Julho Amarelo: campanha faz alerta sobre hepatites virais

A campanha do Julho Amarelo existe para distribuir informações sobre as formas de prevenção e combate às hepatites virais. Com diferentes tipos e sintomas, essas doenças atingem o fígado, e devido à gravidade que possuem, podendo levar ao câncer de fígado, a OMS instituiu em 2010 o dia 28 de julho como data do Dia […]

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Foto: Divulgação | PMCG
Foto: Divulgação | PMCG

A campanha do Julho Amarelo existe para distribuir informações sobre as formas de prevenção e combate às hepatites virais. Com diferentes tipos e sintomas, essas doenças atingem o fígado, e devido à gravidade que possuem, podendo levar ao câncer de fígado, a OMS instituiu em 2010 o dia 28 de julho como data do Dia Mundial de Combate à Hepatite.

Como principal da ação da campanha, são realizados mutirões de testagem para a Hepatite C, um dos tipos da doença que possui teste rápido para diagnóstico. A campanha é realizada desde 2015, iniciativa do Movimento Brasileiro de Luta Contra as Hepatites Virais e da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), e foi adotada pelo governo em 2019 com a instituição da Lei nº 13.802/2019.

Neste ano a SBH já organizou ações para a campanha em alguns Estados do Brasil, com testagem para hepatite B e C. No dia 27 de julho elas ocorrerão no estádio Allianz Parque, em São Paulo. No dia 28 ocorrerão mutirões no Parque do Ibirapuera (São Paulo), Farol da Barra (Salvador), Praça da República (Belém), Parque Farroupilha (Porto Alegre) e no estádio Serra Dourada (Goiânia).

Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 1999 e 2018 existiram 632.814 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Entre 2000 e 2017 foram registradas mais de 70 mil mortes devido às doenças, e 76% delas ligadas à hepatite C.

Renata Cruvinel, hepatologista da Clínica Gastro ABC, explica que existem três tipos principais de hepatite viral, que recebem esse nome pois são causadas por vírus. “Cada um possui diferentes sintomas, formas de transmissão e de tratamento”, explica.

Todos os tipos atacam o fígado, que tem a função de filtrar. “Tudo que ingerimos ou comemos passa pelo fígado. Ele faz uma metabolização, segurando as impurezas. Mas uma hora ele pode ficar sobrecarregado, com a emissão de alertas, em especial a variação de quantidade de enzimas hepáticas”, explica Renata. Além das hepatites, o consumo de álcool e alimentos gordurosos também afeta o órgão.

Principais tipos

A hepatite A possui transmissão via oral ou por contato com alimentos, objetos ou fezes contaminados. Seus principais sintomas são dor, desconforto abdominal, enjoo e icterícia, condição na qual a pele fica amarelada. Ela possui vacina de prevenção e o tratamento recomendado é apenas realizar repouso e evitar contato com pessoas.

A hepatite B também possui vacina, aplicada em três doses. Sua transmissão é por via sexual ou vertical (passagem da mãe para o feto durante a gravidez), e geralmente é assintomática, sendo identificada por exames que monitoram a quantidade de enzimas do fígado. A principal forma de prevenção é o uso da camisinha, mas a doença possui tratamento.

Por fim, o terceiro tipo principal é a hepatite C. A transmissão do vírus causador é por contato com sangue ou material contaminado, e também é assintomática. “É uma doença silenciosa. O vírus fica anos no organismo e quando se manifesta gera um quadro de cirrose, quando o fígado começa a reduzir sua atividade”, explica a médica.

Antigamente o tratamento era feito com aplicação de injeções semanais, mas os avanços na medicina deram origem a um novo medicamento, com ingestão oral durante três meses, que tem taxa de sucesso de mais de 95%. O tratamento é importante pois, sem ele, a doença pode levar ao câncer de fígado.

Renata destaca que é importante que quem recebeu transfusões de sangue, fez cirurgias ou tatuagens antes de 1996 realize o teste para hepatite C, pois foi apenas a partir desse ano que foram implementadas medidas de identificação do vírus para evitar transmissão de material contaminado.

Outras formas de prevenção envolvem não compartilhar materiais injetáveis, lâminas de barbear, alicates de unha ou escovas de dente.

A médica explica que o câncer de fígado pode ter origem no próprio órgão, algo mais comum em quem possui hepatite (em especial a C) ou cirrose, e é maligno. “Mas existem tratamentos, como quimioterapia ou uso de comprimidos. Dependendo do tamanho é necessário fazer transplante”, destaca ela.

Geralmente o câncer é assintomático no começo, com um nódulo pequeno, e é achado pelo exame de ultrassom. É importante, por isso, realizar acompanhamento médico e pedir exames para monitorar as taxas de enzimas do fígado e o ultrassom, em especial quando a pessoa possui cirrose ou teve hepatite, com acompanhamento semestral ou anual.

Renata observa que a campanha do Julho Amarelo é importante para detectar cedo uma possível hepatite C, evitando suas sequelas e usando um tratamento eficiente. “É importante ver os horários, lugares, hospitais, com a campanha e os exames de diagnóstico de hepatite C e encaminhamento para especialista”, afirma.

Os exames de identificação e vacinas também estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). “É importante ir no médico especialista e fazer exames para ver a saúde do fígado, pedir para inserir a medição de enzimas hepáticas”, alerta a médica.

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