Sem dúvidas sobre urnas, embaixadores vão a encontro de Bolsonaro a contragosto

A convocação foi enviada a cerca de 50 embaixadores, segundo o próprio presidente, mas os critérios de escolha não foram divulgados por Bolsonaro

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Presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Divulgação.

Embaixadores estrangeiros convidados pelo presidente Jair Bolsonaro para uma apresentação sobre supostas fraudes em eleições brasileiras, nunca comprovadas, relatam constrangimento em faltar ao encontro nesta segunda-feira, 18, no Palácio da Alvorada. A convocação foi enviada a cerca de 50 embaixadores, segundo o próprio presidente, mas os critérios de escolha não foram divulgados por Bolsonaro, tampouco pela Presidência da República. O governo espera em torno de 40 presenças.

Dois chefes de missões diplomáticas europeias, que não relatam dúvida sobre a confiabilidade do sistema eleitoral do Brasil e defendem publicamente respeito às instituições democráticas, disseram que se veem numa saia-justa com o convite de Bolsonaro. Isso porque, em maio, atenderam a uma convocação similar do ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, para falar sobre a segurança e a transparência do sistema de urnas eletrônicas. Fachin reuniu na ocasião 68 embaixadores.

Seria no entendimento de alguns diplomatas uma descortesia se ausentar propositadamente da reunião de Bolsonaro, que lhes será útil para entender e poder relatar ao exterior alguns dos argumentos do presidente e seus planos, a serem apresentados em slides de power-point.

Por isso, mesmo países que adotaram discrição sobre o tema resolveram comparecer como Estados Unidos, França, Portugal e Bélgica. Algumas embaixadas cujo embaixador não está em Brasília vão enviar o número dois, como é o caso da União Europeia. Itália e Índia também confirmaram presença.

Dos membros do conselho de Segurança das Nações Unidas, só a China não se manifestou, por não ter sido convidada, segundo fontes diplomáticas. O Reino Unido também não enviará representante, por falta de convite.

O mesmo ocorreu com representantes de países sul-americanos governados pela esquerda, como Chile e Argentina, que disseram não ter recebido convite. Já Colômbia e Equador, cujos atuais presidentes são alinhados a Bolsonaro, pretendem comparecer.

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