ‘adaptado’, que dificulta retornos e o acesso a diversos bairros da região.

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Quem usa a avenida aprova o fim do estacionamento na Júlio de Castilho, mas reclama do sistema de laços ‘adaptado’, que dificulta retornos e o acesso a diversos bairros da região.

Enquanto os comerciantes amargam quedas nas vendas, quem mora nas proximidades da Avenida Júlio de Castilho, ou usa a via para chegar em casa, aprova a proibição do estacionamento no local. Para moradores e motoristas, no entanto, a reclamação é a dificuldade de acesso aos bairros e retornos, causada pelo sistema de alças adotado no projeto.

“Isso aqui virou o verdadeiro ‘Muro de Berlim’ de Campo Grande. A gente precisa passar de um bairro ali do outro lado e tem que dar uma volta de até seis quilômetros, porque tornaram tudo contramão nas proximidades”, reclama um morador do Bairro Santo Amaro que tem casas de aluguel no bairro ao lado, Santo Antônio, e usa a avenida há mais de 30 anos.

A ideia inicial era transformar a avenida, uma das principais de Campo Grande, em via de trânsito rápido. Para isso, foram removidas as opções de conversão à esquerda e alças de acesso foram ‘improvisadas’ nas ruas paralelas. O projeto, além de considerado confuso, não agradou quem precisa andar até 5 quilômetros a mais para acessar um determinado bairro, por exemplo.

Os moradores são enfáticos ao apontar a falta de retorno para os bairros como principal problema da via. “Fecharam a maioria dos canteiros e não tem como fazer o retorno”, reclamou a nutricionista Cristiane Rodrigues.

A Prefeitura de Campo Grande afirmou que o projeto da obra, elaborado ainda na gestão do ex-prefeito Nelson Trad Filho (PMDB), previa o fim das conversões à esquerda, com utilização de laços de quadra para acesso aos bairros e retornos.

Segundo a assessoria, a Júlio de Castilho é tratada como uma via rápida, o que sugere facilidade no fluxo de veículos e conversão à esquerda proibida.

Nestes casos, a população argumenta que precisa trafegar por quilômetros na via até encontrar o retorno, caso queira voltar para outra mão ou entrar em algum dos bairros da região. “O trânsito depende dos acessos e aqui não tem muito retorno. Próximo da Rua Yokoama, então, está uma anarquia”, reclama um morador que preferiu não se identificar.

Apesar das queixas a respeito da falta de acessos, a maioria dos moradores entrevistados apoia a proibição total de estacionar na Júlio de Castilho. “Com a proibição desafoga bastante o trânsito na avenida. Antes [da proibição de estacionar], eu levava pelo menos meia hora na avenida até minha casa”, afirma Wilma Godoy.

Com o estacionamento proibido na via entre as 6 e 10 horas e das 16 às 19 horas, quem tem de ir a algum estabelecimento da Júlio de Castilho precisa procurar um local nas vias adjacentes para parar.

Até neste caso, os reflexos da polêmica obra geram incômodos. “Não tem problema estacionar nas ruas paralelas e adjacentes, mas o problema é que tem pessoas que estacionam na frente de garagem”, reclama Delci Peruso que, apesar da queixa, é a favor da proibição total de estacionar na via. “É melhor porque o trânsito flui melhor. Se todo mundo respeitar, não tem problema estacionar perto de casa, contanto que estacione no lugar certo”, opina Delci.

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