Alunos do ensino básico mostram projetos complexos em reunião da SBPC
69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira
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69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira
Estudantes dos ensinos fundamental e médio que participaram da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) apresentaram no encontro projetos que surpreendem pela complexidade e criatividade. As iniciativas, que contam com o apoio das instituições de ensino, envolvem desde equipamento para atletas cegos até um mecanismo para produção energética sustentável.
A 69ª Reunião Anual da SBPC, que acontece em Belo Horizonte, teve início no último domingo e se encerra hoje (22). O evento científico, considerado o maior do hemisfério sul, e que a cada ano ocorre em um estado brasileiro diferente, têm como objetivo debater políticas públicas e difundir os avanços científicos nas diversas áreas do conhecimento.
De acordo com Edson Anício Duarte, professor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) sediado em Campinas (SP), os projetos científicos desenvolvidos antes mesmo do ingresso à universidade ajudam o aluno a pensar sobre seu futuro profissional. “São trabalhos complexos, onde eles amadurecem bastante e conseguem descobrir uma vocação e um interesse por determinada área de conhecimento”, avalia.
Treinamento autônomo
Duarte foi coorientador de duas alunas do 2º ano do ensino médio do IFSP que desenvolveram uma tecnologia para atletas cegos que disputam os 100 metros rasos. Nas provas dessa modalidade, o velocista com deficiência visual corre junto com um atleta-guia, que orienta a direção da corrida. Ambos são ligados por uma fita presa nos pulsos.
O equipamento desenvolvido pelas estudantes tem como objetivo viabilizar treinamentos autônomos, sem a presença do atleta-guia. Isso foi possível com um protótipo que emite feixes de luz indicando o trajeto e que possui um sensor. Quando o atleta cego sai do percurso, o equipamento faz soar um sinal sonoro para que ele saiba que precisa ajustar o rumo. A frequência do som emitido quando a feixe esquerdo é ultrapassado é diferente daquele que se ouve quando se avança sobre o feixe direito.
De acordo com a aluna Giovanna Cássia, a vantagem do equipamento é reduzir custos de treinamento, já que a contratação de atletas-guias muitas vezes envolvem valores altos. Mas o projeto ainda precisa ser desenvolvido. “Nós conseguimos fazê-lo funcionar numa distância de até 81 metros. Vamos aprimorar para chegar aos 100 metros da competição. Além disso, ainda não fizemos o teste com um atleta cego”, conta. Segundo ela, o protótipo também pode ser adaptado para outras modalidades, como tiro ao alvo, e área de segurança.
Outro projeto interessante exposto na 69ª Reunião Anual da SBPC foi apresentado por três alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, que desenvolveram uma pequena retroescavadeira utilizando conceitos de engenharia mecânica, engenharia eletrônica e programação. Também fizeram uso de material reaproveitável.
O “robozinho retroescavadeira”, como eles apelidaram, é controlado por meio de um aplicativo de celular. Há opções para acionar cada um dos eixos do equipamento. Os autores do projeto afirmam que melhorias ainda serão feitas, mas apostam que ele pode ter aplicações futuras. “As retroescavadeiras geralmente são montadas de forma hidráulica. Nós optamos por usar roscas, que podem ser uma alternativa para certas ocasiões”, disse o estudante Álvaro Vilela.
Ensino fundamental
Os projetos de estudantes mais novos também não ficam para trás em termos de complexidade. Um grupo de alunas do 9º ano do ensino fundamental da escola Educação Criativa, de Ipatinga (MG), apostou na produção de energia limpa através de biogás, proveniente da decomposição de matéria orgânica. Elas desenvolveram um biodigestor que usa fezes bovinas. O equipamento é capaz de processar o esterco e extrair o gás metano, que em seguida gera energia ao ser queimado.
As estudantes alegam que as condições climáticas e econômicas do Brasil são favoráveis para se investir nesse processo. “Grande parte da economia brasileira depende de recursos agropecuários”, disse a estudante Luiza Andrade.
A professora Viviane da Silva conta que a escola possui um sítio, inclusive com gado, onde as jovens puderam desenvolver seu projeto. Ela diz que o biodigestor surpreendeu a comunidade. “Já existe inclusive um produtor na região que manifestou interesse em ceder seu espaço para uma experiência mais ampla. Elas ainda estão trabalhando para aprimorar o equipamento”, relatou.
Um projeto sustentável que também evidencia a criatividade dos autores foi um bicicletário, construído por alunos do ensino fundamental da Escola Estadual João Rodrigues da Silva, de Prudente de Morais (MG). A matéria-prima utilizada foram cadeiras e mesas velhas empilhadas em um depósito da instituição.
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