Bolsonaro volta a lembrar apoio da Globo à Ditadura no Jornal Nacional
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O clima ficou tenso na entrevista do candidato do PSL à presidência no Jornal Nacional da Rede Globo, na noite desta terça-feira (28). Assim que chegou ao estúdio, o candidato liberal brincou dizendo que o local estava “parecendo uma plataforma de tiro”. Ainda nos minutos iniciais, ele bateu continência para os dois apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos.
Os primeiros questionamentos da dupla global foram sobre o fato de Bolsonaro estar há 30 anos na vida pública tendo uma atuação apagada no Congresso Nacional e de ter feito da política uma carreira para si e sua família. “Minha família é limpa. Sempre integrei o baixo clero da Câmara. Mantive minha linha (…) Elegi meus filhos. Ninguém é obrigado a votar nos meus filhos”, rebateu Bolsonaro.
O candidato do PSL também foi questionado sobre o fato de aceitar durante anos auxílio moradia mesmo tendo apartamento em Brasília. “Eu fui para um apartamento novo agora porque precisava. Tinha 70 metros quadrados, tinha despesas também”, argumentou. Ele também lembrou que o auxílio moradia não é ilegal e aproveitou para dizer que o seu apartamento na capital federal está à venda.
Ao ser lembrado sobre a sua incapacidade reconhecida de tratar de temas econômicos, Bolsonaro voltou a a louvar o seu guru, Paulo Guedes. A defesa de Guedes levou Bonner a perguntar se seria justo o eleitor votar em um candidato que poderia ficar refém de um subordinado. O capitão reformado então comparou a sua relação com o economista a um casamento. “É quase como um casamento. Estou namorando o Paulo Guedes há algum tempo e ele a mim também. Somos separados. Até o momento da separação não pensamos numa mulher reserva para isso. Se isso vier acontecer – por vontade dele ou minha – paciência. O que eu tenho de Paulo Guedes até o momento é fidelidade e compromisso enormes para com o futuro do Brasil. Acredito nas propostas que ele vai implementar. Se não implementar todas é porque temos um filtro chamado Câmara e Senado”, declarou.
Paridade de salários entre homens e mulheres gerou tensão
Bonner questionou Bolsonaro sobre sua fala de que os trabalhadores deveriam escolher entre ter mais empregos e menos direitos ou não ter emprego. O apresentador do JN pediu que o candidato especificasse quais direitos ele defendia que o trabalhador brasileiro abrisse mão. Bolsonaro deu respostas vagas e se limitou a dizer que a folha de pagamento teria que ser desonerada.
A jornalista Renata Vasconcellos lembrou de uma declaração de Bolsonaro em que ele afirma que mulheres deveriam ganhar menos e questionou o candidato do PSL sobre machismo. Bolsonaro rebateu insinuando que provavelmente ela teria um salário menor do que o seu companheiro de bancada.
“Seu salário de deputado, nós pagamos. O meu, na iniciativa privada, não sou obrigada a dizer. Mas o senhor saiba que não aceitaria receber menos que um homem na mesma função que eu”, declarou Renata Vasconcellos cujo nome rapidamente ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter.
“Policial que matar tem que ganhar medalha”
Outro momento de tensão ocorreu quando William Bonner fez uma pergunta sobre violência. O editor-chefe do Jornal Nacional fez questão de contextualizar que a maioria das pessoas que moram em favelas no Brasil são trabalhadoras e vivem sob o jugo do tráfico antes de questionar o candidato sobre suas propostas para o problema da violência.
O candidato liberal voltou a destilar a defender que a solução era armar ainda mais a polícia e providenciar alguma garantia jurídica para os policiais que matarem pessoas em confrontos nas ruas. “Se matar 10, 15 ou 20 ele (o policial) tem que ser condecorado e não processado”, disse o candidato. Bonner rebateu sobre os possíveis efeitos colaterais que essa postura de combate a violência poderia ter. Bolsonaro foi lacônico e afirmou que ou era isso ou então era “melhor não deixar a PM na rua”.
Homofobia e Ditadura
Renata Vasconcellos questionou Bolsonaro sobre um rosário e declarações homofóbicas do candidato e, apesar de ser sempre questionado sobre o tema, Bolsonaro deu sinais de irritação. Tentou mostrar uma cartilha que ensinava diversidade sexual para crianças e foi rechaçado por William Bonner por não respeitar as regras pré-estabelecidas antes da entrevista. Por fim, se limitou a dizer que suas declarações haviam sido dadas no ‘calor do momento’ e pediu desculpas aos ofendidos.
Já no fim da entrevista, Bolsonaro foi questionado por uma declaração de seu vice, o general da reserva Hamilton Mourão de que os militares poderiam “impor” uma solução para entraves políticos. Bolsonaro contemporizou e lembrou do golpe militar de 1964 —ao qual ele chama de revolução democrática. Ele foi corrigido por William Bonner que lembrou que o que ocorreu foi um golpe de estado. Bolsonaro então disse que preferia ficar com a opinião do fundador das Organizações Globo, Roberto Marinho que declarou apoio a Ditadura em editorial. Posteriormente, o próprio jornal publicou editorial em que afirma que o apoio ao golpe foi um erro e reafirmou compromisso com a democracia. Em seu tempo livre de fala Bolsonaro voltou a afirmar que o Brasil precisa de “um candidato com Deus no coração”.
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